Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

sábado, janeiro 02, 2010

Treino de resistência no futebol faz bem?
O excesso de treinamento dessa valência pode ocasionar problemas ao atleta
Rodrigo Saldanha da Silva

Todos nós – professores, treinadores, preparadores físicos, ou até mesmo interessados pelo assunto – sabemos que o treino de resistência é essencial para a prática esportiva, no caso aqui, o futebol. Não adianta nada termos um atleta forte, rápido, ágil, se ele não for resistente, ou seja, se ele não aguenta jogar uma partida inteira. E deixa nossa equipe na mão, sentindo a falta de determinada peça na equipe.

No futebol profissional, em que teoricamente todos os atletas se dedicam e buscam um resultado satisfatório, é mais “tranquilo” de lidar com essa situação, pois na reserva teremos um substituto com o mesmo nível físico. Mas, nas categorias de base, há equipes que contam somente com uns 11, 12, no máximo 13 jogadores disponíveis – aqueles que realmente podem ser aproveitados. Então, o cuidado deve ser extremamente grande com os atletas: não podemos nos dar o luxo de ficarmos sem determinado jogador por um excesso de treino, por exemplo.

Em se falando do termo “resistência”, pode-se citar que é a capacidade que o organismo possui para suportar a realização de um esforço durante determinado espaço de tempo. Quanto mais tempo o organismo suportar o esforço, maior será o nível de resistência.

O homem possui um diferencial significativo em relação aos animais: pode aumentar o tempo de resistência, utilizando-se do fator psíquico. Palavras como “superação”, “determinação”, “garra”, etc., caracterizam esse fato.

O treinamento da resistência aeróbia bem aplicado proporciona um aumento do desempenho físico; melhora da capacidade de recuperação; diminuição de lesões e contusões; aumento da tolerância psíquica; diminuição dos erros táticos decorrentes da fadiga; diminuição dos erros técnicos; manutenção do alto nível de velocidade de ação e reação; manutenção da saúde geral.

Uma das maneiras mais práticas de prescrever e monitorar o exercício aeróbio é pelo uso da frequência cardíaca (FC). Considerando que a FC é um indicativo de sobrecarga fisiológica, diretamente proporcional à intensidade do exercício, o uso desse recurso se torna extremamente valioso para o preparador físico.

Outro ponto importante a ser destacado é que os treinamentos físicos devem sempre buscar privilegiar as características da competição, ou seja, atividades intermitentes (constantes alterações na intensidade), acíclicas (grande variação de deslocamentos) para que, com isso, seja possível ao atleta maior adaptação ao treinamento tanto do ponto de vista cardiovascular, quanto muscular.

Para o efetivo desenvolvimento da mobilização de energia aeróbia poderão ser utilizadas as diferentes formas de jogos, corridas intervaladas com baixa intensidade, assim como a corrida contínua - mas o excesso de corrida contínua pode repercutir negativamente sobre o desenvolvimento das qualidades nobres dos futebolistas, velocidade e coordenação, assim como pode provocar aborrecimento e falta de motivação para o treinamento.

O excesso de treinamento de resistência pode causar também uma queda na imunidade do nosso organismo, deixando-o mais propício a gripes e resfriados, por exemplo.

Alguns estudos realizados indicam que o exercício moderado reduz o risco de infecção das vias aéreas superiores (IVAS), enquanto quantidades excessivas de exercício o aumentam. As evidências incluem: a incidência de IVAS entre corredores após uma maratona foi seis vezes maior do que entre os corredores não participantes; os corredores que treinaram mais de 96 km/semana apresentaram o dobro de risco de IVAS em relação aos que correram 32 km/semana.


Bibliografia

CARRAVETTA, ÉLIO. Modernização da Gestão no Futebol Brasileiro – Perspectivas para a qualificação do rendimento competitivo. Editora AGE. Porto Alegre, RS. 2006.

GUERRA, ISABELA e BARROS, TURÍBIO. Ciência do Futebol. Editora Manole. Barueri, SP. 2004.

AOKI, MARCELO. Fisiologia, Treinamento e Nutrição aplicados ao futebol. Editora Fontoura. Jundiaí, SP. 2002.

POWERS, SCOTT e HOWLEY, EDWARD. Fisiologia do Exercício – Teoria e Aplicação ao Condicionamento e ao Desempenho. 5º Edição. Editora Manole. Barueri, SP. 2005.

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