Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

sexta-feira, outubro 07, 2011

Guilherme Figueiredo, diretor e sócio da Futebol Tour

Executivo fala sobre a promoção de serviços de recepção a turistas e aos torcedores ligados ao esporte
Bruno Camarão

A base acadêmica provavelmente garantiria uma carreira de sucesso com trajes brancos e o tratamento bucal de clientes. Mas a relação afetiva com o ambiente esportivo, aliada à percepção de uma oportunidade de negócios no campo do futebol, fez com que Guilherme Figueiredo modificasse o trilho natural de sua trajetória. O dentista, então, firmou-se como executivo no ramo do turismo.

Graduado e mestre em Odontologia pela Universidade de São Paulo (USP), ele teve a experiência de administração esportiva na Associação Atlética Acadêmica XXV de Janeiro. A organização traçava o plano de atividades físicas na sua faculdade. Lá, conheceu Luis Fernando Dias, a quem apresentaria uma proposta. Da aceitação à parceria como sócios na Futebol Tour, muito pouco tempo.

“Em 2008, fiz um curso do Sebrae, o Empretec, e nele você é convidado a ganhar dinheiro com alguma coisa que nunca fez durante uma semana. Como conhecia muito bem o Palestra Itália e o Palmeiras jogava naqueles dias, resolvi levar 12 pessoas para assistir ao jogo e cobrar pelo serviço. Não deu certo, pois os ingressos tinham esgotado, e acabei indo vender bijuterias da minha irmã. Mas a ideia ficou na cabeça”, contou Figueiredo, nesta entrevista à Universidade do Futebol.

Com a mente alimentada, ele passou a analisar com atenção o mercado do turismo nesta área. Viu que em Buenos Aires havia umas quatro ou cinco empresas delineando ações do tipo. Então, colocou no papel a proposta e apresentou para o amigo dentista, que fez pós-graduação em gestão de projetos e se especializou nessa área

“Ele se entusiasmou, também, e demos o pontapé inicial no jogo Palmeiras x Ponte Preta em 2008, com 30 amigos para teste da fórmula do serviço na final do Campeonato Paulista daquele ano. Costumo brincar que o Palmeiras nasceu campeão, e a Futebol Tour, também (risos)”, rememorou.

A Futebol Tour surgiu com a intenção de promover serviços de recepção a turistas ligados ao futebol. Hoje, com a qualificação de Figueiredo, que acumula um curso máster de gestão do esporte na Federação Paulista de Futebol (FPF), as iniciativas são mais amplas e atendem desde grupos de estrangeiros que desembarcam na capital paulista para um momento específico, em que o jogo é indiferente, até apaixonados que se mobilizam de grandes distâncias para percorrer a América Latina e viver um momento histórico.

“Na final da Libertadores, por exemplo, o primeiro lote foi negociado apenas para santistas fora do estado – e aí tínhamos procura desde Manaus até Campo Grande. E muitas famílias, com crianças, idosos. Gente que não costuma frequentar o estádio com periodicidade”, revelou.

Para o dentista-executivo, ir para o estádio de futebol deve ser mais do que propriamente uma partida, e sim um evento no qual o consumidor encontrará um tratamento agradável e participará de uma atmosfera de entretenimento. Com as reformas dos estádios nacionais e a construção de arenas para atender às exigências da Copa 2014, especialmente, todos tenderão a ganhar.

Universidade do Futebol – Qual é a sua formação acadêmica e como ocorreu seu ingresso no futebol?

Guilherme Figueiredo - Me formei em odontologia na USP e o mais próximo do futebol foi ter sido presidente da Atlética de minha faculdade. Sempre fui muito fã de esportes, em geral, e cheguei a fazer especialização na área dentária.

Em 2008, fiz um curso do Sebrae, o Empretec, e nele você é convidado a ganhar dinheiro com alguma coisa que nunca fez durante uma semana. Como conhecia muito bem o Palestra Itália e o Palmeiras jogava naqueles dias, resolvi levar 12 pessoas para assistir ao jogo e cobrar pelo serviço. Não deu certo, pois os ingressos tinham esgotado, e acabei indo vender bijuterias da minha irmã. Mas a ideia ficou na cabeça.

Analisei o mercado do turismo nesta área, fazendo plano de negócios, o que tinha parecido – em Buenos Aires umas quatro ou cinco empresas fazem algo do tipo.

Escrevi um planejamento, apresentei para outro dentista amigo meu, ele se entusiasmou, também, e demos o pontapé inicial no jogo Palmeiras x Ponte Preta em 2008, com 30 amigos para teste da fórmula do serviço na final do Campeonato Paulista daquele ano.

Costumo brincar que o Palmeiras nasceu campeão, e a Futebol Tour, também (risos).

Universidade do Futebol –
 A Futebol Tour surgiu como um serviço de recepção de turistas, mas cresceu para fazer visitas guiadas a estádios e até para uma agência de turismo ligada ao futebol. Como se delineou o projeto?

Guilherme Figueiredo - Com a proximidade com os clubes, surgiram duas demandas: torcedores dos times paulistas que queriam vir a São Paulo para assistir a um jogo específico, de grande relevância, e torcedores que queriam acompanhar a duelos fora de casa, mas encontravam uma série de dificuldades, como insegurança, falta de ingressos, etc.

Já tínhamos todas as credenciais para sermos uma agência de viagens, legalmente, e começamos com pacotes além do turista que só pegávamos nos hotéis. Hoje, temos este receptivo, os torcedores de fora de São Paulo que vêm para assistir a um dos quatro grandes do estado, e torcedores dos quatro grandes que vão assistir em outras localidades, na América do Sul e agora no Japão.

Atualmente, somos a agência oficial de Palmeiras e Santos, mas trabalhamos com todos os outros. Antes disso, atuávamos com alguns eventos esportivos, fruto de nossa experiência na atlética – o Palestra Tour, o Dia do Torcedor, e outros eventos corporativos.


O "Dia do Torcedor", realizado também no Coritiba, é um dos outros braços de atuação da Futebol Tour, agência especializada no turismo de futebol

 

Universidade do Futebol – Um dos desdobramentos da Futebol Tour é uma agência de viagens especializada em futebol. Entretanto, Corinthians e São Paulo também têm iniciativas nessa área. Não existe um conflito nesse sentido?

Guilherme Figueiredo - Na maior parte das vezes, somos parceiros dessas agências. Não há um problema tão grave, até porque não se pode impedir esse tipo de trabalho. O que não usamos são os clubes como forma de divulgação. Mas, sim, a partida de futebol, em si. E isso vale para qualquer tipo de empresa. 

Universidade do Futebol – E em um jogo de grande repercussão, como a final da Copa Libertadores da America contra o Peñarol, do Uruguai: o processo de aquisição de ingressos e o atendimento da demanda de turistas interessados é realizado de que modo?

Guilherme Figueiredo - Compramos os ingressos normalmente, pagando o valor “cheio” do bilhete, como se fôssemos um associado, e a demanda é definida na estimativa – neste jogo contra o Peñarol, por exemplo, acabamos errando um pouco para baixo.

Pedimos 250 pacotes, mas se tivéssemos requerido 850 – algo que o clube dificilmente teria liberado – conseguiríamos público para atender. Mas como o valor da entrada era muito acima e estávamos bem envolvidos na ação do Uruguai (jogo de ida, em Montevidéu), consideramos um patamar interessante.

Recentemente, numa quarta-feira à noite, levamos 100 pessoas para assistir a São Paulo e Corinthians. Mas o adversário, no caso, pouco importava: a procura seria a mesma, pois os turistas estavam interessados em “um jogo de futebol qualquer”.


Translado, serviço de bordo, ingresso, kit torcedor, guia qualificado e desembarque especial: esses são os benefícios dos torcedores que compram o pacote para um jogo

 

Universidade do Futebol – Você consegue detectar o perfil do público que te procura nessas ocasiões específicas, ou varia muito de jogo a jogo?

Guilherme Figueiredo - Para os grupos de estrangeiros que vêm para São Paulo em um momento específico, o jogo realmente é indiferente. Já torcedores de fora que vêm pra capital, aí as finais são muito mais chamativas.

Na final da Libertadores, por exemplo, o primeiro lote foi negociado apenas para santistas fora do estado – e aí tínhamos procura desde Manaus até Campo Grande. E muitas famílias, com crianças, idosos. Gente que não costuma frequentar o estádio com periodicidade.

Eles têm certos receios, dúvidas, curiosidades. São aqueles fãs que curtem muito futebol, compram pacotes de PPV de transmissão dos campeonatos, mas têm medo de ir ao estádio.

Universidade do Futebol – O Santos fará nova edição do Boteco da Vila, bar temático que já serviu de plataforma para apresentar a Santos FC Tour, agência de viagens oficial do clube, agora voltada para a ida à Ásia. Como ocorre a operação nessa parceria?

Guilherme Figueiredo - O Boteco da Vila surgiu na Libertadores deste ano. A primeira partida do Santos foi na Venezuela – uma viagem longa, caríssima, numa quarta-feira à noite, primeira fase, e era quase uma mágica vender pacotes.

Por conta disso, resolvemos juntar o bar temático para os torcedores se reunirem e assistirem ao jogo e lançar a agência oficial para as partidas seguintes. E foi um sucesso, especialmente na competição. Todos os jogos estavam com bom público e na final chegamos a atingir quase 450 pessoas no bar.

Na partida contra o Fluminense, no sábado (1/10), pelo Campeonato Brasileiro, vamos repetir essa edição e aproveitaremos para passar informações sobre a viagem para o Japão e a compra de pacotes para o Mundial de Clubes.

Todos os compradores têm direito de entrar gratuitamente no Boteco da Vila. Àqueles que querem conhecer o ambiente e assistir ao jogo, naquela data, é cobrado um valor específico – que varia de 30 a 40 reais.


Em uma das edições do Boteco da Vila, torcedores puderam participar de bate-papo com ídolos do clube alvinegro, como Edu (foto)

 

Universidade do Futebol – Como se delineou a parceria com a G8 Sports para criação da revista “Match Day”?

Guilherme Figueiredo - Iniciamos esse processo conjuntamente. Em 2009, a operação ocorreu com o conteúdo por parte deles, e a distribuição a partir de nossa equipe. Como a policia vetou essa entrega de revistas, por conta de uma resolução em São Paulo, não acreditamos nesse projeto apenas fora do estádio.

A intenção era oferecer um produto informativo diferente, com qualidade, para que um público específico usufruísse do mesmo em um período ocioso, antes do jogo ou no intervalo. Acreditávamos muito na proposta, mas se trata de uma legislação que corre desde 1985.

A chance de queimarem a Match Day, por exemplo, nos setores Vips do Corinthians e do Palmeiras, mesmo na arquibancada verde do Pacaembu, ou no sócio-torcedor azul do São Paulo, no Morumbi, é zero. O perfil é outro e a chance de problema é reduzidíssima – certamente a policia de SP, que é a melhor em ações de estádio no país, reagiria de imediato e controlaria a situação.

Universidade do Futebol – A realidade brasileira, em que a construção de arenas está atrasada, e a Copa do Mundo está cada vez mais perto, permitirá criar uma mudança cultural nesse tratamento do público esportivo até 2014?

Guilherme Figueiredo - Hoje ainda encontramos diversas deficiências. Desde a forma de venda de ingressos, em que não se pode escolher o local onde sentar (salvo raríssimas exceções), passando pela alimentação, que só é o suficiente para “matar a fome” do torcedor – alguns restaurantes dos camarotes do Morumbi se encontram em outro patamar, mais próximo de uma realidade de Copa do Mundo.

O evento irá melhorar de maneira ímpar essa situação. Hoje, na Arena da Baixada, por exemplo, é possível agendar um jantar com um amigo antes do jogo. Tanto que a média de público do Atlético-PR é estável – sócios mais visitantes esporádicos que vão à praça esportiva para se divertir. O jogo passa a ser um detalhe, mentalidade mais próxima dos dias de evento nas ligas dos Estados Unidos.

O mesmo valerá para a Arena Palestra Itália e para o Morumbi, com as reformas. Hoje, a torcida tricolor vai ao estádio, sim, e impressiona o fato de que setores de numeradas, cativas e sócios-torcedores muitas vezes se apresentam com público superior do que as arquibancadas para torcidas organizadas.

O problema essencial é a comodidade. E quando você passa a oferecer serviços mais qualificados, a tendência é que a presença se torne maior e mais efetiva. Na esteira disso, o pefil do público também vai se moldando.




Universidade do Futebol –
 Os estádios brasileiros possuem uma capacidade boa de público, mas enfrentam ociosidade e não têm uma taxa de ocupação próxima da totalidade. Como mudar esse cenário?

Guilherme Figueiredo - Isso só ocorrerá com o tempo. Pois passa pela questão de resultados. Como o Campeonato Brasileiro é muito equilibrado, muitas torcidas estão acostumadas a “comemorar”, em se considerando também os Estaduais. Na Premier League, por exemplo, nem West Ham, nem Birmingham, vão brigar pelo titulo. Nunca. E eles levam sempre 30 mil pessoas ao estádio.

O time visitante, naqueles casos, é um chamariz muito maior. Isso se repete um pouco aqui, com Ronaldinho Gaúcho, Neymar, e foi com o Ronaldo até pouco. Mas ainda se o time não vai bem numa competição, a tendência é que a presença de torcedores diminua. O Bahia é uma exceção: não disputará o título da Série A, mas atrai muita gente ao seu estádio, muito por conta do longo período que passou fora da elite nacional.

Ir para o estádio de futebol deve ser mais do que propriamente uma partida. Até porque, na cidade, a pessoa irá encontrar um tratamento mais agradável em diversas outras áreas de entretenimento. Se os estádios de futebol se tornarem centros efetivos neste sentido, com shopping, praça de alimentação, etc., certamente carregarão mais gente para dentro.

Basta ver o exemplo do antigo Palestra Itália e do Shopping Bourboun, localizado ao lado: em dia de jogo, os corredores e especialmente a área de restaurantes eram tomados por torcedores com a camisa do Palmeiras. Em breve, eles poderão agregar esse ambiente de hospitalidade no palco do jogo do time do coração.

Universidade do Futebol – Atletas que alavancam a audiência e são atrativos, como o caso do Neymar, rendem diretamente maior procura de pacotes?

Guilherme Figueiredo - Em números, não teria como falar, pois é muito difícil. Mas a percepção é nítida, especialmente por conta do conhecimento por parte dos estrangeiros. Levamos um grupo de estudantes norte-americanos para assistir ao jogo entre São Paulo e Corinthians. Nenhum deles conhecia algo da história desses clubes.

A referência era: “Corinthians, o time do Ronaldo?”. A importância do Corinthians no contexto do futebol brasileiro não é compreendida por eles de início, mas também cabe a nós esse tipo de apresentação.

Nosso objetivo é fazer com que os estrangeiros saiam do estádio torcendo para o time anfitrião em questão. Neste caso da visita ao Morumbi, todos foram levados à lojinha, compraram um boné, uma camisa, entenderam quem é Rogério Ceni, quantas foram as conquistas, etc. E esse processo continuado, com o acesso facilitado à internet e às informações, faz com que aquele "gringo" mantenha essa relação afetiva para sempre.

Com o tempo e com um trabalho mais intensivo, o potencial gigante de crescimento pode ser atingido – basta ver o caso do Barcelona no mercado asiático.

O profissional japonês que irá coordenar toda a logística da ida do Santos ao país nos falou sobre a representatividade do Barça para o povo de lá. Mas o Neymar também está sendo “apresentado”.

O Luís Álvaro, presidente do Santos, em uma entrevista recente, disse que se o Neymar ficar no Brasil até a Copa de 2014, o clube passará a ter a terceira maior torcida do país. E é uma projeção que não é impossível de ocorrer, pois ele pode “roubar” fãs de outras equipes ou fixar uma pessoa que nunca acompanhou futebol. O Pelé fez isso na época dele.

O paradigma final seria o Neymar se tornar o melhor jogador do mundo em uma temporada atuando por aqui.


Presidente do Santos projeta majoração da torcida santista caso Neymar permaneça no país até 2014; no Japão, para o Mundial de Clubes, ele está garantido. E Futebol Tour já vende os pacotes para essa viagem

 

Universidade do Futebol – Com a Ponte Preta, há o Majestour. No Palmeiras, havia o Palestra Tour. Como se dá a coordenação da visita e a integração de sua equipe com os funcionários dos clubes, bem como a orientação e a qualificação daqueles profissionais assistentes?

Guilherme Figueiredo - Em termos gerais, sentimos algumas dificuldades. Ouvimos muitas vezes de pessoas dentro do Palmeiras: “quem é que vai querer visitar o estádio, ou conhecer o vestiário?”. Havia a percepção de que não era um atrativo, e as visitas, até então, eram comandadas por alguns seguranças do clube, que conduziam os turistas às piscinas, à bocha, às quadras de tênis, etc.

Mas o torcedor do Palmeiras queria ver, mesmo, o vestiário, o campo, ou seja, um modelo para apresentar a história a partir do futebol. Criamos um roteiro de visitas exaltando as conquistas. Quem saía de lá tinha a certeza de que o Palmeiras era o melhor clube do Brasil. O mesmo que é feito no Boca Juniors, em uma comparativo.

Encontramos algumas dificuldades de levar jogadores para realizar algumas ações de marketing, como ocorre com mais naturalidade em outros esportes de outros países, como as franquias de basquete da NBA. Imagine o Marcos coordenando uma visita à sala de troféus do Palmeiras e depois entrando em campo com um grupo de turistas?

A implantação de ideias emperra em alguns obstáculos, mas no geral há uma integração muito boa com os departamentos de marketing.

Na Ponte Preta, tínhamos a intenção de o torcedor bater um pênalti em um dos gols na visita e ganhar um prêmio se marcasse o gol. Mas não acabou sendo liberado.



Fãs da Ponte visitam o estádio Moisés Lucarelli, em Campinas: ação "no campo", entretanto, acabou vetada

 

Universidade do Futebol – Qual é a projeção que você faz sobre o futuro do mercado do turismo de futebol no Brasil e por que essa esfera ainda é tão incipiente, em se considerando que a modalidade está enraizada em nossa cultura e algumas cidades são efetivamente turísticas?

Guilherme Figueiredo - São dois pontos. Para o receptivo, depende muito da característica do turismo de cada cidade. São Paulo tem muito turismo de lazer, mas a imensa maioria das viagens é de eventos corporativos. Em três dias, com a agenda completamente cheia, é muito difícil um executivo arranjar uma brecha para ir a um jogo de futebol.

Já no Rio de Janeiro, por exemplo, o lazer faz parte e está intrínseco, e por isso todos têm obrigação de pelo menos dar uma passada no Maracanã.

Para jogos fora de casa, a grande dificuldade é o timing – o do turismo e o do futebol são completamente diferentes.

Se o Santos se classifica para a semifinal da Libertadores na quinta à noite, vai jogar a final na quarta-feira seguinte. Montar em três dias úteis a logística de viagem, com aéreo, hospedagem e receptivo é uma dificuldade tremenda. Tanto que a viagem para o Japão é a mais simples, visto que tivemos dois meses para planejar e mais quatro meses para vender.

Comprar uma passagem com seis meses de antecedência é um valor. Comprar com três dias, é outro.

Por isso que pensamos em ações como o Boteco da Vila e o Dia do Torcedor, que nasceu de uma vontade do apaixonado por futebol de estar dentro do campo e se sentir de fato um atleta. E tínhamos a forma de controlar o acesso a vestiários e campo.

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Benê Lima