Erich Beting
Sábado, no Palestra Itália, mais de 18 mil torcedores foram torcer pelo Palmeiras contra o Grêmio. Mais do que a empolgação pelo time, o que moveu essa massa ao estádio foi a notícia de que aquele seria o último jogo oficial do Palmeiras em sua antiga casa, construída há mais de meio século.
Mas parece que só a imprensa e a torcida deram bola para a informação. Em meio a uma guerra de bastidores, a diretoria alviverde preferiu dissolver a estratégia previamente programada para o “jogo final”.
Em campo, a festa foi só dos jogadores. Vitória por 4 a 2, com direito a susto e até um grito de “olé” nos minutos finais. Só por precaução, já que poderia ser o último grito de “olé” no antigo Palestra Itália...
E onde estava o trabalho de marketing do clube? Nenhuma placa alusiva ao jogo, nenhum foguetório programado, nenhuma lembrança para ser comprada na loja oficial depois da partida. Aliás, loja que foi fechada logo que a partida começou, como se uma vitória não fosse incentivar o consumo.
Se o jogo foi de despedida, não há o que comemorar. A diretoria palmeirense se preocupou mais com o momento do time dentro de campo, esquecendo-se do básico: torcedor não é movido pela vitória, mas pela história.
Nem mesmo o ingresso para a partida derradeira continha uma lembrança, algo que fizesse daquele canhoto mais especial do que da até hoje mais feliz das vitórias no Palestra Itália, a final da Libertadores de 1999.
Não ficou nada para registro histórico, a não ser mais um canhoto de ingresso. Que precisará de uma placa ao lado, explicando porque ele é tão especial que merece uma moldura no quarto, na sala, no banheiro, onde quer que seja.
É mais uma chance perdida. E outra mostra da miopia do dirigente esportivo, que confunde marketing com captação de patrocínio, que não vê que a verdadeira função do departamento não é apenas trazer parceiros comerciais, mas mobilizar o torcedor em volta da marca do clube.
Muitas vezes a vida do torcedor foi construída dentro de um estádio de futebol. Foi ali que ele aprendeu a ter algo em comum com o seu pai, foi ali que ele formou o primeiro grupo de amigos, foi ali que ele conheceu namoradas (os) e, quem sabe, a mulher/o homem da vida. Um dos primeiros hábitos da infância de um apaixonado pela bola se constrói dentro de um estádio.
Quando você tem a sensação de que será a última vez que você verá aquele lugar daquele jeito, não dá para não comparecer, não festejar, não se emocionar. O time é o de menos, a fase não importa.
O que não dá para acreditar é que nada foi feito para o torcedor num dia tão especial...
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Benê Lima