O ano de 2009 se encerra com um ar um tanto quanto emblemático para o esporte no Brasil. Se o mês de janeiro anunciava uma crise capaz de afetar de maneira significativa a indústria do esporte no Brasil, o decorrer do tempo mostrou uma guinada brutal nesse cenário.
Especialmente no dia 2 de outubro, quando o Rio de Janeiro foi anunciado como sede dos Jogos Olímpicos de 2016. A vitória do Rio, calcada num excelente projeto de marketing para fazer com que a cidade batesse Chicago, Madri e Tóquio na decisão do COI, colocou o esporte na prioridade dos investimentos das empresas.
E foi esse o fato que revolucionou toda a cara do esporte no Brasil ao longo do ano. Se a perspectiva inicial era de incerteza, agora o cenário é completamente oposto. O esporte se tornou uma espécie de "investimento obrigatório" para as empresas.
Tanto que, entre os melhores de 2009, destacam-se duas marcas que pela primeira vez decidiram usar o esporte como plataforma de comunicação. O energético TNT e a mineradora Vale foram os primeiros a enxergar 2016 como meta para o investimento e a comunicação com o público.
No futebol, que mais uma vez passa incólume à crise, o grande destaque é a fabricante de material esportivo Olympikus. Em sua entrada no mercado após a compra pela Vulcabras, a marca conseguiu o título do Campeonato Brasileiro com o Flamengo e, mais do que isso, alcançou o impressionante feito de vender mais de 1 milhão de camisas do clube em menos de seis meses de trabalho.
Veja abaixo a lista dos melhores do ano, escolhidos na já tradicional eleição feita pela equipe daMáquina do Esporte desde o ano de 2005, quando o site foi lançado. Um breve perfil dos projetos que ganharam destaque em 2009 você vê a seguir e também acompanhará na edição número 12 daRevista Máquina do Esporte, que será lançada em fevereiro.
Case Internacional: Brawn GP
De espólio da Honda GP no final de 2008 à escuderia campeã no ano de estreia na Fórmula 1 e, mais do que isso, futura equipe do heptacampeão Michael Schumacher, tendo a Mercedes como sócia. A trajetória do time criado por Ross Brawn em 2009 foi excepcional. Com base num projeto esportivo sólido, ao longo da temporada a Brawn GP se consolidou também no campo do marketing. Teve a Virgin como patrocinadora e, aos poucos, foi angariando outros apoiadores. No final, além do título de pilotos com Jenson Button e dos construtores, fechou acordo para vender parte das ações para a Mercedes. E, no apagar das luzes de 2009, numa tacada de mestre, contratou Michael Schumacher para ser o piloto principal do time em 2010.
Cases Nacionais
1 - Vitória do Rio de Janeiro para as Olimpíadas de 2016:
Desacreditada até a metade do ano, e criticada pelo investimento de mais de R$ 80 milhões apenas para concorrer como sede olímpica, a candidatura do Rio de Janeiro para sede dos Jogos Olímpicos de 2016 mostrou a importância do planejamento de marketing e, principalmente, da execução do plano. Numa apresentação impecável feita em Copenhague (Dinamarca), o Rio acabou escolhido pelo Comitê Olímpico Internacional como sede dos Jogos de 2016, o que muda a configuração do esporte no país para a próxima década.
2 - Olympikus e Flamengo:
Um clube há 17 anos sem conquistar um título brasileiro de um lado. Do outro, uma marca "estreante" no esporte mais popular do país. Da combinação, que passou a valer a partir do dia 1º de julho, resultou a conquista do Brasileirão pelo Flamengo e, mais do que isso, um recorde de vendas de camisas oficiais de um mesmo clube no Brasil. Mais do que a vitória rubro-negra em campo, destaque foi a marca de mais de 1,1 milhão de camisas vendidas pelo Flamengo e pela Vulcabras/Azaleia (dona da Olympikus) em pouco menos de meio ano de parceria. Estruturado no princípio básico dos 4 P's do marketing, o patrocínio ao Flamengo mostrou que vale os cerca de R$ 21 milhões gastos por ano pela fabricante. Em 2010, com a presença do Flamengo na Copa Santander Libertadores, a chance de sucesso é ainda maior.
3 - Itaipava na Fórmula 1:
O patrocínio de uma marca brasileira a uma equipe de Fórmula 1 foi uma das grandes jogadas do marketing esportivo do país em 2009. Com a concorrente Nova Schin patrocinando as transmissões da F1 na Globo, a cervejaria Petrópolis viu no patrocínio à equipe Brawn GP uma alternativa para se destacar no esporte. A aposta foi certeira. A empresa usou as marcas Itaipava (cerveja) e TNT (energético) para serem estampadas nos carros de Jenson Button e Rubens Barrichello apenas para o GP Brasil de Fórmula 1. A prova rendeu ao piloto inglês e à Brawn o título da temporada e, para a marca, um retorno de exposição avaliado em R$ 50 milhões.
4 - Patrocínio de oportunidade da Visa ao Corinthians:
Eleito o grande caso do marketing esportivo em 2008, a contratação de Ronaldo pelo Corinthians comprovou-se uma grande plataforma de comunicação neste 2009. E o exemplo que melhor personifica isso foi o patrocínio de oportunidade da Visa na camisa alvinegra no segundo jogo de Ronaldo pelo clube. O clássico contra o Palmeiras, dia 8 de março, entrou para a história com o gol marcado pelo atacante aos 47 minutos do segundo tempo. O gol empatou a partida, e a imagem correu o mundo por marcar mais uma "volta" de Ronaldo aos gramados após longo tempo inativo. No peito da camisa do Corinthians, a inscrição Go.Visa marcava o lançamento do novo posicionamento da marca no país. Melhor oportunidade, impossível.
5 - Centenário do Internacional:
O Inter começou o ano de seu centenário arrasador. Foi campeão gaúcho invicto e chegou à final da Copa do Brasil. Terminou a temporada, dentro de campo, como vice-campeão brasileiro também. Mesmo sem um título nacional expressivo, o clube gaúcho se destacou por ter, finalmente, mobilizado seu torcedor em torno de um centenário de um clube. O projeto "100 anos; 100 mil sócios" fez com que o torcedor colorado se envolvesse ainda mais com o Inter, que bateu o recorde de faturamento com o programa, alcançando mais de R$ 40 milhões ao ano. O desempenho rendeu, em novembro, o prêmio de Top de Marketing ao Internacional, dado pelo escritório gaúcho da Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil (ADVB-RS).
6 - Santos e o futebol feminino:
De eterna promessa de profissionalização a um presente mais promissor. Ancorado pelas contratações de Marta e Cristiane, o Santos puxou a fila do futebol feminino no Brasil. Contando com duas das três melhores jogadoras do mundo, o clube paulista foi campeão da primeira edição feminina da Copa Santander Libertadores e, mais do que isso, colocou a modalidade nas graças da torcida e da mídia. A TV Bandeirantes "abraçou" a modalidade e, em alguns jogos, obteve índices superiores aos da transmissão do Campeonato Brasileiro de futebol masculino. Além disso, com Marta em campo, as empresas se mobilizaram a patrocinar jogos e times que disputaram as competições de futebol feminino no ano.
7 - Projeto Brasil Vale Ouro:
Meses antes de o Rio ser escolhido como sede olímpica, a mineradora Vale anunciou a criação de um projeto para investir cerca de R$ 300 milhões no esporte até 2016. Tendo como motivo ações sociais em áreas de atuação da empresa, a Vale quer formar 15 centros de formação de atletas visando os Jogos Olímpicos de 2016. O projeto abrange seis estados, e está calcado em Lei de Incentivo com a Oscip. Com o plano, a Vale se tornou a primeira empresa a se beneficiar indiretamente da escolha do Rio como sede olímpica.
8 - Time de atletas da TNT:
No concorrido mercado de bebidas energéticas, dominado pela Red Bull, a brasileira TNT decidiu apostar no esporte para ganhar espaço entre os consumidores. Em novembro, a marca da cervejaria Petrópolis anunciou a formação de um "time" de atletas patrocinados. Batizado de Team TNT, o projeto terá investimento de R$ 1 milhão em 2010. Entre os expoentes do programa de patrocínio estão Cesar Cielo e Flávio Canto, além das gêmeas do nado sincronizado Bia e Branca Feres.
9 - Maria Sharapova no Brasil:
A construtora JHS apostou numa iniciativa diferente para promover um lançamento de empreendimento imobiliário na cidade de Porto Feliz (SP). A empresa contratou a tenista russa Maria Sharapova, ex-número 1 do mundo, para realizar um jogo de exibição contra a argentina Gisela Dulko dentro do empreendimento. O evento, fechado para 800 convidados, chamou a atenção da mídia em todo o país, aumentando a exposição do novo negócio da JHS.
10 - Patrocínios da CBF:
Pelo segundo ano consecutivo, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) consegue lugar de destaque entre os "Melhores do Ano". Se, em 2008, a CBF já havia alcançado patrocínios com cifras milionárias, agora o leque de investimentos se ampliou. Gillette, Grupo Pão de Açúcar e Volkswagen foram os três novos parceiros anunciados pela entidade máxima do futebol brasileiro. Em 2010, com a Copa do Mundo, a expectativa é de que a CBF bata o recorde de R$ 150 milhões de receita apenas com os patrocínios, valor nunca antes alcançado no futebol brasileiro.
Fonte: Máquina do Esporte
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Benê Lima