Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

quarta-feira, outubro 26, 2011

Na dúvida, pergunte ao roupeiro

Ironicamente, talvez este seja um bom caminho para a não repetição de erros do passado num time de futebol

Geraldo Campestrini

Gentil Passos, roupeiro do Inter (2º da esq. para dir.)

Estava querendo evitar tocar mais uma vez neste assunto, que é a da demissão e contratação de treinadores sem critérios nos clubes do futebol brasileiro. Contudo, um fato ocorrido nesta semana causou consternação de boa parte da opinião pública, que foi a recontratação de Emerson Leão, seis ou sete anos depois, pelo São Paulo.

Embora os resultados de Leão tenham sido razoavelmente bons dentro de campo, somando um título estadual e uma classificação para a Libertadores no ano anterior, é de conhecimento geral que o mesmo deixou o clube de maneira tumultuada em apenas seis ou sete meses de trabalho, causando mal estar entre jogadores e dirigentes.

O impressionante disso tudo é a insistência no erro e a baixa adesão dos clubes a ciclos de aprendizagem, fruto do amadorismo, que imaginávamos, já não pertencia mais ao clube do Morumbi. A lógica passa por avaliar constantemente o que ocorreu no passado dentro da própria instituição, analisar o comportamento das pessoas (que se pretende contratar) em outras empresas e a evolução e a busca de novos conhecimentos deste.

Já que profissionalizar e manter um registro ativo e contínuo do perfil dos recursos humanos em um banco de dados é tão difícil, que façamos aquilo que o nosso título de hoje sugere: “na dúvida, pergunte ao roupeiro”.

Apesar do seu conhecimento puramente empírico, o roupeiro é um profissional que, em linhas gerais, costuma ficar bastante tempo dentro dos clubes e, por conta disto, deve registrar e acompanhar tudo que acontece, do vestiário ao campo de treinamento, podendo fazer um relato completo do comportamento de cada cidadão que lá esteve.

Óbvio que esta é uma solução esdrúxula. Mesmo assim, me parece mais factível do que a repetição insana e sistemática de erros praticada pelos nossos dirigentes, em que prevalece o método pautado na tentativa-erro.

Por fim, é bom que se diga: resultados esportivos pontuais não refletem organização, planejamento e gestão – ocorrem, em grande parte das vezes, pela incapacidade dos adversários em detrimento da competência momentânea do grupo de jogadores. Mas quando os resultados surgem de maneira duradoura e linear, tenham certeza de que tais premissas tendem a ser verdadeira.

Portanto, pelo referido método tentativa-erro, estamos diante de uma loteria e, como em qualquer jogo de azar, a sorte pode vir por um turbilhão de moedas ao mexer a manivela da máquina caça níquel (ou pela perda total de suas apostas).

Sabidamente, o futebol não é um jogo de azar.

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Benê Lima