A capacidade dos megaeventos em difundir avanços e benefícios para a sociedade como um todo
Artur Capuani*
A grande expectativa do legado deixado pela Copa do Mundo de 2014 no Brasil não se restringe apenas às grandes obras de infraestrutura e ao aquecimento da economia nacional. Há também uma grande preocupação com o desenvolvimento social da população brasileira, tendo em vista não apenas o quesito segurança do evento, mas sim uma herança preciosa para a sociedade.
A cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, é uma das que geram maior apreensão neste quesito. A atenção trazida pela Copa pode transparecer os problemas de segurança e desigualdade social enfrentados atualmente. Com morros cobertos de favelas, e um grande índice de violência, inclusive contra turistas, a região carece de investimentos tanto no combate à criminalidade, quanto em projetos comunitários.
Durante os Jogos Pan-Americanos de 2007, o que ocorreu foi um modelo emergencial e temporário de segurança, muito longe dos padrões ideais que perpetuam em megaeventos pelo mundo. Com o exército nas ruas, o Pan teve duas semanas sem qualquer problema, porém, em pouco tempo, o Rio voltou a conviver com suas adversidades habituais.
“A grande questão dos megaeventos esportivos não é se naqueles 20 ou 30 dias da competição vai ter ou não algum caso de violência. Claro que é isso também. Mas é, principalmente, o que o grande evento esportivo permitirá à sociedade como um todo, tal como se organizar, se planejar, incorporar medidas, incorporar práticas, decisões, legislações e investimentos para que fique um legado para a sociedade”, avaliou Mauricio Murad, sociólogo e professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), em declaração à Agência Brasil.
Não se pode negar que a influência de um acontecimento como a Copa do Mundo abre caminhos e possibilidades para um projeto concreto de inclusão social no território brasileiro. Na África do Sul, por exemplo, foram dimensionados alguns programas que envolviam educação, cultura, saúde e esporte. “1Goal”, “Football for Hope 2010”, “20 centros para 2010” e “Football for Health” foram algumas das iniciativas tomadas durante a realização do torneio esportivo no continente africano.
Na opinião do gestor esportivo, Geraldo Campestrini, há algumas maneiras de a Copa feita no Brasil estender seus impactos para a área social.
“A influência no aspecto social pode transitar por inúmeras esferas: o envolvimento e aumento da auto-estima das pessoas; a formação profissional e capacitação, podendo gerar renda e qualificação para as pessoas no pós-evento; o interesse de organismos internacionais por investimentos em cidades e/ou regiões que desconhecia anteriormente à realização da Copa; implantação de projetos de assistência social vinculado ao esporte”, elencou o executivo.
Todavia, ao que se vê, inexiste proposta concreta que leve em consideração o alcance ingente que um evento como o Mundial proporciona para a população local. O atraso nas obras de aeroportos e estádios também permeia em iniciativas de apoio social.
“Estamos trabalhando em alguns projetos de pesquisa para poder tornar o tal impacto social mais tangível e palpável, a fim de traduzir a realidade de um megaevento e poder dar respostas mais concretas à necessidade de investimentos neste tipo de ação. Aqueles que são apresentados no Brasil ainda são carentes de critérios e parâmetros fidedignos que possibilitem a comparação com os ocorridos fora do país”, acrescentou Campestrini.
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Benê Lima