Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

quinta-feira, outubro 13, 2011

Futebol: o papel importante das categorias de base

Treinos nesse período deverão ser sempre de forma que o atleta tenha condições de desenvolver todos os aspectos de suas capacidades motoras e cognitivas, físicas, mentais e emocionais
Nivan Gomes*

 

O trabalho de formação de um atleta de alto rendimento começa muito cedo, desde quando ele é encaminhado por uma das tantas escolinhas de futebol que existem pelo país, ou quando chega ao clube por indicação de olheiros que estão muito atentos a qualquer garoto que demonstre habilidade acima da média para sua idade.

Quando o jovem começa no sub-11, tem pela frente um longo caminho a percorrer até chegar ao sub-17. Findanda essa categoria, passa da fase de aprendizado e aperfeiçoamento para a fase de utilização.

Durante sua fase de aprendizado, é importante que ele trabalhe todos os fundamentos do futebol, para que mais tarde não precise de trabalho individual para corrigir uma falha técnica que deveria ser trabalhada no momento certo em um processo de forma mais natural.

A importância dos preparadores da base é justamente no aspecto técnico, que propicia ao atleta seu desenvolvimento natural, o qual, nessa fase, acontece sem a pressão dos grandes momentos que por certo virão mais tarde.

A importância das categorias de base se dá durante todo seu processo de desenvolvimento, que irá possibilitar ao jovem atleta a exposição em situações que lhe ofereça condições de explorar seu potencial e ao mesmo tempo sua superação.

Os treinos nas categorias de base deverão ser sempre de forma que o atleta tenha condições de desenvolver todos os aspectos de suas capacidades motoras e cognitivas, físicas, mentais e emocionais.

Em todo o treinamento, o ideal é que se faça um plano de treino e que o responsável informe ao grupo o que vai ser treinado, o que se pretende com aquela seção de treinamento e depois os resultados alcançados. Porque um treinamento sem planejamento e sem uma avaliação do realizado é o mesmo que não ter treinado.

Nessa fase, os fundamentos do esporte devem ser treinados para que se corrijam os vícios que alguns atletas carregam desde muito cedo (muitas vezes pela falta de orientação correta), e acabam desenvolvendo e incorporando isso ao seu estilo de jogo e passando até mesmo a valorizar certos “erros”.

Os trabalhos devem evoluir do individual para os subgrupos e depois para o coletivo. E quando isso é realizado não devemos esperar que os trabalhos sejam executados da mesma maneira por todos os atletas: precisamos entender que cada um tem seu tempo, seu equilíbrio e sua percepção de tempo, espaço e movimento, na dinâmica do movimento. Isso faz a diferença de estilo.

Um atleta destro vai realizar o mesmo exercício diferentemente de um canhoto. Isso não significa que será melhor ou pior, essa não é a questão, mas sim qual o resultado desse fundamento para a evolução de seu desempenho individual, como ele entenderá aquele esforço despendido e a obtenção do resultado obtido.

Os exercícios desenvolvidos em grupo por sua vez têm uma dinâmica com ênfase no movimento cognitivo individual. O atleta deve ter a percepção de seu equilíbrio no grupo de trabalho: a realização do grupo será a somatória da realização individual e isso exige uma concentração de todos os sentidos para a perfeição do resultado.

No coletivo terá ainda maior esforço exigido. Precisamos estar prontos para todas as alternativas de tendências que teremos que respeitar e acomodar para conclusão do trabalho.

Tenho repetido inúmeras vezes que o atleta é 50% emocional, 25% físico, 20% técnica e 5% tática. Assim, precisamos trabalhar desde cedo o atleta para ter todo o equilíbrio necessário que a profissão requer para um atleta de alto rendimento, para um futebol altamente competitivo, dentro e fora dos gramados.

Por isso é importante o papel das categorias de base na formação do atleta – este, por mais talento natural que tenha, jamais será completo se não tiver uma formação com uma mentalidade vencedora.

Concluindo: o resto quem faz é o marketing! Como aquele refrigerante que todo mundo toma, uma química que ninguém conhece e nem sabe de onde veio a fórmula, mas é o mais consumido no mundo inteiro. Porque a receita que se gasta com propaganda para se promover o produto é muito forte. Vocês já perceberam que certos jogadores estão todos os dias na mídia? Até quando não joga se fala neles? Para alguém interessa eles ficarem em evidência.

Já fui diretor de um clube do futebol paulista, sei como isso funciona: joga-se uma noticia para alavancar alguma coisa e ficar na mídia. Depois não se confirma e se inventa outra. O jogador se acha o máximo, e o que é melhor: os adversários acabam achando também que ele é “o cara”.

*Nivan Gomes é treinador de futebol. CREF4/SP 53184 – São Paulo/Brasil e COFEF – Conselho Federal de Educação Física – Rio de Janeiro/Brasil

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Benê Lima