AFINAL, DINHEIRO COMBINA COM FUTEBOL?
*Paulo Medeiros
Recentemente tive a oportunidade de conversar longamente com um antigo companheiro sobre tempos de outrora do futebol, e fiquei pasmo ao perceber que, quando comparado com a prática atual desse esporte, é quase unânime uma verdade assustadora: futebol hoje é dinheiro... e ponto final!
Até aquela paixão arrebatadora do torcedor mais fanático já não é a mesma; vira e mexe este torcedor solta algo do tipo “não vou ao estádio hoje gastar dinheiro com esta porcaria de time”. Em tempos idos jamais um torcedor fanático blasfemaria contra o manto sagrado do seu time de coração. No máximo suspiraria algo do tipo “ahhh meu Deus, lá vou eu sofrer de novo com esse time”.
O futebol mercado tomou conta dessa paixão popular brasileira (não confundir com o mercado do futebol). Tudo que se faz hoje no mundo da bola tem como interesses prioritários market share, break point, TIR, TIRF e outros palavrões para os ouvidos do torcedor comum, aquele que vai ao limite do seu orçamento para assistir as partidas do seu clube de coração.
Não critico, em absoluto, o planejamento financeiro dos clubes. Ao contrário. É uma obrigação do dirigente contemporâneo zelar por uma gestão estratégica concebida racional e sistematicamente. O senão fica por conta dos absurdos, que não são mais exceções e sim regra geral.
O que dizer, por exemplo, da vexatória situação do jogador Obina, que saiu escorraçado do Palmeiras para o Flamengo, e logo em seguida transferiu-se para o Atlético-MG sem fazer um treino sequer pelo rubro-negro carioca? É notório que este imbróglio é obra de empresários (do jogador, do clube e atravessadores de plantão) para auferir suas polpudas comissões em cada uma destas transações. O jogador é uma mera mercadoria, que se compra e revende o mais rápido possível, de preferência com boa margem de lucro.
Ainda bem que existem lunáticos como o jogador Robinho. Reserva no Manchester City (clube inglês), preferiu trocar milhões de euros em propostas de clubes europeus pela oportunidade de jogar pelo clube de coração – Santos - e continuar mostrando seu futebol ao técnico Dunga para garantir vaga na seleção brasileira, mesmo reduzindo substancialmente seus salários. Foi uma jogada de mestre? Ele está utilizando o Santos como instrumento de carimbo do seu passaporte para a Copa do Mundo de 2010? Não importa. O que conta realmente é que a sua vontade de vestir a camisa canarinho falou mais alto que o poder do dinheiro. Nem tudo está perdido. Ainda existe paixão no futebol.
*fanático por esporte e PhD em Economia
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Benê Lima