por Valter Pieracciani*
É uma grande tolice acreditar na possibilidade de classificar equipes e pessoas em inovadores e não inovadores, como se fosse uma característica genética ou algo derivado de uma escolha divina. Ser inovador é, felizmente, uma característica intrínseca de todo ser humano. E graças a essa vontade de fazer diferente e cada vez melhor é que a espécie e o mundo evoluíram tanto.
Entretanto ainda encontramos dirigentes “separando” as pessoas que consideram inovadoras das demais. Ou ainda preocupados em buscar gente fora de seu próprio ambiente para liderar a era da inovação em suas empresas.
É perfeitamente possível capacitar e desenvolver pessoas para que se tornem ainda mais inovadoras. Isso porque nascemos todos inovadores e quando crianças manifestamos isso livremente, criando, inventando, experimentando e aprendendo. Aos poucos o medo da dor e as crescentes pressões dos pais, da sociedade e a força das tradições vão apagando essa capacidade de inovar. Vamos, ao longo do tempo, nos adequando às regras e nos formando para um pretendido sucesso. Essa transformação, no entanto, reduz muito em cada um de nós a valiosa capacidade de inovar e nos aproxima muito mais dos soldadinhos de chumbo com os quais brincávamos.
Vivemos hoje o auge de uma era em que a inovação é essencial em todos os planos e dimensões. Novos produtos, serviços, nova maneira de gerenciar e novos negócios. Realidade na qual o sucesso não é mais resultado de disposição ao sacrifício, longas jornadas, disciplina. Diferentemente, prosperidade anda agora de mãos dadas com a capacidade de perceber mudanças e inovar. E é hora de aprendermos a desaprender. Em outras palavras a nos “desformarmos”.
A boa notícia é que isto é possível e gerenciável. Resumidamente, para capacitar e “desformar” pessoas é preciso trabalhar em dois campos. Um técnico que abrange os métodos aplicados à geração de ideias e transformação das mesmas em projetos implantados e, um segundo conjunto comportamental, que envolve as atitudes clássicas de um inovador e que muitas vezes foram extintas nas pessoas.
No que se refere as técnicas estamos falando de geração de ideias: um bom brainstorming estruturado, seis chapéus de E. de Bono, Disney Story Boards, e outras tantas técnicas que todo o mundo diz que conhece e sabe utilizar, mas que ninguém de fato usa. É preciso treinar as pessoas nisso e fornecer as condições para que pratiquem para valer.
Já no campo comportamental o desafio está em ressuscitar nas pessoas as atitudes do inovador que, infelizmente foram banidas das organizações ao longo das ultimas décadas. Um pouco mais complicado, mas perfeitamente possível.
Referimo-nos à capacidade de sentir, sonhar, arriscar e transformar. É disso que a inovação se alimenta. Pense nos inovadores. É exatamente essas atitudes que eles têm com naturalidade. Agora pense também no seguinte: essas atitudes e comportamentos foram justamente perseguidos e extintos nas organizações. Às vezes, essas características desqualificavam as pessoas e as penalizavam limitando completamente a ascensão e carreira de quem as tivesse.
Essa combinação de técnicas e atitudes é que torna as pessoas mais inovadora. E um programa robusto, com estes conteúdos, pode ter grande impacto nos objetivos dos dirigentes de transformar suas empresas.
Afinal não há duvidas de que as empresas terão de ser mais inovadoras. Talvez o que falte é saber como trabalhar e resgatar as atitudes para aplicar efetivamente as técnicas que asseguram uma inovação sustentável, duradoura e geradora de resultados.
*Valter Pieracciani é sócio-diretor da Pieracciani Desenvolvimento de Empresas e autor do livro “Usina de Inovações” – Guia Prático para Transformação da sua Empresa
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Benê Lima