Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

segunda-feira, fevereiro 01, 2010

Paulo Jamelli, gerente de futebol do Santos
Ex-jogador fala sobre processo de transição para assumir cargos administrativos em agremiações
Marcelo Iglesias

“Há muito mais vantagem para uma agremiação apostar em alguém que já esteve dentro de campo para ocupar cargos administrativos. Isso é fundamental para que exista a compreensão da diretoria em relação àquilo de que necessita o atleta, e, em um possível problema, poder opinar com mais propriedade”, opinou Paulo Jamelli, gerente de futebol do Santos.

Em entrevista exclusiva à Universidade do Futebol, o ex-jogador que, agora, ocupa cargos administrativos contou como se preparou para continuar dentro do futebol, mas atuando fora dos gramados. Além de ter se formado em Administração com ênfase em gestão de esportes, pela Universidade São Marcos, Jamelli também fez cursos ligados às diversas áreas que se relacionam com o futebol: nutrição, motivação, educação física, além de participar de palestras de técnicos consagrados.

Uma lesão grave no joelho encurtou a carreira do entrevistado que, aos 31 anos teve que abandonar os campos de futebol. No entanto, a partir dos 28 anos, ele já planejava a carreira para que houvesse continuidade mesmo quando ele se aposentasse como jogador.

Jamelli jogou em diversos clubes brasileiros: Corinthians, São Paulo, Juventus, Santa Cruz (1994), Santos, Atlético-MG e Barueri. Além disso, também atuou em equipes do exterior: Kashima Reysol, Zaragoza, Shimizu Pulse e Almeria. Como jogador, o entrevistado ainda foi convocado para a Seleção Paulista e para a Seleção Brasileira. Por fim, em cargos administrativos, ele atuou no Barueri, no Coritiba (2008), e, agora está no Santos.

Durante a entrevista, Jamelli falou sobre suas recentes experiências como dirigente, qual é a sua rotina de trabalho, como ele se preparou para a transição de jogador para administrador, sobre questões de gestão dos clubes brasileiros, a relação futebol-educação, como ele lida com a função de buscar reforços para o time e para a comissão técnica, e quais são os planos do Santos durante o seu período de gestão.

Universidade do Futebol – Desde que começou a atuar como dirigente, a visão que possuía em relação à administração de um clube, e em relação à própria profissão de jogador de futebol, sofreu alguma mudança?

Jamelli – Desde quando eu ainda era jogador profissional, sempre procurei me aprofundar nos assuntos, perguntando muito sobre os diversos temas ligados ao futebol, tanto no que dizia respeito à parte técnica da modalidade, a melhor maneira de se programar um treino, os métodos possíveis para o desenvolvimento físico.

O mesmo acontecia no que se referia às questões mais administrativas. Sempre perguntei muito para os diretores e supervisores com os quais eu trabalhei, interessado em saber como eles desenvolviam as suas funções e o que era possível de ser feito para que a realidade da época fosse melhorada.

Esse meu interesse pelas diversas funções ligadas ao futebol surgiu enquanto eu ainda era jogador. Além disso, eu consegui conciliar a minha vida de jogador profissional com a faculdade, praticamente no meu último ano como jogador.

Isso foi fundamental, pois eu consigo entender o lado dos jogadores, uma vez que joguei durante 16 anos como profissional, e há cerca de três anos, estou atuando como administrador dos clubes, o que é essencial para que eu entenda tanto o lado do atleta quanto o da agremiação.



Jamelli jogou em times brasileiros, da Espanha e do Japão

Universidade do Futebol – Antes de fazer parte da diretoria do Santos, você teve uma experiência anterior como dirigente no Coritiba. A sua saída ocorreu no final do mês de março de 2009. O que você pôde aprender dessa vivência e que pretende trazer para a sua carreira?

Jamelli – Antes de ir para o Coritiba, em 2008, eu já havia trabalhado como dirigente no Barueri, em 2007. Em março de 2009, sai do Coritiba.

Todas essas etapas da minha vida foram experiências que me fizeram crescer como profissional. Além disso, por mais que se esteja ligado ao futebol, em cada um dos clubes encontra-se uma realidade diferente. No Barueri, enfrentei determinados desafios, no Coritiba outros e, agora, no Santos, serão novos.

Por conta disso, é necessário que o profissional se adapte e se enquadre dentro do esquema que funciona o clube, mas tentando colocar em prática o seu estilo e as suas ideias, botando em prática aquilo que você pensa que vai gerar melhores resultados.

Por exemplo, enquanto eu estava no Barueri, fomos campeões do interior, e logo após a minha saída, houve o acesso à primeira divisão do Campeonato Brasileiro.

Eu sempre tento trabalhar com a visão de que o importante não são apenas os títulos que se conquista durante a sua gestão, mas sim, o que se deixa de legado para o clube. É essencial que se deixe o clube em melhores condições do que aquelas que você encontrou quando assumiu um cargo administrativo.

Da mesma forma que no caso do Barueri que eu já citei, no Coritiba, também tive sucesso. Fomos campeões paranaenses, fizemos um Campeonato Brasileiro excelente, com um time que havia acabado de subir da segunda divisão, conseguimos ficar muito bem posicionados, chegando até a brigar por vaga na Libertadores. Em 2009, quando eu deixei a agremiação, ela estava em primeiro lugar no Campeonato Paranaense e estávamos nas quartas-de-final da Copa do Brasil.

Ou seja, nessa minha ainda breve carreira como dirigente, eu sempre sai contente dos clubes em que eu trabalhei, porque eu os deixei em uma situação melhor do que a que eu presenciei quando da minha chegada.



Como dirigente, Jamelli atuou no Barueri, no Coritiba e, agora, no Santos


Universidade do Futebol – Qual é a sua rotina de trabalho? Explique quais as funções que você está encarregado de desenvolver no Santos. Você faz alguma interface de trabalho com as categorias de base? Como se dá esta relação?

Jamelli – No Santos, o meu papel é diferente daqueles que eu possuía quando estava no Barueri e no Coritiba. Nestes dois clubes, quando eu fui contratado, já havia um organograma e uma estrutura anterior. Por isso, eu possuía papéis já bem delineados.

Aqui no clube da Vila Belmiro, praticamente, fui eu quem montou todo o organograma do futebol profissional, desde o treinador até o roupeiro. Como se tratava da entrada de um novo presidente, com uma maneira diferente de gestão, esse processo foi trabalhoso, uma vez que todas as etapas de todos os departamentos passavam por mim, para que se pudesse montar o organograma.

Obviamente que esse processo que eu liderei sempre teve que passar pela aprovação do presidente e do diretor de futebol do clube, mas, o importante é que teve que se criar uma nova estrutura para o desenvolvimento dos trabalhos conforme a nova ideia de gestão do Santos.

Em relação à ligação do profissional com as categorias de base da agremiação, logicamente, existe o diálogo. Também existe, para essas categorias um gerente de futebol e o meu trabalho está totalmente ligado ao dele.

Periodicamente, nós realizamos reuniões para conversarmos sobre o que está acontecendo nas categorias de base, que também passaram por uma enorme reformulação.

Acredito que é essencial que o trabalho de quem administra o futebol profissional de um clube deve estar intimamente ligado àquilo que acontece nas suas categorias de base. Prova disso é que, atualmente, a equipe principal do Santos possui cerca de 10 jogadores que foram revelados nas suas categorias de base.

Portanto, a ideia é manter a tradição do clube da Vila Belmiro de ser um grande revelador de jogadores para o profissional, sempre com um ou dois atletas por ano.

Universidade do Futebol – Como você se preparou para realizar essa transição de jogador para dirigente?

Jamelli –
Eu parei de jogar futebol profissionalmente não por vontade própria, mas por conta de uma lesão séria no joelho, o que acabou por afetar o meu planejamento. Gostaria de ter jogado até os 35 anos de idade, mas tive que abreviar a minha carreira e parar aos 31 anos.

Quando eu percebi que já estava chegando ao final a minha carreira como jogador, eu decidi começar a me preparar para exercer outras funções dentro do futebol.

Na época, eu estava jogando na Espanha. Lá, durante os meus últimos anos como atleta, eu participei de diversos cursos, ligados as diferentes áreas do futebol: nutrição, motivação, complementação nutricional, educação física, além de participar de várias palestras de treinadores.

Nessa fase, ainda não tinha certeza se, após me aposentar como jogador profissional, eu ingressaria no futebol como técnico ou como gestor. No entanto, sabia que era importante eu me preparar para ocupar qualquer uma dessas funções. Por isso, iniciei esse processo quando tinha cerca de 28 anos de idade.

Alguns anos mais tarde, entendi que eu não possuía o perfil de treinador e que, não só o futebol brasileiro, mas mundial, sofre da carência de gestão da modalidade. Não há qualidade no que se refere a diretores, supervisores, secretários-técnicos, managers e as demais funções administrativas.

Sendo assim, decidi que iria me aprofundar nessa área. Para isso, procurei cursos, pessoas, fiz estágios em alguns clubes, perguntando a maneira como eles trabalhavam e o que poderia ser feito para melhorar a situação em que eles se encontravam do ponto de vista gerencial.

Universidade do Futebol – O que você pensa da entrada de vários ex-atletas em funções de dirigentes de clubes? Ter sido jogador é uma vantagem para quem pretende comandar uma agremiação? Por quê?

Jamelli –
É muito interessante essa nova realidade, pois, antigamente, jogadores de uma ou duas gerações antes da minha, paravam de jogar profissionalmente e iam atuar de treinador ou de auxiliar em algum time de menor expressão.

Havia a continuidade da sua relação com a modalidade, mas sempre algo ligado ao campo. Dificilmente via-se um atleta que encerrava a sua carreira e ia trabalhar na parte de gestão e suporte dos clubes.

No entanto, hoje, esse tipo de situação é uma tendência, pois o ex-jogador entende tudo por aquilo que passa um atleta, pois ele vivenciou situações semelhantes quando era profissional. Por exemplo, durante os treinos, quem já viveu aquilo sabe quando um jogador está se empenhando 100%, quando ele está triste, e quando ele tem algum problema.

É importante o dirigente ter vivido o futebol como jogador profissional, porque, dessa maneira, ele entende que se, por exemplo, um atleta está com algum problema familiar ou contratual, isso poderá afetar no seu desempenho dentro de campo.

Além disso, existem várias outras situações em que, por ter passado por episódios semelhantes quando se era atleta, o dirigente que foi jogador pode dar conselhos, e até antever um problema.

Portanto, acredito que seja uma tendência os atletas que param de jogar, assumirem cargos de direção dos clubes. E eu não creio que haja quem pense que esses ex-jogadores não se preparam. Com certeza, eles fazem cursos, faculdade e estágios.

Enfim, há muito mais vantagem uma agremiação apostar em alguém que já esteve dentro de campo para ocupar cargos administrativos. Isso é fundamental para que exista a compreensão da diretoria em relação àquilo de que necessita o atleta, e, em um possível problema, poder opinar com mais propriedade.



Diversos ex-jogadores, após pararem de jogar, assumiram cargos administrativos em clubes

Universidade do Futebol – Segundo o “Fair Play Financeiro” que será implementado pela Uefa a partir de 2012, os clubes não devem gastar mais do que ganham. O controle será feito por meio de auditoria e o descumprimento das regras ocasionará punições severas. Isso também é viável no futebol brasileiro?

Jamelli – Não sei se essa resolução vai entrar em vigor ou não. Porém, acredito que essa seja uma regra básica de administração, seja na vida particular, no clube ou em uma empresa.

Não se deve gastar mais do que o que se vai recolher. A sua receita nunca pode ser menor do que a sua despesa, pois, caso isso ocorra, no final de alguns meses ou anos, chega-se a uma situação que não é possível de reverter.

Na realidade, essa é uma medida que não deveria ser levada em conta para ao ponto de ser necessária uma fiscalização, uma vez que se trata de um procedimento básico em gestão.

No entanto, os clubes brasileiros acabaram por incorrer nesse erro por uma questão de necessidade de títulos e de contratações.

No Santos, nós possuímos essa noção de manter os pés no chão, e sabemos que as contas têm que estar dentro daquilo que está ao nosso alcance. Não adianta vendermos uma ideia para a torcida de que iremos montar super-times, contratando jogadores com salários astronômicos , porque depois, torna-se uma bola de neve e o time não consegue pagar o atleta, o que vai deixar o jogador descontente, ele não vai render aquilo que deve, e torna-se um ciclo que vai piorando cada vez mais.

Portanto, se fosse implementada uma medida dessas para o futebol brasileiro, para a administração do Santos não faria muita diferença, pois proceder conforme indica essa resolução é algo que já fazemos.

Nota da redação: O Santos anunciou a volta de Robinho para o seu elenco. O jogador será emprestado pelo Manchester City até o próximo dia 4 de agosto.

O atleta, que foi um dos principais destaques do time da Vila Belmiro na conquista do Campeonato Brasileiro de 2002, justificou o seu retorno pela necessidade da manutenção de uma sequência de jogos como titular, o que, de acordo com ele, não aconteceria se permanecesse na equipe inglesa. Isso poderia prejudicar o seu desempenho na Seleção Brasileira.

Segundo o acordo assinado entre as partes envolvidas, Robinho vestirá a camisa santista, mas o clube brasileiro será o responsável por pagar o salário do jogador.

Universidade do Futebol – Atualmente, o que coloca em destaque um clube brasileiro em relação ao outro? (jogadores, gestores, torcida, estádio etc.).

Jamelli –
Acredito que seja a junção de todos esses fatores. Se um time possui uma boa estrutura, uma boa organização, ele conseguirá fazer um campeonato de maneira adequada e obter bons resultados.

Isso faz com que fique mais fácil a atração de um bom investidor, ou algum novo patrocinador que trará mais receita para a agremiação, que poderá investir em novas e mais fontes, melhorando ainda mais a sua atuação dentro do aspecto esportivo e, consequentemente, administrativo.

Portanto, a minha visão é que todos esses aspectos devem ser levados em consideração e melhorados o máximo possível dentro das possibilidades da equipe.

Ou seja, dinheiro e resultados são os motores do futebol. Se um clube tiver dinheiro e bons resultados, fica mais fácil a evolução da equipe do ponto de vista esportivo, e da agremiação no que se refere a aumento de receitas.

No entanto, o que acontece com certa frequência é que, às vezes, a equipe não consegue render, a agremiação passa por um período de crise financeira, e é preciso que os gestores sejam criativos, buscando outras saídas, como, por exemplo, trazer jogadores das categorias de base ao invés de comprar atletas consagrados, ou vender alguns dos seus principais nomes para conseguir bons valores. É preciso que os administradores saibam que é necessário que os clubes estejam equilibrados.

Contudo, é difícil de dizer que no futebol brasileiro uma agremiação é melhor do que a outra, pois em todas elas existem ótimos profissionais e estruturas minimamente razoáveis. O que faz a diferença é uma organização um pouco melhor de um time que o torna mais apto a chegar a títulos e usufruir de todos os benefícios que eu citei sobre isso.



No Brasil, o destaque de um clube em relação aos demais pode ocorrer devido a diferentes fatores. O ideal é que haja a junção de todos eles

Universidade do Futebol – Você entende que os clubes, de uma forma geral, têm que ajudar na formação escolar e educativa dos jogadores de futebol? As exigências profissionais de um jogador de futebol não são conflitantes com o tempo necessário para que eles estudem de verdade?

Jamelli –
Logicamente que aquilo que se exige dentro de uma escola entra em conflito com o que pede a formação de um jogador profissional, pois, com 11 anos, os garotos já têm que ficar concentrados, cinco ou seis dias viajando, e, quando chega aos 18 anos, que seria a idade em que eles deveriam entrar na faculdade, eles já estão realizando um trabalho profissional dentro das equipes, com muitas exigências e cobranças.

Portanto, para a maioria dos casos, não é possível conciliar o que é preciso de dedicação na escola com o que é necessário de empenho para se tornar um jogador de futebol profissional.

Se pudesse voltar no tempo, quando eu tinha 18 anos, e tive a oportunidade de fazer vestibular e ingressar no curso superior, eu tentaria. Mas, na época, foi inviável por causa do futebol. Se pudesse, teria feito uma graduação, nem que fosse indo três vezes por semana, ou tendo um tratamento especial para que eu pudesse garantir uma melhor estrutura educacional.

Creio que o clube deva investir nos seus jogadores não somente na parte educacional, mas também no que se refere às questões de saúde e de formação do caráter da pessoa, porque se analisarmos, no início das categorias de base há cerca de 120 garotos, mas apenas dois ou três desses que vão vingar como profissionais.

A agremiação e a sociedade têm que se preocupar com os outros meninos que iniciaram nas categorias de base, e que não obtiveram sucesso, e têm que ser bons cidadãos. Mesmo porque entrarão na sociedade, talvez, com a frustração de não terem conseguido ser jogadores profissionais, mas podem ser bons engenheiros, médicos, arquitetos, ou exercer bem qualquer outra função.

Porém, eu entendo o lado dos clubes também, porque, hoje, os atletas com menos de 16 anos, mesmo sendo emancipados, não podem assinar um contrato profissional. Então, a agremiação, desde os 11 anos de idade do garoto, garante dentista, médico, assistente social, escola e outros benefícios, e, quando o jogador tem 14 anos, aparece um empresário que dá dinheiro, um par de tênis, um celular ou um carro, e ele deixa o clube.

Nessa situação, tudo o que foi investido desde quando o indivíduo iniciou nas categorias de base se perde, por conta de uma realidade como essa. Eu defendo que esse tipo de relação deveria ser revista, pois caso fosse feito algo mais interessante para o clube, ele investiria muito mais nos seus atletas, caso ele tivesse uma maior proteção.

Se esse tipo de medida para garantir retorno aos investimentos feitos pelas agremiações não acontecer, elas vão deixar de apostar na base e começar a contratar atletas com 18 anos. Isso seria totalmente contra o futebol e a maneira de gestão que eu defendo.

Universidade do Futebol – Como se dá a sua preparação no projeto de observação e antecipação ao mercado para efetuar aquisições de jogadores? Você possui algum banco de dados específico ou profissionais contratados espalhados pelas mais variadas regiões do país? E a interação com a comissão técnica nesse sentido?

Jamelli –
Eu possuo um banco de dados, não sei precisar o número, mas com certeza, com mais de dois mil jogadores, o qual eu posso consultar para que sejam feitas possíveis contratações.

Além disso, diariamente, converso com pessoas ligadas ao futebol que estejam em contato com outros clubes, tanto do Brasil quanto do exterior, afim de buscar atletas e profissionais que possam acrescentar no aspecto estrutural de campo e de áreas da comissão técnica, como médicos, fisiologistas, nutricionistas, supervisão, etc.

Na verdade, o trabalho consiste em permanecer investigando e perguntando para as pessoas capazes, e recebendo alguns currículos, para que se construa uma estrutura cada vez melhor, com pessoas competentes que possam fazer com que o clube, esportiva e gerencialmente, evolua.

No que se refere diretamente à contratação de jogadores, o Santos possui uma rede de funcionários que estão constantemente vendo jogos no interior do estado e em outras regiões do país, buscando os talentos que ficam esquecidos ou não são reconhecidos por estarem fora do grande centro.

Universidade do Futebol – Quantos profissionais (se possível elencar as profissões - assistentes técnicos, psicólogos, assistentes sociais, fisiologista, dentista etc.) trabalham nas comissões técnicas ou em apoio a elas no Santos? Quem coordena as ações técnicas de toda esta equipe de trabalho?

Jamelli –
No Santos quem coordena todas as áreas ligadas ao futebol profissional sou eu. Cada uma das áreas possui um responsável, e todos se reportam a mim.

Para a nossa comissão técnica do time principal, o Dorival Junior (técnico) trouxe consigo o Ivan Izzo (auxiliar técnico) e o Celso Rezende (preparador físico), e o resto da equipe é toda formada por profissionais contratados pelo Santos. Aliás, essa é uma tendência que os clubes de futebol vão adotar de permitir que o treinador traga consigo, no máximo, dois profissionais (um auxiliar e um preparador físico) e o resto do grupo sejam funcionários de carreira da agremiação que já estão a algum tempo na função e que possuam uma identificação grande com o time.

Especificamente no Santos, toda a equipe estrutural, que faz com que o clube realize as suas funções, é contratada pela própria agremiação, independente de quem é o treinador. Isto é, a maior parte da comissão técnica santista é permanente. Esse grupo de profissionais: médicos, massagistas, fisioterapeutas, fisiologistas, nutricionistas, psicólogos, roupeiros, secretárias, e muitos mais. É como se fosse uma empresa.



A comissão técnica do Santos é formada por vários profissionais (médicos, nutricionistas, preparadores físicos, massagistas, etc), como se fosse uma empresa

Universidade do Futebol – Quais as metas do futebol do Santos para 2010? Há algum planejamento de longo prazo?

Jamelli –
Logicamente, existe um planejamento, em primeiro lugar, levando-se em conta a questão do orçamento do clube, depois, traçando os objetivos que tentamos estabelecer para os dois anos da gestão do presidente. Esse é o mini-ciclo que temos para determinar quais serão as metas.

Também é claro que são fixados alguns objetivos para os quais tentamos levar a agremiação. No entanto, o futebol não é uma ciência exata, ou seja, não se pode mensurar com certeza aquilo que se está realizando e o que vai acontecer no futuro, uma vez que diversos fatores influenciam na trajetória do time.

Quando a diretoria se reúne para estabelecer as metas a serem atingidas, nós sabemos o quanto temos de dinheiro, quanto disso pode ser gasto, e até onde o clube pode chegar durante aquele mini-ciclo. Isso no Santos é algo bem claro, e para manter essa transparência e a melhor execução das atividades, fazemos reuniões estratégicas para que se tracem os objetivos e tentar analisar os meios pelos quais vamos chegar até elas.

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Benê Lima