Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

domingo, agosto 15, 2010

Os meninos de ouro

Bastou uma partida para que jovens craques como Neymar, Ganso, Pato e companhia devolvessem a alegria à Seleção Brasileira e provassem ao raivoso Dunga que ele errou feio ao não levar os garotos para a Copa

Amauri Segalla

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TALENTO
Neymar, Pato e Ganso (da esq. para a dir.): a vez da ousadia e da criatividade

Agora ficou ainda mais claro que o alto preço que o Brasil pagou – a precoce eliminação na Copa da África do Sul – poderia ter sido evitado não fosse o capricho do turrão técnico Dunga, que se recusou a levar para o Mundial os garotos de ouro do futebol brasileiro. Bastou uma única partida da equipe liderada por craques como Ganso, Neymar e Pato para que a arte, o talento e a ousadia que sempre caracterizaram a Seleção voltassem a ser exibidos em toda a sua intensidade. Na vitória por 2 a 0 contra os Estados Unidos, na terça-feira 10, o que se viu foi um show de dribles, toque de bola ágil e francamente ofensivo, muito diferente do futebol pobre e burocrático do time comandado por Dunga na África. O Brasil do técnico estreante Mano Menezes foi absoluto no jogo contra os Estados Unidos, que praticamente passaram a partida como coadjuvantes. Os meninos provaram que é possível, sim, jogar bonito e apresentar ao mesmo tempo um futebol consistente, sem ser ameaçado pelo adversário. Enfim, um show de bola de uma geração que deveria ter sido convocada para a Copa e que poderia ter escrito uma história vitoriosa na África do Sul.

A estreia da renovada Seleção Brasileira recebeu um rosário de elogios e foi apontada por especialistas como a melhor partida do Brasil em muito tempo. Para Tostão, campeão do mundo em 1970 e um dos comentaristas mais lúcidos da atualidade, “foi a volta da posse de bola, da troca de passes em direção ao gol, dos dribles e do encanto.” Zagallo, campeão como jogador e técnico, afirmou que “foi o jogo vistoso que todo mundo gostaria de ver.” O lateral Júnior, estrela do Flamengo e da Seleção nos anos 80, demonstrou o mesmo entusiasmo: “Me encheu de esperança de voltar a ver o verdadeiro futebol brasileiro em campo.” Pelo Twitter, a empolgação veio de todos os lados. “Que jogo bonito!”, escreveu Ronaldo Fenômeno. “Dá gosto ver um futebol assim”, animou-se Nalbert, campeão olímpico de vôlei. A imprensa mundial também se rendeu. Jornais espanhóis, ingleses, italianos e americanos usaram adjetivos como “brilhante, espetacular, ousado e poderoso” para se referir ao futebol jogado pelos meninos de Mano Menezes.

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NOVA ERA
O estreante Mano Menezes comprovou que, dentro
de campo, o que vale é o talento dos jogadores

Sob qualquer ângulo que se compare a jovem Seleção com o envelhecido time que entrou em campo na África do Sul, a diferença é abissal. Segundo dados do Datafolha, o Brasil de Mano Menzes executou quase 700 passes na partida contra os Estados Unidos – é o dobro da média da Seleção de Dunga na Copa. Significa que o time comandado por Ganso e Neymar ficou mais tempo com a bola nos pés. Mesmo assim, errou menos. As estatísticas mostram que o índice de acertos de passes esteve próximo da perfeição: 93%, contra 87% dos comandados por Dunga. A Seleção de Mano driblou mais, chutou mais a gol e foi menos ameaçada pelo rival (leia quadro). O que surpreende é que o desempenho quase perfeito veio depois de um único treino comandado por Mano. Preparação, obviamente, é importante, mas o que faz mesmo a diferença dentro de campo é o talento dos jogadores, algo que o raivoso Dunga não privilegiou na Copa da África.

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A nova geração tem muitos craques com enorme potencial, mas dois deles despontam como candidatos a gênios do futebol. Aos 20 anos, o paraense Paulo Henrique Chagas de Lima, o Ganso, recebeu o apelido de um roupeiro do Santos. De brincadeira, o sujeito chamava de “gansos” os meninos que considerava ruins de bola. Paulo Henrique era um deles. Antes, era chamado de “Petrobras”, porque seu pai adotivo trabalhava na estatal brasileira. Embora tenha se tornado uma celebridade, ele não faz o tipo do jogador deslumbrado. Não usa roupas vistosas, evita baladas e gasta suas horas de lazer principalmente na internet ou assistindo a comédias. Tímido no trato social, dentro de campo demonstra forte personalidade (na final do campeonato paulista, recusou-se a sair de campo quando o técnico do Santos pediu sua substituição).

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RAIVA
O turrão Dunga montou um time na retranca e desprezou
uma das melhores gerações do futebol brasileiro

O paulista Neymar da Silva Santos Júnior, 18 anos, tem estilo oposto. Usa roupas coloridas, coleciona relógios, perfumes e brincos e precisa ser contido pelo pai para não exagerar nas baladas. Um de seus sonhos, diz, além de ganhar a Copa pela Seleção, é ter um Porsche amarelo e uma Ferrari vermelha na garagem. Neymar chegou ao Santos aos 12 anos e sempre foi visto como uma joia rara no clube. Dentro de campo, ele reproduz a própria personalidade: é irreverente (suas danças comemorativas depois de fazer um gol alegraram os torcedores e irritaram adversários), ousado e malandro – no bom sentido, é claro. Se depender do assédio de clubes estrangeiros, Neymar ficará pouco tempo no Brasil. Na semana passada, o inglês Chelsea chegou a oferecer R$ 67 milhões pelo passe do craque. Segundo o técnico Mano Menezes, mais hábil no trato com a imprensa do que Dunga, é preciso deixar a molecada livre para brilhar. “Futebol, eles têm de sobra”, diz Mano. Só Dunga não viu isso.

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  • Fonte: Revista ISTOÉ

* VEJA ABAIXO A JANELA “COMENTÁRIOS”

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Um comentário:

  1. Matéria bem feita, mas inconsistente, carente de verdadeiro conteúdo futebolístico.

    O domínio do jornalismo não nos dá, necessariamente, o domínio do conhecimento da análise da disciplina futebol.

    Destaquei, de quatro comentários de leitores da ISTOÉ, dois [50%] que radicalizam em suas críticas ao mencionado veículo. Vejam.

    MAXIMIANO M DO N NETO
    EM 14/08/2010 21:50:15

    Vocês conseguem ser medíocres não por falta de opção mas por desejo mesmo. Comparar um amistoso com a Copa do Mundo e ainda achar que os EEUUA são páreos para o Brasil é brincadeira. Quero ver mais pra frente esse mesmo reporter escrevendo algo...

    SINÉSIO
    EM 14/08/2010 21:17:13

    Não se deve fazer esse tipo de avaliação, por um jogo apenas. Até mesmo porque aqui no Brasil o que vale são os títulos, e se não vierem, vai ser o de sempre, treinador e jogadores vão virar saco de pancada.

    * * *

    Tirem suas conclusões.

    Benê Lima.

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Benê Lima