Treinador da seleção holandesa relembra aspectos psicológicos para formação de seu grupo principal e diz que é difícil ser criativo o tempo todo
Equipe Universidade do Futebol
A condução da Holanda à semifinal da última edição da Copa do Mundo contou um trabalho muito bem delineado por Bert van Marwijk. O comandante-técnico, que tem fama de ser acessível e atencioso com os jogadores, construiu sua carreira treinado equipes nos Países Baixos.
Após debutar com o Maastricht, equipe com a qual ficou de 1982 a 1986, ele dirigiu cinco clubes em sua terra natal. Em meados de 2000, foi promovido ao tradicional Feyenoord, conquistando após duas temporadas a antiga Copa da Uefa.
Consolidado na Holanda, rumou dois anos mais tarde para a Alemanha, assumindo o Borussia Dortmund. Lá, porém, não conquistou nenhum título. Os benefícios provieram da experiência adquirida em uma outra cultura de jogo e social.
Ao retornar a Roterdã, faturou a Copa da Holanda em 2008, antes de substituir Marco van Basten no selecionado nacional. Realizou uma campanha impecável nas Eliminatórias para o Mundial da África do Sul, caindo apenas para a Espanha, na final, no tempo extra. A certeza é de que faltou muito pouco para a máxima realização.
“Há dois fatores no futebol: a parte técnica e tática e a parte psicológica. A questão fundamental é saber se você acredita em alguma coisa. Desde o primeiro dia, tentei instaurar esse sentimento de que era preciso acreditar no título na África do Sul — e de que quando a gente acredita se torna capaz. Disse aos jogadores que tínhamos uma missão. A Holanda sempre pôde ganhar de qualquer adversário em um jogo. Lá, precisava conseguir isso durante seis semanas”, revelou Marwijk, em entrevista concedida ao site oficial da Fifa.
Na avaliação do treinador, que prepara a Laranja Mecânica para as Eliminatórias da Euro 2012 – estreia fora de casa diante de San Marino –, uma boa equipe é aquela onde todos dizem a verdade.
“Os jogadores não precisam ser todos amigos, mas devem aceitar e respeitar as qualidades de cada um. É preciso ter a coragem de ser honesto. Desde o início, prezei pela estabilidade”, apontou.
Durante o torneio entre seleções, Marwijk recebeu algumas críticas pela postura holandesa em alguns jogos específicos – especialmente na fase mata-mata. Ele garante adorar o modelo de jogo criativo e ofensivo, mas coloca como primeiro passo a defesa em equipe.
“Quando se consegue isso, deixa-se menos espaço para o adversário e aumenta-se a confiança do grupo, e a confiança de cada um no companheiro. Desde o primeiro dia, os jogadores compreenderam essa mensagem e mostraram a mim que a haviam compreendido logo na minha primeira partida no banco. Foi contra a mesma Rússia que tinha nos derrotado na Euro 2008, e fizemos uma partida muito sólida. Havia muita disciplina e, naquele dia, percebi um potencial evidente”, relembrou.
Marwijk não concorda com a afirmação de que transformou a Holanda em uma equipe mais objetiva e pragmática apenas. Na avaliação do técnico, é preciso levar em conta que o esporte muda, que os equipamentos são melhores, que os jogadores estão mais rápidos, assim como o próprio jogo, e que os espaços ficam mais curtos.
A referência é a própria fase prévia à Copa-10, quando a Holanda disputou três partidas e anotou 13 gols, tendo sofrido apenas dois. O futebol vistoso esbarrou mais à frente, quando encarou adversários que esperavam pelo erro dos europeus, sem arriscar muitos avanços ao ataque.
“É mais difícil ser criativo o tempo todo quando os espaços são muito pequenos e o tempo de execução é bem menor. É preciso ver o futebol de outra maneira e ter uma interpretação diferente da criatividade. É preciso ter mais paciência e aguardar pelo momento certo, porque, do lado de lá, os outros estão ansiosos por um erro. É preciso se adaptar às mudanças do futebol”, acrescentou Marwijk.
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Benê Lima