No primeiro confronto da década entre Cruzeiro e Atlético-MG, apenas a torcida celeste esteve presente na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas – parte de um acordo entre diretorias dos clubes mineiros e órgãos locais de segurança. E além de ter lamentado o revés por 4 a 3 para o rival, em partida válida pela terceira rodada do Estadual, os fãs anfitriões viram um deboche de Diego Tardelli.
O atacante alvinegro, autor de três gols, ao vencer o goleiro Fábio pela segunda vez, na virada atleticana, comemorou de maneira provocativa: simulou estar se maquiando, gerando revolta nas arquibancadas e entre os próprios jogadores adversários.
“Só no clássico eu não conseguia ir bem, mas hoje não preciso mostrar mais nada para aquela meia dúzia de torcedores que criticavam. Mostrei o meu futebol, fui decisivo e o importante é a vitória e a força do nosso time”, discursou Tardelli, que ainda acabou sendo expulso nos minutos finais.
No posicionamento efetivo acumulado, bolinhas azuis mostram as ações ofensivas do artilheiro do jogo: muita movimentação e precisão nas finalizações
Com o mando do jogo, o Cruzeiro atuou em um 4-2-3-1, e só pressionou o Atlético-MG quando esteve atrás do placar. Léo e Gil eram os zagueiros, com Pablo e Diego Renan completando a última linha defensiva. Leandro Guerreiro e Henrique foram os cabeças de área, no suporte a Gilberto, Thiago Ribeiro e Montillo, este mais centralizado. À frente, Wellington Paulista era a referência – ele acabou abrindo o marcador, inclusive.
Pouco inspirado e, quando finalizou com perigo, os comandados de Cuca encontraram Renan Ribeiro em grande dia. O goleiro atleticano, preciso em menos de 30% das reposições e com um lançamento errado, interveio muito bem embaixo da meta.
Montillo, Gilberto e depois Roger, ao contrário, estiveram em baixa. O camisa 7 e que eventualmente atua como lateral esquerdo fez uma grande jogada no primeiro tempo, mas foi barrado e depois desarmado por Renan. Nem ele, nem Diego Renan aproveitaram todo o espaço deixado pelo lado direito da defesa alvinegra.
Média do fluxo de passes do Cruzeiro, que teve bem mais posse de bola no clássico, indica preferência pelo lado direito - primeiro com Pablo (2), depois com Henrique (8)
Já o Atlético-MG atuou no 4-4-2 em quadrado. Melhor até fazer 2 a 1 de virada ainda no primeiro tempo, o time comandado por Dorival Júnior foi pressionado e só retomou as ações e o controle do jogo após o empate cruzeirense: logo aos 4min do segundo tempo, Pablo serviu o volante Henrique, que invadiu a área e finalizou com eficácia.
No instante seguinte, porém, Tardelli voltou à rede. Ele recebeu passe na entrada da área, dominou e girou, batendo no canto direito de Fábio. A bola ainda tocou a trave antes de entrar.
Os dois volantes foram Zé Luís, pela esquerda, e Serginho pela direita. E ambos foram volantes de marcação. Os laterais também não tiveram liberdade para avançar (Jackson e Leandro cumpriram papel defensivo em todo o jogo). Em compensação, Ricardinho, meia esquerda, e Renan Oliveira, meia direita, tiveram muita liberdade para armar e puxar contra-ataques.
O canhoto, que defendeu a seleção brasileira em duas Copas do Mundo, também teve referenciais positivos de acordo com os dados da Scout Online. O camisa 10 simplesmente foi o jogador mais acionado (28) e o que mais efetuou passes (36) ao longo do duelo. Apesar de o Cruzeiro ter mais posse de bola (59%), com quase o dobro das trocas de passes certos.
Em determinado momento, no segundo tempo, Cuca postou o time no 4-1-4-1, como já tinha feito contra a Caldense. Liberou Wallyson, meia-atacante aberto pela direita, e Thiago Ribeiro, pela esquerda, para atacar pelos lados. Os dois armadores, Roger e Montillo, atuaram mais centralizados na linha de quatro. E Leandro Guerreiro passou a ser o único volante, com Henrique deslocado para a lateral direita. O time melhorou, descontou a diferença, mas não foi suficiente para chegar a uma segunda igualdade de placar.
Para ler o relatório completo da Scout Online, clique aqui.
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Benê Lima