Exageros e excesso de otimismo na análise do futebol nacional fazem os gestores não enxergarem aquilo que realmente deve ser feito dentro das instituições
Impressionante! Sensacional! Craque! Inesquecível!
O superlativismo que reina no futebol brasileiro tem me distanciado, cada vez mais, da dita "crônica esportiva" superficial, despreocupada com a abordagem crítica, mas preocupada em vender.
Tais exageros editoriais e de linguagem são, em grande medida, originados pelo excesso de otimismo pelo qual passa a gestão do futebol no país. Que, tal qual na política nacional, se esforça para não enxergar e agir sobre aquilo que realmente deve ser feito dentro das instituições e que possa gerar um legado positivo.
O que se tem gerado, no futebol brasileiro, mais especialmente falando dos clubes, é um grande legado de dívidas. Aliás, isso tem sido profissionalmente rolado de gestão em gestão.
E a opinião pública acaba por receber, da mídia esportiva, nuances enviesadas a respeito do que acontece no esporte, com o agravante de endossar condutas irresponsáveis na administração dos clubes.
Transmuta-se má gestão, temerária, em boas práticas quando nos deparamos com algumas reportagens como a que li neste domingo. No Jornal Zero Hora, a matéria, em tom de saga, intitulada de "A Era Vargas", ressalta as dificuldades e peripécias protagonizadas pelo Grêmio na contratação do chileno Vargas, do Napoli, por empréstimo.
Descreve como foram feitas reuniões em hotel/restaurante, entre o presidente, o treinador e o diretor de futebol do clube, para selar a missão em busca do jogador estrangeiro.
Que o diretor de futebol gremista foi ao Chile, em 23 de dezembro, para se encontrar com o jogador e seus empresários, trocando camisas de Grêmio e Napoli. Que o Grêmio convidou o empresário do chileno para a inauguração de sua moderna arena em dezembro.
E que o presidente gremista vaticina ao seu diretor: "Vá para a Europa e só volte ao fechar com o Vargas".
O diretor obedeceu e assim fez. Ficou dez semanas na Europa. Dez semanas no Velho Continente pra fechar por empréstimo com um jogador de futebol. Dez semanas são dois meses e meio. Quase um quarto de ano.
Vale a pena todo esse esforço e esse investimento do clube para contar com um jogador por curto período?
Por outro lado, ao ouvir o presidente do São Paulo, que estava na briga pelo jogador até bem pouco tempo atrás, percebe-se o grande leilão que houve na negociação, por parte dos italianos, que mudavam as condições do acordo a todo o momento. O São Paulo desistiu da briga. O Grêmio comemorou.
Em conversa com amigos, ouvi um deles falar algo de que não esqueci jamais: que não gostaria de ser o treinador que sucede Vanderlei Luxemburgo num clube. Perguntei por que?
Disse que ele monta supertimes, com investimento maciço em contratações e, com isso, consegue conquistar títulos algumas vezes. E quando sai, a ressaca da onda atinge quem chega. Nessa ânsia de ser "manager", os cofres do clube tem de ter fôlego pra sustentar os pedidos do treinador e os salários dos jogadores. Uma poderosa e perigosa receita inflacionária.
Dando certo ou errado esse tipo de gestão, com certeza, vai impressionar a todos e estimular as sensações e as palavras no superlativo!
E que os últimos apaguem a luz!!!!!!!!
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Benê Lima