Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

sexta-feira, fevereiro 11, 2011

[Intertransdisciplinaridade] O salto do paradesporto no Brasil

Gabriel Mayr, gerente de desenvolvimento da Urece Esporte e Cultura
Referência em paradesporto no Brasil fala sobre as especificidades do treinamento de times de cegos
Bruno Camarão

Gabriel Mayr não é uma pessoa boa ou iluminada simplesmente. E faz questão de deixar explícita sua relação com um campo da atividade física que ainda demanda estudo e o devido embasamento científico. Ele é gerente de desenvolvimento da Urece Esporte e Cultura, associação não governamental sem fins lucrativos com sede no município do Rio de Janeiro.

O objetivo do grupo é a promoção de atividades esportivas e culturais, contribuindo para a formação de pessoas com deficiência visual de modo a favorecer a inclusão social. Desde o fim de 2005, quando foi fundada, a Urece conta com a participação deste jovem, mestre em Educação Física Adaptada e uma das principais referências em paradesporto no País.

Com uma formação ligada à Europa (estudou nas universidades de Leuven, na Bélgica, e em Palackeho Olomouc, na República Tcheca), Gabriel possui especialização no Royal National College for the Blind, em Hereford, Inglaterra, sendo Técnico em Orientação e Mobilidade pelo Instituto Benjamin Constant e bacharel em Educação Física pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ao lado dele, atuam profissionais com experiência no desenvolvimento de atividades voltadas para este segmento, os quais auxiliam os deficientes visuais que fundaram e regem a associação.

“Sempre tenho tentado iniciar novas práticas. Este ano trabalhamos com um projeto para levar a prática do futebol para cegos à África. Esse sonho existe. Faz diferença viajar para um torneio e ser campeão, mas não podemos esquecer que nesse trabalho com o qual lido, as possibilidades de mudança social e de vida são muito relevantes”, disse Gabriel, nesta entrevista concedida àUniversidade do Futebol.

Ele é o pioneiro do futebol para cegos na República Tcheca e idealizou e ministrou o primeiro workshop de futebol para mulheres cegas no mundo, em Tübingen, na Alemanha. Campeão mundial de futebol para mulheres cegas como treinador, ele explicou as particularidades da função e o diferencial em termos de treinamento e planejamento estratégico de um grupo com deficiência.

“Planejamos movimentos em um circuito, por exemplo. Definimos números e um atleta chuta a gol após o outro. Ao efetuar a finalização, este se desloca para o outro lado da quadra. A ideia é diminuir os riscos para eles. Em um momento inicial, apresentamos o espaço, a quadra, e temos algumas dificuldades inerentes à deficiência deles. O cego precisa se adaptar ao ambiente espacial”, elencou.

O preconceito, a estigmatização, a desinformação, o assistencialismo e a discriminação ainda permeiam as relações entre o deficiente e a sociedade. Só que para surpresa de Gabriel, alguns atos de segregação foram observados, em um primeiro momento, na relação das equipes masculina e feminina que ele dirigia.

“Eventualmente, os homens cegos chegavam mais cedo para rir das mulheres, que estavam treinando. Tivemos de separar essa relação. Após a conquista do campeonato mundial e de algumas reportagens, da divulgação, dos patrocínios, os atletas da nossa equipe passaram a reconhecê-las e hoje são os primeiros a brigar por elas. Uma mostra de que o esporte realmente pode mudar uma realidade social, e fazer parte desse processo é muito legal”, revelou Gabriel, que também foi técnico de Marcos Lima, o primeiro cego brasileiro a esquiar na neve, auxiliar técnico da seleção brasileira de Rugbi em Cadeira de Rodas e atua eventualmente como goleiro de algumas de suas equipes.

Entre outras temáticas, ele apontou a maneira como são traçadas as estratégias de diálogo da Urece com a sociedade civil e a mídia de maneira geral e justificou por que clubes e CBF seriam importantes para o processo de massificação da modalidade.



No gol, Gabriel defende. Fora das quatro linhas, "ataca" em iniciativas para o desenvolvimento dos esportes para cegos: cultura e sociabilização compõem sua carreira profissional

 

Universidade do Futebol – Como nasceu a Urece e a que se propõe a entidade?

Gabriel Mayr – A Urece é uma associação sem fins lucrativos localizada no Rio de Janeiro, criada em outubro de 2005. Os fundadores são atletas e professores de Educação Física e fisioterapeutas envolvidos com os esportes para cegos.

Trabalhávamos em um instituto que era federal, mas com diversas limitações. Diante das barreiras, resolvemos criar a Urece, uma associação de esporte e cultura para cegos.

Começamos com uma equipe de atletismo composta por sete atletas, e hoje temos 62 pessoas envolvidas. São cinco modalidades trabalhadas regularmente: o atletismo, o goalball, a natação, o remo e o futebol para cegos. Duas são atividades pioneiras: em 2008, um atleta que foi levado por mim daqui para a República Tcheca, se tornou o primeiro brasileiro cego a esquiar na neve; e o outro é o futebol para mulheres cegas, que ainda não é reconhecido no mundo, mas já temos uma equipe que foi campeã mundial e estamos desenvolvendo clínicas para promover o esporte no Brasil.

A grande contribuição é ser uma entidade fundada por atletas e profissionais com algumas ações pioneiras. Ano passado conseguimos o patrocínio da Penalty. Agora estamos preparando uma ação com as vendas que os atletas utilizarão à frente dos olhos. Buscamos parcerias, não doações, e esse é o nosso diferencial.

Universidade do Futebol – De que maneira se deu a sua pesquisa sobre o futebol para cegos na República Tcheca?

Gabriel Mayr – Eu fiz meu mestrado na Bélgica e na República Tcheca. Tinha recebido uma bolsa da União Européia para estudar. Lá na República Tcheca, ainda não existia o futebol para cegos. Pela minha pesquisa, iniciei a modalidade. É difícil comparar o futebol de lá com o daqui. O Brasil foi um dos países que deram início ao esporte, é bicampeão paraolímpico, e lá eles nunca haviam jogado.

O maior especialista em esporte para cegos daquele país, que era meu orientador, falou categoricamente que era uma ideia estúpida aplicar a prática ao futebol, e tive que provar a ele o contrário. Foi algo pioneiro e muito legal, pela aceitação ímpar dos atletas.

Hoje é o único esporte que está em expansão e que a cada dia ganha novos atletas interessados. Para mim foi muito especial e uma experiência muito rica.

As pessoas que são apaixonadas por futebol e nunca viam possibilidade de jogar, hoje estão disputando campeonatos locais, ganharam uma qualidade de vida. Não dá pra mudar o mundo, mas dá pra mudar a situação de muita gente. E participar desse processo é muito interessante, algo que me realiza.

Sempre tenho tentado iniciar novas práticas. Este ano trabalhamos com um projeto para levar a prática do futebol para cegos à África. Esse sonho existe. Faz diferença viajar para um torneio e ser campeão, mas não podemos esquecer que nesse trabalho com o qual lido, as possibilidades de mudança social e de vida são muito relevantes.



Gerente de desenvolvimento da Urece, Gabriel é treinador de equipes masculina e feminina de cegos 

 

Universidade do Futebol – Como são delineados treinamentos, atividades de preparação física diárias, planejamento do grupo e formatação tática de uma equipe de cegos?

Gabriel Mayr – Na questão do treinamento físico, você terá as especificidades do próprio esporte. A parte fisiológica vai ser basicamente igual com a do futebol tradicional, com os treinamentos realizados de acordo com os objetivos. Como no futsal os treinamentos são diferentes do futebol de campo, no futebol para cegos haverá distinções em relação ao futsal.

O que há de adaptação é que, primeiro, as delimitações de espaço são outras. Não adianta usar um cone para uma atividade. Você também não pode preparar tiros de corrida em direção a uma parede, pois aquele atleta não irá frear antes do choque.

Planejamos movimentos em um circuito, por exemplo. Definimos números e um atleta chuta a gol após o outro. Ao efetuar a finalização, este se desloca para o outro lado da quadra. A ideia é diminuir os riscos para eles. Em um momento inicial, apresentamos o espaço, a quadra, e temos algumas dificuldades inerentes à deficiência deles. O cego precisa se adaptar ao ambiente espacial.

É uma especialização. Para mim, é muito mais difícil dar uma aula de hidroginástica do que um treino de futebol para cegos. Há técnicas, e não é simplesmente a inspiração do professor. Não podemos resumir a isso.

No jogo, o técnico tem a função de orientar os jogadores que estão na faixa central da quadra. O goleiro orienta a defesa e o chamador, quem está no ataque.
 


 

Universidade do Futebol – Atributos como tomada de decisão e liderança são inatos a alguns atletas cegos mais talentosos, ou você consegue trabalhar essas capacidades, especialmente em atletas recém-chegados?

Gabriel Mayr – Os atletas recém-chegados, geralmente os que sofreram a deficiência, seja por acidente, doença ou qualquer outro motivo, apresentam normalmente a auto-estima muito baixa. Eles estavam acostumados a ter uma vida ativa, e naturalmente se julgam incapazes com a nova condição.

Então, trabalhamos de uma maneira muito simples dentro de quadra, e os próprios companheiros indicam um caminho, sinalizando que aquela deficiência não vai impedi-los de trabalhar, namorar, fazer um esporte ou ser socialmente ativo.

Com esse trabalho, ao ganhar essa confiança e essa qualidade de vida, os reflexos se verão em quadra. Disputar uma jogada, driblar, discutir, etc., promovem uma nova noção a esse cidadão.

Agora, como em todo esporte, há atletas com dom para a liderança, ou não. Não podemos correr o risco de dizer que todo cego é um vencedor na vida e vai ser um bom líder. Ou como é cego, escuta bem, e vai ser um grande músico. Nem todo cego é extraordinário. E nosso grande trabalho é mostrar à sociedade que cada um é um indivíduo único. Dois cegos não são iguais porque não enxergam. Há talentos diferenciados e iremos encontrar vários tipos de personalidades em uma equipe de futebol para cegos.



"O cego precisa se adaptar ao ambiente espacial. Há técnicas, e não é simplesmente a inspiração do professor. Não podemos resumir a isso"
 

Universidade do Futebol – Para ter êxito na carreira de treinador para cegos, então, é interessante que este profissional tenha uma base científica na área da psicologia esportiva?

Gabriel Mayr – Sim. Seria fundamental que todos tivessem essa formação. O trabalho ainda não é extremamente desenvolvido nessa área, mas já há algumas pessoas interessadas, com estudos particulares.

Você lida no esporte com uma deficiência. De maneira geral, as pessoas que passam a vida pela sociedade sendo tratadas com condescendência, porque a própria sociedade já espera que elas não sejam capazes e que falhem pela deficiência, entram em quadra sem cobrança.

O time adversário não terá o mesmo comportamento e provavelmente vencerá. Por isso que temos de definir funções e cobrar objetivos, e esse fato de lidar com as cobranças requer uma adaptação. A pessoa geralmente vem de um seio familiar estruturado, e em pouco tempo irá se ver no meio de oito, nove pessoas com deficiência.

É necessário que os profissionais interessados busquem mais informações e uma formação específica na área para desenvolver o trabalho.

Universidade do Futebol – A Uefa possui um grupo de estudos que se propõe ao debate, entre outros temas, do desenvolvimento do futebol para pessoas com necessidades especiais. Há medidas semelhantes a esta em território sul-americano? A CBF, por exemplo, contribui de alguma forma com a modalidade?

Gabriel Mayr – Não, a realidade é distinta no Brasil. A Uefa, particularmente com o futebol para cegos, vem realizando um trabalho muito interessante, com o patrocínio de clínicas pela Europa. Depois de um ano quando iniciei a modalidade na República Tcheca, eles desenvolveram um curso lá com outra pessoa, indo para países vizinhos.

Naquele continente, há essa preocupação de que o futebol seja para todos, homens, mulheres, pessoas com deficiência, e é bem mais avançado do que aqui.

A CBF não apóia de maneira alguma, e a Confederação Brasileira de Desportos para Deficientes Visuais (CBDV) é autônoma e não tem nenhuma ingerência daquela entidade. Temos iniciativas isoladas, como uma parceria com o América-RJ, mas apenas para cessão de espaço para treinamentos.

É uma pena. Com a CBF e os clubes sendo mais atuantes, poderíamos massificar o futebol para cegos, pensado como esporte. Não estou falando de “como o ceguinho é um vencedor na vida por jogar futebol”, como muitas matérias costumam se referir. Eles são atletas.

Muitas vezes ficamos nesse chavão, como o da Keila Costa, exímia saltadora, que começou treinando em uma pista de terra, tomando isso como símbolo da carreira dela. O mesmo vale para os atletas cegos, mas cada um tem sua particularidade. Nem todos tiveram dificuldades financeiras, por exemplo.

Temos experiência fora no Brasil de lugares em que aconteceram parcerias, como durante edições da Eurocopa: em uma delas, houve uma apresentação do futebol para cegos antes de uma semifinal; em outra ocasião, de um jogo de futebol para paralisia cerebral. Isso ajuda a divulgar a outra realidade existente.



Melhor jogadora do mundo da modalidade tradicional, Marta foi convocada para ser madrinha do projeto especial: título na Alemanha, respeito e aquisição de patrocínios

 

Universidade do Futebol – Você também atua à frente de uma equipe feminina de cegas. Quais são as peculiaridades do trabalho com elas em relação ao desenvolvido com os homens?

Gabriel Mayr – É bem similar com as especificidades da relação futebol masculino x futebol feminino tradicional. E similar até mesmo onde não esperávamos.

Durante meu mestrado, fiz uma clínica de futebol para mulheres cegas na Alemanha, e foi organizado um campeonato internacional europeu. Fui convidado para dar uma palestra e comentei sobre a possibilidade de levar um time – sequer tinha um, mas juntei algumas jogadoras, e acabamos faturando até o troféu mundial.

A Marta foi a madrinha do projeto, e a partir dela conseguimos viabilizar um patrocínio, algo muito legal. Mas o que mais me surpreendeu nesta história, mesmo, por um erro de avaliação, talvez, é que as meninas cegas sofreriam nenhum preconceito além daqueles que os meninos sofrem: “cego não pode jogar futebol, cego não sabe jogar bola, etc.”.

Além dessa questão inerente, havia a discriminação por serem mulheres. E curiosamente os próprios atletas cegos mantinham um preconceito com as companheiras.

Eventualmente, os homens cegos chegavam mais cedo para rir das mulheres, que estavam treinando. Tivemos de separar essa relação. Após a conquista do campeonato mundial e de algumas reportagens, da divulgação, dos patrocínios, os atletas da nossa equipe passaram a reconhecê-las e hoje são os primeiros a brigar por elas. Uma mostra de que o esporte realmente pode mudar uma realidade social, e fazer parte desse processo é muito legal.

Universidade do Futebol – Em termos técnicos práticos, encontra mais dificuldade para trabalhar com as mulheres? E como é esse trabalho no campo da psicologia com elas?

Gabriel Mayr – Na equipe feminina, até pela falta de experiência, tivemos muitos problemas de conflitos entre elas, entre elas e nós, e não encontrávamos isso no futebol masculino. Este ano, iniciamos um trabalho com a Rede Esporte pela Mudança Social, com diversas ONGs e associações, e lá conhecemos o Fundo Social Elas, que é uma fundação que apóia projetos para mulheres. E trabalharemos na formação das meninas em resolução de conflitos, com o auxilio deles, que possuem essa expertise.

Eles têm diversas dinâmicas para trabalhar e que, acredito, poderão nos causar muitos benefícios, tanto em termos de profissionais que saibam lidar com esse tipo de situações, quanto para as atletas, em suas vidas, com família e trabalho. Como trabalhar a resolução de problemas dentro do grupo, como fofocas, picuinhas, pequenas arestas, mostrando como isso pode ser nocivo para a equipe, é um dos pontos.



Urece atua no diálogo comunicativo, com uma equipe que se desdobra em várias frentes; apoio do América-RJ, de Romário

 

Universidade do Futebol – Você falou um pouco sobre a construção de pautas pelos veículos de comunicação, que geralmente não compreendem a complexidade do trabalho de vocês. Qual é a importância da comunicação na construção de uma sociedade inclusiva, especificamente em se tratando da esfera esportiva?

Gabriel Mayr – A missão da Urece é difundir o real potencial da pessoa com deficiência visual. Mais do que fazer atividade, é mostrar para sociedade o que o cego é capaz de fazer. Para nós, é importante divulgar algo que um cego fez para que a sociedade possa mudar. A comunicação está intrinsecamente ligada ao nosso modo de pensar.

Os projetos pioneiros, como esqui e futebol feminino, são ligados à comunicação e têm maior viabilidade de entrada na mídia, promovendo maior visibilidade à nossa causa.

Acho que além da formação acadêmica para formar profissionais que vejam o mundo de uma maneira diferente, a mídia talvez seja a melhor maneira de contribuir com o processo transformativo.

É natural que os reportes da maioria dos veículos, como parte de nossa sociedade, não tenham uma formação adequada e reproduzam visões que não as mais corretas, ou demonstrando pena excessiva da pessoa com deficiência, ou, então, passado este momento, realizando uma “idolatria” desse deficiente. Acredito que possamos melhorar essa relação.

A Urece tem a intenção neste ano de realizar um seminário para estudantes de Educação Física, de Jornalismo e jornalistas para passar um dia e entender com mais propriedade como funcionam os esportes para cegos. Não com a intenção de vender pautas, mas para promover uma elucidação dos nossos projetos e das variações das modalidades.

Universidade do Futebol – Recentemente, o Diário Oficial publicou a aprovação pelo Ministério dos Esportes do projeto "Porque não Enxergarmos Obstáculos", iniciativa da Urece Esporte e Cultura. O que isso representa em termos gerais?

Gabriel Mayr – Temos uma dificuldade muito grande na captação de patrocínios e na remuneração de profissionais, assim como para adquirir os materiais esportivos. Esse projeto engloba as equipes masculina e feminina de futebol, alem da comissão técnica. E a empresa que apoiar a Lei de Incentivo terá a dedução fiscal.

Teremos uma reunião em são Paulo no fim deste mês com um dos patrocinadores para transformar o incentivo que não é incentivado em incentivado, mas há muitas dificuldades, pois muitas empresas não sabem do que se trata essa nova legislação.

Sem uma estrutura, um lobby bacana, é difícil vencer essas barreiras. E estamos sentados na isenção de 260 mil reais de imposto de renda: em vez de dar para o governo, a empresa pode investir em nós e trabalhar depois com mídia em responsabilidade social. Mas ainda não tivemos ninguém interessado, o que não é uma exclusividade nossa. Os projetos vêm sendo aprovados aos poucos, e ficamos no aguardo, trabalhando.

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Benê Lima