Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

domingo, janeiro 10, 2010

Aspectos gerais do treinamento físico no futebol
Atletas devem desenvolver a resistência aeróbia, anaeróbia, resistência muscular localizada dos membros inferiores, flexibilidade, coordenação e descontração total e diferencial por meios diretos
Fernando Ianni

A preparação física a cada dia que passa ganha destaque cada vez maior dentro do planejamento das equipes e vem sendo alvo frequente da mídia esportiva. Pode-se dizer que uma equipe bem condicionada tem mais chances de vitória do que uma equipe com craques; ou seja, atletas medianos com bom preparo físico darão mais trabalho em campo do que jogadores habilidosos com mau condicionamento físico.

Basta olharmos a última edição do Campeonato Brasileiro da Série A e notar que times como Avaí, Barueri e Atlético-MG fizeram jus ao que estou dizendo.

A preparação física direciona a capacidade de treinamento do atleta, levando-o em direção à melhora da condição física, técnica, tática e psíquica. O treinamento físico provoca adaptações nos sistemas cardiovascular, hormonal, metabólico e vegetativo. Todas as adaptações são conseguidas à base de estímulos externos, como os exercícios de treinamento, que produzem um esforço interno por parte dos órgãos e dos sistemas. Todos esses sistemas obedecem a um planejamento com sua adequada metodologia. (FERNANDES, 1994).

O treinamento nas categorias de base (escolinhas, infantil, juvenil, júnior) deve ser planejado e aplicado com muito cuidado, pois um erro na carga de trabalho pode colocar em risco o futuro atleta, não de imediato, mas sim em longo prazo, com o aparecimento de lesões no joelho, tornozelo, tendões, ligamentos, etc. O treinamento deve ser realizado de acordo com a idade, posição em campo, aptidão física, psicológica, técnica.

Segundo Fernandes (1994), essa diferenciação ocorre em função das necessidades inerentes a cada faixa etária, devido ao estágio de desenvolvimento biológico, em que o ser humano passa por diversas fases de maturação.

Nas categorias de base, além do fator biológico e maturacional, o treinamento físico deve ser aplicado de acordo com a posição que o jogador atua em campo, pois ao chegar ao profissional, é necessário que este atleta tenha uma boa base de condicionamento especifico para sua posição.

Sendo assim, essa preparação física deve atender às necessidades que cada posição exige, como por exemplo, os laterais, que além da força rápida (explosiva), potência, que certas jogadas exigem, carece após um ataque que retorne ao campo de defesa o mais rápido possível, percorrendo para isso toda a extensão do campo.

Os jogadores do meio-campo necessitam de uma maior carga de treinamento, pelo fato de que os mesmos se deslocam constantemente em uma partida, sendo o elo entre o ataque e a defesa.

Esses atletas devem desenvolver as mesmas qualidades físicas de corredores de fundo e meio fundo que são: velocidade de deslocamento, coordenação, resistência aeróbica, anaeróbica e resistência muscular localizada dos membros superiores e inferiores, flexibilidade, descontração total e diferencial.

Outros jogadores, como zagueiros e atacantes, necessitam de uma ótima percepção do tempo de bola, para realizarem cabeceios, antecipações, e consequentemente para poderem se posicionar adequadamente. É necessário que eles desenvolvam a força explosiva dos membros inferiores com mais ênfase que os demais jogadores. Necessitam também de uma boa visão periférica para a realização de passes, e esta característica é fundamental em atacantes e meio-campistas, cuja função é de armar jogadas.

Os centroavantes devem possuir como características a velocidade de reação, de deslocamento, força explosiva dos membros inferiores, coordenação, resistência anaeróbica, flexibilidade, descontração total e diferencial.

Todos os jogadores devem desenvolver a resistência aeróbia, anaeróbia, resistência muscular localizada dos membros inferiores, flexibilidade, coordenação e descontração total e diferencial por meios diretos.

Um aspecto importante no treinamento, que geralmente cabe ao treinador realizar, é o trabalho da bilateralidade corporal, no qual se exige dos jogadores, independentemente da posição, que estimulem o uso das duas pernas para executar os fundamentos do futebol (passe, drible, chute, domínio de bola).

Obviamente que todo jogador possui um lado preferencial, mas é extremamente importante que os jogadores treinem o lado oposto. E esse treinamento bilateral deve ser feito desde as categorias de base do futebol (infantil, juvenil, júnior) (TUBINO, 1979; BARBANTI, 1997; GOMES, 2002).

Tendo conhecimento das características físicas que cada posição exige e a importância de trabalhá-las adequadamente, o primeiro passo para o início do treinamento físico é definir o planejamento a ser utilizado para se chegar aos objetivos. Este planejamento deve levar em consideração dois importantes requisitos: a avaliação especifica e a periodização a ser utilizada na temporada.

No aspecto prático, são consideradas as qualidades físicas que serão trabalhadas, tanto as de caráter geral (básicas), como as específicas para se jogar futebol. As qualidades físicas no futebol podem ser basicamente classificadas como: a resistência (aeróbia e anaeróbia), força, velocidade, flexibilidade, coordenação.

Essas qualidades podem ser de caráter orgânico, que abrange a resistência aeróbia; de caráter muscular, como a resistência anaeróbia e a força; e finalmente de caráter nervoso (SNC), como as formas de velocidade e coordenação.

O treinamento das qualidades físicas possui atenção especial durante a temporada de treinos e cada uma delas tem um curto predomínio em cada etapa da periodização, em função dos seus objetivos (FERNANDES, 1994).


*Prof. Fernando Ianni é graduado em Educação Física pela UNESP e bolsista de Iniciação Cientifica (PIBIC/CNPq) na área de Preparação Física para o Futebol e Nutrição Esportiva, além de coordenador técnico do Instituto Dingo’s Point Ball, em Tubarão/SC

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