Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

terça-feira, janeiro 05, 2010

Nutrição na pré-temporada
Otimização da capacidade dos sistemas de cada atleta só é possível com o trabalho conjunto de várias disciplinas que têm o mesmo objetivo final
Fernanda Mendonça - Nutrifit

Com o atual calendário brasileiro de futebol, uma equipe pode disputar até 80 jogos durante o ano, com um período competitivo longo. O grande desafio dos clubes está no desenvolvimento e manutenção do estado ótimo de rendimento do grupo de atletas durante todo o ano.

A pré-temporada é a época de formação da base que dará sustentação física durante o ano. Esta fase é a que requer maior empenho e dedicação de todos os profissionais envolvidos com o futebol: atletas, comissão técnica e equipe de apoio.

Um dos objetivos da pré-temporada é o de otimizar o máximo possível a capacidade dos sistemas que serão utilizados durante toda a temporada. Isso só é possível com o trabalho conjunto de várias disciplinas que têm o mesmo objetivo final.

A nutrição na pré-temporada é de fundamental importância, e tem como um dos objetivos suprir as necessidades energéticas dos atletas, de forma equilibrada, durante o período dos treinos. Também é o melhor momento para fazer a avaliação nutricional dos atletas e conhecer os hábitos alimentares do grupo.

A nutricionista Tânia Delezu sugere que você divida este trabalho em três fases, para melhor alcançar esses objetivos.

Programa de nutrição na pré-temporada

Fase 1

A equipe interdisciplinar se reúne por várias semanas que antecedem a data de início da pré-temporada e nestas semanas são definidos e traçados os reais objetivos e as metodologias a serem aplicadas neste período.

Fase 2

Referente à nutrição, a primeira medida a ser tomada é realizar uma avaliação nutricional individual de cada atleta, para identificarmos quais os principais pontos a serem trabalhados no período, tendo como objetivo determinar o hábito alimentar dos atletas.

Nesta avaliação, vamos saber o que cada atleta gosta de comer, que tipo de alimento ingere com frequência, se tem alergias, intolerância, problemas gastrintestinais, histórico familiar, onde faz as refeições, o cálculo das calorias ingeridas, a distribuição dos micronutrientes e macronutrientes, se estava usando algum tipo de suplemento alimentar, etc.

Esta fase é interessante para o nutricionista explicar o motivo desta avaliação inicial para o atleta e os objetivos da nutrição na pré-temporada e no restante do ano. Os atletas podem aproveitar este momento para esclarecerem dúvidas referentes à nutrição e conhecer melhor o nutricionista.

Fase 3

Na pré-temporada, geralmente podemos controlar 100% das refeições dos jogadores, pois todas as refeições são realizadas num único local, com um cardápio balanceado já previamente estipulado pelo nutricionista. O local onde será realizada a pré-temporada se encarregará da execução do cardápio desde o desjejum, até o último lanche, à noite.

Se a pré-temporada for realizada em um hotel, o ideal é que o nutricionista chegue, pelo menos, um dia antes, para poder explicar como este cardápio deve ser executado e também para orientar aos funcionários que trabalham na cozinha os objetivos do trabalho, porque alguns atletas costumam solicitar alimentos que não constam no cardápio.

Este controle de praticamente 100% da qualidade e quantidade alimentar possibilita uma situação favorável ao desenvolvimento de diversas pesquisas na área de nutrição.

Algumas informações colhidas durante a pré-temporada serão utilizadas durante o ano inteiro, pois as características dos atletas não se alteram durante o ano, se o atleta gosta de determinado tipo de alimento, ele não deixará de gostar no mês de agosto, por exemplo. Porém, se sua alimentação é falha em verduras e frutas, cabe ao profissional da área de nutrição orientá-lo ao consumo, explicando a sua importância e sempre procurando mostrar as diferentes maneiras de preparações dos alimentos, para que isto facilite a ingestão destes.

No período de concentração, além da montagem dos cardápios, deverá ser ensinado aos atletas como estes deverão utilizar a folha de cardápio individual que, a partir do cardápio geral feito dia a dia, indica o que e quanto este deve ingerir de cada alimento, até o trabalho que se desenvolverá com as esposas e famílias durante o ano todo. Para aqueles atletas que chegam de fora e são solteiros, o ideal é que estes recebam uma “listinha” com algumas sugestões de bons restaurantes, variados e equilibrados, próximos ao clube ou do seu bairro. Também se pode sugerir aos atletas que façam suas refeições diárias no clube, se este tiver uma boa estrutura.

O cardápio previamente elaborado é baseado nas informações fornecidas na avaliação nutricional e nos dados médicos (incidências de infecções respiratórios dos últimos anos, distúrbios gastrintestinais etc.) e, principalmente, baseado nos dados fornecidos pelo preparador físico, quanto à duração, intensidade e carga de treinamento.

As refeições devem considerar cada detalhe, suprindo as necessidades energéticas dos atletas, tendo um cardápio comum para todos, enquanto as orientações quantitativas necessárias por refeição são individuais e devem ser acompanhadas diariamente, até que o atleta complete a reeducação nutricional sendo capaz de realizar uma alimentação equilibrada.

As recomendações para alimentação de um atleta devem ser seguidas desde a pré-temporada, até a última etapa da competição. Tudo que será manipulado deve ser cuidadosamente avaliado, ou seja, a cautela é para a alimentação que deve ser balanceada ou o mais próximo de balanceada e a suplementação utilizada que deve ser cautelosa.

Durante a pré-temporada, o nutricionista pode aproveitar para explicar aos atletas sobre a importância da recuperação pós-treino, individualmente e/ou para o grupo através de encontros e palestras.

A maioria das sessões de treinos diários antes do início da temporada não são tão intensas a ponto de depletar todos os estoques de carboidratos dos atletas. Entretanto, os atletas precisam conseguir lidar com dias sucessivos de treino a fim de melhorar sua condição física, além de desenvolver novas habilidades e permanecer saudável. Portanto, adotar uma estratégia de recuperação que se concentra na reposição de carboidratos e líquidos deve ser parte de um programa bem planejado durante a pré-temporada e o restante do ano.

Durante esse período de treino, os atletas poderão ter a chance de ingerir uma ampla gama de alimentos que oferecem as quantidades necessárias de carboidratos, e o nutricionista, a oportunidade de saber quais ou qual alimentos o grupo melhor se adaptou. Os atletas devem começar a repor seus estoques de carboidratos imediatamente após os treinos.

Finalmente, se os atletas começam uma sessão de treino mais leves que no dia anterior e não restringiram sua ingestão alimentar, podem estar desidratados. Portanto, o monitoramento do peso corporal antes e depois dos treinos nos fornece informações sobre o balanço energético e funciona como um guia grosseiro sobre o estado de hidratação do atleta.

Dessa forma, na pré-temporada, fazemos uma adaptação dos atletas aos suplementos que serão usados durante o ano todo.

Fonte: Pré-temporada – Um dos pilares para o sucesso em torneios de longa duração. Uma abordagem transdisciplinarLuiz Cesar Martins

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