Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

terça-feira, maio 18, 2010

Ainda os campeonatos estaduais
Datas “economizadas” podem ser utilizadas para pré-temporada, realização de menos jogos oficiais pelos clubes principais e para competições mais importantes
Luis Filipe Chateaubriand

Objetivamente, o que proponho para os Estaduais é o seguinte:

- Os dez maiores clubes do Nordeste – Vitória, Bahia, Fluminense de Feira de Santana, Sport, Santa Cruz, Náutico, Ceará, Fortaleza, América-RN e ABC – não devem jogar os Estaduais. Ao invés disso, devem fundar a Liga do Nordeste e jogar o Campeonato da Liga do Nordeste, ou “Nordestão”, nas 12 datas a serem dedicadas aos Estaduais. Não faz sentido que fortes agremiações nordestinas joguem desinteressantes aquelas competições locais quando podem jogar entre si em um certame muito bom, seja do ponto de vista técnico, seja do ponto de vista comercial.

- Em São Paulo, os oito clubes mais importantes – Corinthians, Palmeiras, São Paulo, Santos, Portuguesa, Guarani, Ponte Preta e Botafogo-SP – devem formar a Liga de São Paulo e jogar, nas 12 datas, o Campeonato da Liga de São Paulo. Assim, os grandes clubes do estado jogam entre si, garantindo que o certame entre eles disputado logrará êxito técnico e comercial.

- No Rio de Janeiro, os seis clubes mais importantes – Flamengo, Vasco da Gama, Fluminense, Botafogo, América e Bangu – devem formar a Liga do Rio de Janeiro e jogar, nas 12 datas, o Campeonato da Liga do Rio de Janeiro. Assim, os grandes clubes do estado jogam entre si, garantindo que o certame entre eles disputado logrará êxito técnico e comercial.

Tudo isto já havia sido relatado nos dois artigos imediatamente anteriores a este. Então, resta ressaltar que:

- Em São Paulo, teremos o Campeonato da Liga de São Paulo com oito clubes (como mostrado em artigo anterior), o Campeonato da Federação Paulista da Primeira Divisão, com seis clubes, e o Campeonato da Federação Paulista da Segunda Divisão, com todos os outros clubes do estado. Todos estes campeonatos são realizados em 12 rodadas.

- No Rio de Janeiro, teremos o Campeonato da Liga do Rio de Janeiro com seis clubes (como mostrado em artigo anterior), o Campeonato da Federação Fluminense da Primeira Divisão, com seis clubes, e o Campeonato da Federação Fluminense da Segunda Divisão, com todos os outros clubes do estado. Todos estes campeonatos são realizados em 12 rodadas.

- Nos demais estados, sempre haverá o campeonato da Federação local da Primeira Divisão, com seis clubes, e o campeonato da Federação local da Segunda Divisão, com os clubes restantes do estado. Se o estado tiver dez clubes, seis jogam na primeira divisão e quatro na segunda. Se o estado tiver 13 clubes, seis jogam na primeira divisão e sete na segunda. Se o estado tiver 29 clubes, seis jogam na primeira divisão e 23 na segunda. Se o estado tiver 38 clubes, seis jogam na primeira divisão e 32 na segunda. Se o estado tiver 45 clubes, seis jogam na primeira divisão e 39 na segunda. E assim por diante.

- Quando a primeira divisão tiver seis clubes, a forma de disputa é esta: os seis clubes jogam entre si no turno, com o clube que somar mais pontos sendo o campeão (cinco rodadas); os seis clubes jogam entre si no returno, com o mando de campo invertido em relação ao turno, com o clube que somar mais pontos sendo o campeão (cinco rodadas); vencedores de turno e returno decidem o título em dois jogos (duas rodadas). São 12 rodadas no total.

- Na segunda divisão, o número de clubes é variável. Então, não há forma de disputa definida - esta varia de acordo com o número de clubes disputantes. Apenas deve-se respeitar o total de 12 rodadas (nenhuma rodada a mais) e se pensar uma forma de disputa em que nenhum clube faça menos de dois jogos.

- Em relação ao acesso/descenso, o sexto colocado da primeira divisão deve ir para a segunda divisão na temporada seguinte, da mesma forma que o campeão da segunda divisão deve ir para a primeira, na temporada seguinte.

- Não se deve imaginar que os clubes que farão apenas dois jogos na segunda divisão de seu estado ficarão a temporada anual inteira sem jogar: pelo formato de calendário que este signatário propõe, eles farão mais 36 ou 38 jogos pelo Campeonato Brasileiro (dependendo da divisão em que estiverem – e todos os 700 clubes profissionais do Brasil estarão em alguma divisão) e pelo menos mais dois jogos pela Copa do Brasil (que também envolverá todos os 700 clubes). Pela proposta de calendário deste escriba, que será apresentada nas próximas semanas, nenhum dos 700 clubes profissionais do Brasil faz menos do que 40 jogos oficiais ao longo da temporada anual.

- São, portanto, 57 campeonatos propostos: o “Nordestão”; três em São Paulo (o da Liga e o da Federação, este em duas divisões); três no Rio de Janeiro (o da Liga e o da Federação, este em duas divisões); e dois em cada uma das 25 demais unidades da Federação da República (o da primeira e o da segunda divisão de cada unidade), totalizando 50 campeonatos nestas unidades.

- Todos os 57 campeonatos são disputados em, no máximo, 12 datas, ou rodadas. Essas 12 rodadas devem ser em quartas-feiras, ou meios de semanas. Todos os domingos, ou fins de semanas, devem ser reservados à principal competição nacional: o Campeonato Brasileiro, em suas diversas divisões.

Os benefícios de se fazer os estaduais, e também o “Nordestão”, desta forma, são inúmeros. Dentre tais, podemos citar:

- Já que apenas clubes de elite vão jogar os campeonatos de Ligas (Liga do Nordeste, Liga de São Paulo e Liga do Rio de Janeiro) e os estaduais de primeira divisão, o nível técnico e os dividendos comerciais tendem a ser muito maiores do que na situação atual – onde se vê o “Paulistinha” com 20 clubes, o “Carioquinha” com 16 clubes, diversos estaduais de primeira divisão com 12 clubes ou mais, e barbaridades do tipo.

- Pelo fato de serem jogados às quartas-feiras, “liberando-se” domingos para o Campeonato Brasileiro, a média de público do “Brasileirão” tende a aumentar significativamente, e as receitas, idem. Os grandes clubes brasileiros agradecem.

- Como há apenas duas divisões em cada estado, qualquer clube pode chegar à divisão principal em apenas uma temporada anual. Algo muito melhor do que se ter, por exemplo, quatro divisões, em que os clubes que desenvolvem bom trabalho em divisões menores precisam de vários anos para chegar à divisão principal.

- Concilia-se a visão dos que não querem estaduais (que admitirão que eles continuem a existir, desde que consumam poucas datas no calendário) com a dos que querem que eles continuem (que admitirão que eles precisam ser racionalizados).

- E, principal de tudo: competições que, atualmente, consomem mais de 20 datas no calendário (23 no paulistinha e 21 no carioquinha, por exemplo) passarão a ter apenas 12. As datas “economizadas” podem ser utilizadas para um maior período de pré-temporada, ou para a realização de menos jogos oficiais pelos clubes principais, ou podem ser destinadas para competições mais importantes, ou... tudo isso junto!

Como diz o ditado popular: “nem muito para lá, nem muito para cá... no meio, está a virtude”.

Luis Filipe Chateaubriand é autor do livro 'Futebol Brasileiro: Um Projeto de Calendário', pela editora Publit (www.publit.com.br).

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Benê Lima