César CavinatoTreinadores e atletas reconhecem ser importante saber as condições específicas do local de jogo; Minas sofre
Chegando a reta final do Campeonato Brasileiro, percebe-se certa superioridade das equipes cariocas sobre os times de outras regiões. Os quatro cariocas (Vasco, Botafogo, Flamengo e Fluminense) encontram-se entre as seis primeiras posições (isso corresponde a 66%), enquanto apenas duas equipes de São Paulo figuram entre os primeiros colocados (33,33%) e as equipes de Minas Gerais passam por dificuldades para não serem rebaixadas.
Mas se por um lado as equipes cariocas e mineiras encontram-se em situações completamente diferentes no campeonato, por outro elas apresentam um ponto em comum: a reforma de seus principais estádios.
Com a falta de jogos no Maracanã, os representantes do Rio de Janeiro passaram a mandar seus principais jogos no Engenhão, enquanto Cruzeiro, Atlético e América se voltaram a estádios mais afastados – geralmente na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas. Assim, enquanto os jogos dos cariocas ainda são realizados com grande média de público, os mineiros jogam não apenas com menor capacidade de público, mas também com pior qualidade de gramado e piores condições de jogo.
Alguns dirão que a diferença entre cariocas e mineiros ocorre apenas pelo futebol apresentado e que a falta de estádio não teria a menor importância. Outros podem dizer que o problema dos mineiros seria dos próprios times, das administrações dos clubes, dos jogadores, ou até de outros fatores associados.
Vale lembrar que muitos estudos demonstram diferenças de desempenho em equipes que jogam em casa ou que jogam fora. Entre os fatores que se mostram mais importantes para interferirem no resultado, encontram-se: a qualidade das equipes, a torcida, o privilégio arbitral e a familiaridade com o campo de jogo.
Técnicos e atletas reconhecem ser importante saber as condições específicas do local de jogo como vento, posição do sol, referências visuais e familiarização com as irregularidades do campo, pois ao conhecer estas particularidades, a equipe pode ter benefícios e se preparar melhor para disputar um jogo dentro de um ambiente familiar.
É possível que ao mandar seus jogos na Arena do Jacaré, embora a apenas uma hora de Belo Horizonte (80 km), as equipes mineiras, bem como seus torcedores, não se sintam em casa, pois mesmo estando sob administração do Governo do Estado de Minas Gerais, histórica e culturalmente ele é considerado casa do Democrata FC. Com isso, fatores que têm sido documentados na literatura como favoráveis para o desempenho em casa acabam sendo minimizados e podem explicar, em parte, o mau rendimento apresentado pelas equipes mineiras.
Outro aspecto é que como existem três equipes mandando seus jogos em Sete Lagoas, se torna inviável que as equipes treinem neste local. Até porque a logística para os clubes seria completamente diferente e o desgaste do gramado poderia piorar ainda mais as condições de jogo.
E quanto aos cariocas? Por que a falta do Maracanã não atrapalhou tanto? Provavelmente porque Vasco e Botafogo que mandavam seus jogos em São Januário e no Engenhão, respectivamente, já estavam habituados a jogarem sem o Maracanã. Além disso, como Flamengo e Fluminense já estavam mais habituados com o Engenhão, o efeito comportamental da torcida e dos jogadores pode não ser tão prejudicado, já que por ser mais recente, mesmo estando sob a administração do Botafogo, em parte, todos podem se sentir “em casa”.
Com a Copa do Mundo cada vez mais perto, resta saber se o efeito das reformas e construções de estádios afetará mais equipes em todo o território nacional. Meu conselho é que dirigentes, treinadores e atletas observem esse fenômeno, pois se ele se reproduzir, talvez a fase de preparação das equipes deva começar a ser repensada até que tudo se normalize.
Tags: Setor Técnico, campeonato brasileiro, cruzeiro, atlético mineiro, planejamento estratégico, arbitragem, Grama alta, caracterização do jogo
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Sinopse
"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."
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sexta-feira, outubro 07, 2011
A geografia do Campeonato Brasileiro
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Benê Lima