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"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

quarta-feira, outubro 12, 2011

A importância dos clubes formadores para o futebol brasileiro

Diretrizes do processo de formação agregam valor aos atletas; mesmo que alguns não cheguem ao profissional, carregarão consigo a importância do trabalho coletivo e do respeito ao ambiente
Fabrício Souza da Silva*
Treinador Glauber Caldas com a Categoria Sub-11 do Centro Esportivo Ubaense

Inspirado pela troca de ideias em duas palestras conduzidas pelo professor e treinador de futebol Glauber Caldas, no Grupo de Estudos de Futebol da Universidade Federal de Viçosa, coordenado pelo Professor Próspero Brum Paoli, sob a organização do graduando em Educação Física, Leonardo Cherede, resolvi escrever sobre a importância dos clubes formadores para o futebol brasileiro.

Muitos falam de crise no futebol brasileiro, de empresários que dominam o mercado, de perda da identidade no futebol, que não existe mais show, que os jogadores não têm mais a mesma plasticidade como antigamente, que o físico supera a capacidade técnica e na contramão de todas estas insinuações, existem os clubes formadores de atletas para o futebol, que continuarão a garantir a hegemonia brasileira em um futuro que considero próximo.

Com os processos de urbanização e o acesso fácil a produtos eletrônicos, cada vez mais as crianças estão tendo menos espaço para expressar-se corporalmente, ficando confinadas a uma sala em frente a TV, vídeo game e computador. Esse processo leva a uma diminuição significativa de potenciais atletas de qualquer modalidade, pois há um déficit na formação de um Padrão Motor Geral (PMG), além da propensão em tornar crianças obesas e relutantes em relação à prática de atividade física. 

Não defendo a ideia de muitos que falam que o jogador brasileiro é formado nas ruas, mas, de fato, a vivência de jogos e brincadeiras que são realizadas na rua influencia na capacidade motora do sujeito.

Hoje, um dos maiores desafios para os grandes clubes é a captação de atletas para a base, pois além do problema que citei acima em relação ao PMG, os clubes, mesmo com a política de escolinhas e uma série de olheiros, não conseguem atingir o vasto território nacional. 

O clube formador deve suprir as necessidades de captação dos grandes clubes, mas para que isso seja realizado de forma efetiva, devem-se seguir diretrizes essenciais preconizadas pelo projeto de formação do clube, respeitando as faixas etárias e o período maturacional dos atletas. 

Para que as diretrizes sejam seguidas, são necessários profissionais que tenham profundo conhecimento em trabalhar com futebol de base, enfatizando o trabalho técnico, aliando a parte física, tática e psicológica à formação de um cidadão consciente. Segue abaixo um diagrama de como pode ocorrer este processo de captação.



 

O Centro Esportivo Ubaense é um clube formador, do qual tenho orgulho de estar na equipe técnica, junto com excelentes profissionais que vivenciam todos os dias a evolução dos garotos que lá treinam com dedicação. Às vezes me assusto com a evolução dos atletas, tanto em relação aos aspectos coordenativos, na técnica específica, na maturidade dentro e fora de campo e na noção posicional do espaço de jogo. 

De fato, as diretrizes do processo de formação agregam valor aos atletas e mesmo que alguns não cheguem a virar profissionais no futebol, carregarão consigo a importância do trabalho coletivo, o respeito ao ambiente em que se vive e a capacidade de sempre ir atrás dos objetivos traçados para suas vidas.

Faço minhas as palavras do professor e técnico 
Diogo Giacomini em uma entrevista à Universidade do Futebol, em que ele relata que existe, sim, uma mudança lenta, porém profunda no futebol brasileiro. O trabalho de base, através de profissionais que têm uma formação consistente e conceitos bem definidos, conseguirá em médio prazo formar atletas mais participativos, autônomos e inteligentes e, em minha opinião, cabe aos clubes formadores serem o pontapé inicial de todo este processo.

*Graduando do 8° Período em Educação Física da Universidade Federal de Viçosa; Bolsista IC FAPEMIG, Secretário Geral da Revista Brasileira de Futebol, Supervisor Técnico do Centro Esportivo Ubaense e Secretário Geral da Especialização em Futebol – UFV

Tags: Formação de atletas, clubes, Setor Técnico, talento, futebol brasileiro

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Benê Lima