Logo no primeiro minuto do documentário “Só quem é sabe o que é”, que relata o corintianismo de diversos torcedores durante o ano de 2008, em que o clube paulista disputou pela primeira vez em sua história a segunda divisão do futebol nacional, uma imagem chama a atenção. Talvez seja mera simbologia, sem qualquer tipo de intenção. Um jovem rapaz fala sobre a relação de amor sem cobrança existente entre ele e seu time de coração. Ao fundo, um outdoor carrega a frase “Acreditar faz a diferença”.
Naquela temporada específica, em que dentro de campo o Corinthians deu a volta por cima, atingindo com antecedência o acesso à Série A do Campeonato Brasileiro, o verbo acompanhou a todos que de algum modo estejam ligados ao Parque São Jorge. A começar por entender aquela realidade apresentada. Três “loucos do bando” decidiram representar em imagem e som todo o caminho.
“A essência de ser corintiano aparece muito mais no drama, na queda para a segunda divisão, por exemplo, do que na efêmera conquista de um título mundial”, aponta Artur Voltolini, designer, historiador e um dos diretores do filme lançado neste ano.
Ao lado dele, os amigos Phydia de Athayde (também roteirista) e Ronaldo Bressane, ambos jornalistas, também conduziram o registro de lágrimas, sorrisos, dores e vibrações da massa alvinegra. Taguatinga, Fortaleza, Feira de Santana, Florianópolis e Recife, para a final da Copa do Brasil alcançada pelo Corinthians naquele mesmo ano, foram as cidades visitadas. Mas na frente do estádio do Pacaembu, entrevistando uma senhora que abria a fila para a entrada de torcedores na estreia diante do CRB, de Alagoas, que o pontapé inicial foi dado.
“Começamos a fazer o filme para falar sobre a Série B, mas a competição acabou sendo usada mais como pano de fundo. Nessa relação do sofrimento e do amor, com os 23 anos de fila e o crescimento da torcida e a criação de uma identidade e de sentimento incondicional, aquele seria o cenário ideal”, explicou Voltolini à Universidade do Futebol.
Com jus ao nome do documentário, ele admite que para quem não é corintiano muitas informações podem acabar sendo perdidas, em virtude da rápida edição. Porém, o designer tem a impressão de que as pessoas aficionadas por futebol, mas que trajam camisas de rivais do Corinthians, vão gostar de ver e viver esse mundo especial.
Apesar de não ter sido concluída da forma como diretores e produtores queriam, muito por conta da inviabilidade comercial e de uma falha no diálogo com a diretoria do clube, o saldo é visto como positivo. As quatro partes de “Só quem é sabe o que é”, cuja filmagem, edição de imagens e montagem são da Porqueeu Filmes, de Gabriel Braga e Luis Rodrigues A.S.M.A., podem ser visualizadas logo abaixo, em meio às referências de Voltolini.
Com formação em História pela USP e longa trajetória na área de design, que começou desde cedo, esse corintiano que mora atualmente no Rio de Janeiro falou ainda sobre a representatividade dos movimentos de torcidas organizadas para o futuro do Corinthians, a relação entre futebol e arte e a razão pela qual o rótulo de “Time do Povo” está se descaracterizando.
“Você não precisa realmente ter os pobres na arquibancada para fingir que é um. Você sente, tem a energia de ser um time popular, ainda mais com essa arena nova a ser construída. É imagem, marketing, uma indústria, e o futebol se adapta a isso”.
Torcedor corintiano reza durante jogo da Série B de 2008: presente também na imagem, Voltolini viajou pelo Brasil e acompanhou vários destes momentos
Universidade do Futebol – Profissionalmente, como se deu a sua relação com o futebol?
Artur Voltolini – Comecei a trabalhar como designer aos 17 anos de maneira não acadêmica. Parei o colegial nesse período, e iniciei já em grandes editoras, como a Folha de São Paulo e a Abril. Com 25 anos, senti falta de um aprofundamento, voltei para a escola e depois comecei a cursar História na USP.
Então, comecei a unir um pouco essa área que atendeu organização e estética de espaço com a redação, também. E o cinema surgiu como um caminho natural. Já a entrada do futebol foi uma coincidência.
Ao mesmo tempo em que estava fazendo uma disciplina de história medieval, ministrada pelo professor Flávio de Campos, que é palmeirense fanático e especialista em futebol – inclusive faz parte do documentário –, o Corinthians cai para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro.
A uma semana de começar os jogos da competição, o Bressane, que tinha contato com uma produtora, falou comigo e começamos a pensar no roteiro do filme. Também era amigo da Phydia, a outra diretora, e pensávamos as coisas em reuniões, de maneira esporádica.
Todos tinham trabalhos e faziam o filme nas horas vagas. Nem ia assinar a direção no início, mas acabei assumindo, também. Fiquei empolgado e acabei recusando até outros trabalhos. É um filme bastante participativo.
Fiz as primeiras entrevistas, viajei com a torcida, e passei a estudar mais sobre futebol. Senti falta de uma visão mais acadêmica, antropológica e sociológica na obra.
O depoimento do professor está no filme, só que era muito maior do que a edição final, e tivemos que cortá-lo para não quebrar o ritmo.
Universidade do Futebol – Você acredita que a academia, de maneira geral, ainda trata o futebol de uma maneira pormenorizada, sem a profundidade que o tema instiga?
Artur Voltolini – O Eric Hobsbawm diz que para entender o capitalismo globalizado você tem que entender de futebol. O José Miguel Wisnik escreveu um livro, que eu até não gosto muito, mas muito importante sobre futebol. O Sergio Micelli também tem um texto muito legal sobre sociologia na época da invasão da torcida do Corinthians à região Sul, acompanhando a viagem no jogo contra o Inter. Além do Flávio de Campos, que estuda a modalidade, e o mestre dele, Hilário Franco Júnior.
Eu acho que existe pesquisa acadêmica para futebol, o problema é que a academia está distante da sociedade ainda, de maneira geral. A produção é endógena, não saindo de lá. Faltam algumas pontes, e conseguimos criar uma com esse filme, pelo menos.
É um problema da nossa imprensa, também, que é um pouco preconceituosa com a academia. Jornalista detesta historiador, e vice-versa (risos).
Falta uma ponte real. A academia se fecha e não sabe divulgar, ou realizar a vulgarização científicade suas produções.
Universidade do Futebol – “Quem não é” não irá captar as mensagens principais do documentário? Ou o objetivo é justamente um filme apenas para corintianos?
Artur Voltolini – Eu vou ter que ser honesto: o documentário foi feito quase que como uma “geração espontânea de filme”. Considero e vejo como crítica o fato de ele não conseguir se explicar. Para quem não é corintiano, ficam muitas informações no vazio, com uma edição super-rápida, que eu acho sensacional, mas a impressão é que as pessoas não corintianas não se situam, apesar de gostarem de ver e viver esse mundo.
Acabou virando um filme para corintiano, embora, por conta da edição, dos clipes e da trilha sonora, todos que gostam de futebol vão se divertir com essa experiência.
Começamos a fazer o filme para falar sobre a Série B, mas a competição acabou sendo usada mais como pano de fundo. Nessa relação do sofrimento e do amor, com os 23 anos de fila e o crescimento da torcida e a criação de uma identidade e de sentimento incondicional, aquele seria o cenário ideal.
A essência de ser corintiano aparece muito mais no drama, na queda para a segunda divisão, por exemplo, do que na efêmera conquista de um título mundial.
Universidade do Futebol – O objetivo de explicar o sentimento corintiano por intermédio de um filme foi atendido, então...
Artur Voltolini – Exatamente. Só que a intenção era acompanhar a todos os jogos, pois o dinheiro para as viagens acabaram um pouco antes. O filme era sobre ser corintiano e se passa no ano em que o time disputou a Série B do Brasileiro.
Universidade do Futebol – Houve algum impedimento por parte da diretoria do Corinthians na divulgação do projeto? Como foi construída essa relação?
Artur Voltolini – Demos início ao filme e acredito que nossa produtora cometeu um erro ao não falar diretamente com o Corinthians, que tinha assinado um acordo com a Fox Filmes. O clube, então, não poderia lançar mais esse produto, e não liberaria a marca para que nós lançássemos o nosso documentário.
Fomos produzindo durante o período de negociação, mas houve uma grande dificuldade com o departamento comercial do Corinthians que impediu a divulgação em tempo hábil – deveria ter sido em 2009, mas acabou ocorrendo apenas neste ano.
O filme não foi concluído da forma como nós queríamos por conta da inviabilidade comercial. Por mais barato que ele tenha custado, foi um investimento grande para todos os envolvidos.
Universidade do Futebol – Qual a intenção e o diferencial de traduzir o sentimento do torcedor corintiano sem ao menos uma única imagem do que rolava dentro das quatro linhas, como forma de contexto?
Artur Voltolini – São vários os fatores. Quando comecei a produzir o filme, liguei na Federação Paulista de Futebol para conseguir uma autorização e poder captar imagens do campo – ela cobrava R$ 30 mil por jogo. Iríamos ver isso juridicamente, pois havia um empecilho cujo tamanho nós não sabíamos qual era.
Resolvemos, depois, nos fixar às arquibancadas e aos arredores, na experiência corintiana. Você vai na Camisa 12 e vê que a molecada mais canta e dança do que assiste ao jogo. Há toda uma vida social construída em torno de ser corintiano e de fazer parte de uma torcida organizada. Os trabalhos, as namoradas, as festas, é quase que uma igreja, uma escola de samba: uma mistura de política e religião muito louca.
Poderíamos falar dos resultados dos jogos só pelas expressões dos próprios torcedores e pela leitura narrativa deles. Em princípio o filme iria se chamar “Jogo sem bola”, mas a produtora entendeu que era mais comercial e viável o “Só quem é sabe o que é”.
Universidade do Futebol – Vocês sinalizaram torcedores que viajaram a todos os jogos da campanha durante a Série B, movimentos organizados, aficionados da própria região em que ocorreria o jogo e até um policial que se revelou fã do clube. É possível determinar um perfil específico do corintiano?
Artur Voltolini – Eu acho que quando você pensa em massa, você consegue ter um perfil da massa; o perfil individual, não. Esta é uma resposta que eu queria ter respondido com o filme: há realmente diferença entre um corintiano e um santista? Acredito que sim, mas não acho que seja possível descobrir o time da alguém através de um questionário.
Eu também não viajei com a Dragões da Real, [torcida organizada] do São Paulo, por exemplo, para saber o comportamento dela em uma caravana.
Percebi com os corintianos coisas muito legais em termos de cooperação e ajuda entre eles próprios, mas também vi cenas horríveis. Acompanhei o jogo de Recife, contra o Sport, pela final da Copa do Brasil de 2008. Na véspera, os corintianos que viajaram de avião estavam enlouquecidos, bebendo em um bar, tentando agredir uma prostituta que estava com uma camisa do Sport – um clima de animosidade.
Eu não conseguia entender a causa daquilo. Vi uma coisa absurda ao fim do jogo, quando peguei carona no carro de uns corintianos. Um deles colocou a cabeça para fora da janela e gritou: “Ei, seu cabeça chata, vou chamar sua mãe para trabalhar na minha casa”.
Nunca imaginaria na torcida do Corinthians, a mais popular, um nível de preconceito tão baixo como esse. Da mesma forma que vi expressões lindas de dedicação ao clube, de amizade, de auto-ajuda e crença. Fiquei meio atordoado de futebol ao fim do filme.
Universidade do Futebol – A Gaviões da Fiel, maior torcida organizada do Corinthians, enfrenta algumas questões de divergência. Inclusive, alguns membros, entre os quais ex-presidentes da agremiação, criaram um movimento intitulado “Rua São Jorge”. Qual a sua avaliação sobre esse momento?
Artur Voltolini – Eu não sou especialista, mas sei que o carnaval assumiu outra condição dentro da Gaviões, inclusive com algumas denúncias dentro da quadra sobre as quais não quero opinar. Há muitos interesses comerciais.
O que acho que deveria se fazer, assim como ocorre na Mancha Verde, é a divisão do departamento da torcida de carnaval e o de futebol. Na Gaviões esse processo não se consolidou e gerou uma crise política.
O pessoal da Rua São Jorge usa em suas camisas o lema “É nóis q tá”, pois são os que estão sempre presentes nos estádios, são os mais fanáticos, vão cobrar os jogadores. Não querem se dissociar da torcida, mas abriram uma dissidência política, quem sabe para conseguir vencer uma eleição futura...
Pensamos em lançar o vídeo, inclusive, pela Gaviões da Fiel, mas acabou não vingando, pois também fazíamos menção à Rua São Jorge, e eles não aceitaram isso.
Quem vive dentro de uma torcida organizada tem uma experiência de democracia e política comunitária muito mais forte do que qualquer playboy que vive no Itaim e sequer cumprimenta seu vizinho. Parece que muitas vezes você está em um congresso de estudantes da USP, com a democracia ocorrendo.
Mas onde tem democracia, também tem abuso de poder. E por ser do tamanho que é, a Gaviões não aparenta ser tão democrática assim.
Universidade do Futebol – Qual a leitura que você faz entre o futebol enquanto arte, manifestação artística, mesmo, e o futebol enquanto negócio?
Artur Voltolini – Me lembro de uma Copa do Mundo de futebol feminino que parecia que todas as jogadoras brasileiras eram o Garrincha. Elas têm o corpo menor, apesar de o campo ser do mesmo tamanho, então o jogo fica mais corrido e menos marcado, pois elas não têm força física para marcar tanto, e os dribles eram muito constantes.
Hoje, o futebol é um jogo de marcação, basicamente. Se não fosse a Fifa impedir uma arbitragem eletrônica, iria virar um esporte de eficiência, como o basquete, perdendo um pouco a magia. Acho que a arte não vai morrer, mas o tipo de jogo é outro hoje.
Os grandes clubes de futebol viraram empresas. No Real Madrid há um marketing muito eficiente, com uma gestão extremamente profissional, sendo encarado como uma verdadeira indústria. No Brasil, o futebol só não é mais lucrativo por causa da cartolagem.
Por conta do forte interesse econômico, é inevitável que o futebol se deteriore. Lembro de uma matéria que li e ela dizia que está havendo um aumento da popularidade dos jogos da terceira divisão da Inglaterra. Justamente porque o jogador não vai abandonar o time do seu bairro por outro que pague mais.
Gostaria de ver no Brasil algo que poderia reduzir a violência no futebol, a criação de um campeonato entre torcidas. A violência e a animosidade seriam resolvidas em campo, e o cara nunca abandonaria a Gaviões para jogar na Independente. Ali, talvez, veríamos novamente nos jogadores lampejos, senão do futebol-arte, pelo menos da paixão pelo time que não vemos no futebol profissional com tanta frequência.
Quando o Ronaldinho [Nazário] cortou o cabelo igual ao personagem Cascão e o mundo inteiro o copiou não foi por imbecilidade, mas para mostrar a força da marca dele. Não à toa, tem contrato vitalício com a Nike.
As manifestações culturais brasileiras mais consumidas pelas massas são o futebol e a novela. Enquanto a novela cumpre o papel de abrandar os conflitos de classe, o futebol cumpre o papel de acostumar o povo à corrupção, com suas regras estapafúrdias, seus tapetões e seus juízes comprados, que refletem a ética da sociedade, que é a ética da classe dominante. Quando se vê isso na Fifa, também, entendemos que é um problema mundial.
Me pergunto: ao mesmo tempo que a Fifa tem essa postura sobre a tecnologia e a arbitragem para deixar possível o erro do árbitro e estabelecer a emoção dos jogos, ela não pode assumir essa condição para manter o controle sobre os resultados? É um pouco de teoria da conspiração, mas não duvido.
Universidade do Futebol – Especialmente por conta da disputa da Libertadores no ano do centenário do clube, a diretoria do Corinthians majorou o preço de diversos setores do estádio para os jogos dessa competição, gerando críticas de muitos torcedores. Você acredita que, em longo prazo, com a manutenção dessa política, o preceito de “Time do Povo” possa vir a se deteriorar?
Artur Voltolini – Eu acho que não apenas no caso do Corinthians, mas algo geral. Talvez o nosso filme seja lembrado daqui a alguns anos como a última vez em que pobre foi filmado no estádio. Com o Fiel Torcedor, hoje, você tem que ter acesso à internet para acessar ao plano, fora o dinheiro investido.
Perguntei para alguns quanto que eles gastavam para ser corintiano por mês – não coube na edição do filme. Eles responderam que em torno de R$ 400,00. Não dá. Corintiano se tornou classe média. E isso é um movimento mundial. É uma tentativa de acabar com as torcidas organizadas e tirar o poder delas, transformando o espetáculo do futebol em algo asséptico.
O Corinthians não é um time só de pobres. Na classe alta de São Paulo, também a maioria é de torcedores corintianos. Mas todos se identificam com um ideal, o ideal de ser povão. É quase que um personagem.
Você não precisa realmente ter os pobres na arquibancada para fingir que é um. Você sente, tem a energia de ser um time popular, ainda mais com essa arena nova a ser construída. É imagem, marketing, uma indústria, e o futebol se adapta a isso.
Não é à toa que o Ronaldo veio jogar no Corinthians e que a direção conseguiu benefícios para construir o seu estádio e tirar a abertura da Copa do Mundo do rival São Paulo. O perfil popular será mantido, mas dentro do estádio a realidade será outra.
Acredito que a salvação do Corinthians esteja nas mãos das torcidas organizadas. Elas ainda têm uma força diferente da dos outros clubes, principalmente a Rua São Jorge, cujo papel nesse processo é essencial; exemplo disso é a faixa estendida nos estádios pedindo por ingressos a preços populares. Muita gente no ambiente esportivo espera extirpar esse tipo de movimento social e colocar todos sentados comportadamente em suas cadeiras, como na Copa do Mundo do Japão, algo absolutamente sem graça.
Entenda o Movimento Gaviões da Fiel Rua São Jorge
Universidade do Futebol – Qual a análise que você faz sobre a produção cultural focada no futebol, especialmente em se tratando de peças e filmes? Essas obras atendem ao que você compreende como essência no esporte?
Artur Voltolini – Os filmes que eu vi, não gostei, sinceramente, mas não tenho tanto interesse. O primeiro Boleiros, do Ugo Giorgetti, é muito bom; já o segundo, não. O filme do Pelé é um dos mais bregas, com aquelas entrevistas falsas. Mas me peguei chorando em um momento, porque o Pelé é espetacular.
O próprio Fiel, também, é muito ruim, anti-séptico, com torcedores de banho tomado dentro do Pacaembu vazio. O último do centenário eu nem vi., mas me disseram que é bem melhor.
Acredito que haja um problema de concepção, mesmo, pois você tem que conseguir colocar naturalmente o futebol na cultura. Ele é parte da sociedade, e não dá para fazer essa inserção de maneira artificial.
Universidade do Futebol – Na avaliação de um profissional envolvido na área como você, quais são os principais desafios para que tenhamos um mercado cinematográfico fortalecido no Brasil?
Artur Voltolini – Só as elites metropolitanas têm tempo, dinheiro e interesse para realmente consumir cultura no Brasil. O torcedor típico mais pobre vai ver os filmes referentes ao clube, hits como o "Tropa de Elite", mas invariavelmente vai preferir poupar seu dinheiro para assistir aos jogos no estádio, comprar os uniformes, viajar com a torcida, etc.
É um problema a ser resolvido a médio e longo prazo. Vamos ver se o dinheiro do Pré-Sal será realmente investido em cultura e educação, vamos ver se haverá algum plano nacional de educação, se resgataremos o Paulo Freire de uma vez. Se a Coreia do Sul conseguiu colocar todos na faculdade em três gerações, nós também conseguimos.
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Benê Lima