Com o público consolidado dentro do País, clubes de futebol têm de buscar novos mercados e novos fãs
Por Erich Beting
Grêmio e Internacional fizeram, no último domingo, o clássico de número 384 em suas histórias. O número passaria batido não fosse pelo detalhe de que, pela primeira vez, o “Gre-Nal”, como é conhecido o choque entre os dois clubes, foi disputado fora do Brasil.
O confronto em Rivera, no Uruguai, poderia ter sido uma das mais brilhantes sacadas de marketing de um campeonato estadual de futebol dos últimos tempos.
A decisão de mandar o clássico para fora de Porto Alegre já vem sendo tomada há dois anos pela Federação Gaúcha de Futebol, uma vez que os clubes se enfrentam apenas uma vez na fase de classificação do torneio e, assim, não há privilégio de uma equipe atuar em seu estádio e a outra não.
Agora, porém, pela primeira vez o jogo rompeu fronteiras e acabou sendo realizado em Rivera, que de uruguaia tem praticamente só o fato de pertencer ao país vizinho, já que o Brasil domina idioma e costumes da região.
A mudança de país para o clássico partiu de uma iniciativa do comércio local. Os comerciantes decidiram bancar o jogo, pensando nos dividendos que teriam com a presença dos dois times mais famosos e comentados da região.
Mas, com as atenções de Grêmio e de Inter voltadas para a disputa da Copa Libertadores, a alternativa mostrou-se não tão eficiente. Jogadores desconhecidos, técnico ausente (Renato Gaúcho não foi ao Uruguai, e o time do Grêmio foi comandado pelo auxiliar Roger) e pouco estardalhaço em cima do primeiro Gre-Nal no exterior minaram a presença de público e o próprio interesse da mídia. No final das contas, dos 21 mil torcedores esperados, apenas um terço compareceu. Foram pouco mais de 7 mil em Rivera, um público ínfimo se compararmos a outros Gre-Nais da história.
Romper fronteiras é, para o futebol brasileiro, um desafio que se aproxima cada vez mais. Com o público consolidado dentro do país, os times de futebol precisam buscar novos mercados e novos fãs. Essa foi a lógica que permeou a invasão estrangeira dos grandes clubes de futebol da Europa e que, no passado, era o que sustentava boa parte dos times do Brasil (o Santos de Pelé era o melhor exemplo disso).
Só que não adianta nada buscar novos caminhos se ainda não estivermos preparados para promover essas novidades. No final, o Gre-Nal de Rivera vai passar batido na história, quando tinha tudo para ser um marco revolucionário do esporte brasileiro.
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Benê Lima