GUILHERME COSTA
Da Máquina do Esporte, São Paulo - SP
Vetada nos últimos clássicos paulistas, a ativação de um patrocínio da Femsa ao G4, grupo composto por Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo, voltará a ser realizada neste domingo, no Pacaembu, no clássico entre as equipes do Parque São Jorge e do Morumbi. A cervejaria projetou uma série de ações com a marca Kaiser para esses jogos, mas esbarrou em uma proibição da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e escancarou novo racha entre a entidade e o Clube dos 13.
O acordo entre Femsa e o G4 foi oficializado em novembro do ano passado, depois de o grupo ter flertado também com a Ambev. A parceria inclui a cessão das marcas dos times para uso comercial da companhia, a exploração de bares, o lançamento de produtos e uma série de ações em estádios.
Durante o Campeonato Paulista deste ano, o plano de ativação foi colocado em prática em todos os clássicos. Nesses jogos, a Femsa distribuiu brindes e panfletos, criou uma comunicação específica e colocou publicidade no gramado – o contrato com a Globo permite o uso do campo para ações comerciais até 30 minutos antes de as partidas começarem.
Esse tipo de ação comercial no interior dos estádios demanda uma autorização diferente para cada jogo. O G4 e a Femsa obtiveram essa liberação no Campeonato Paulista e no primeiro clássico do Brasileiro, mas o pedido foi rechaçado em todas as partidas depois disso.
A CBF explicou ao G4 que vetou o trabalho comercial nos estádios porque isso criaria um conflito entre a Femsa, patrocinadora do grupo, e a Ambev, empresa com a qual a entidade possui contrato. Pelo mesmo motivo, a entidade proibiu que a Parmalat fizesse ações em jogos do Palmeiras – a instituição é apoiada pela Nestlé.
No mês passado, o entrevero foi tema de polêmica em plenária do G4 com os presidentes dos quatro clubes. Andres Sanchez, que é mandatário do Corinthians e foi chefe de delegação da seleção brasileira na Copa do Mundo de 2010, disse que usaria seu bom trânsito na CBF para conversar com Ricardo Teixeira e tentar demovê-lo do veto.
O Clube dos 13 (C13) também se movimentou e notificou a CBF dizendo que a entidade vinha cerceando um direito das equipes. A entidade respondeu dizendo que não reconhecia o grupo como representante dos clubes e que não aceitava a notificação.
Esse é mais um capítulo importante no racha entre CBF e C13, que foi escancarado neste ano. O grupo dos clubes realizou eleições presidenciais, e a entidade fez campanha aberta pela chapa encabeçada por Kléber Leite. No fim, em processo marcado por trocas de lado, o dirigente perdeu votação para Fábio Koff, que se manteve no cargo.
Entre os paulistas do G4, dois foram para cada lado. Enquanto Andres foi candidato a vice na chapa de Leite, que também contou com Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro (Santos), Juvenal Juvêncio (São Paulo) foi o vice eleito e Luiz Gonzaga Belluzzo (Palmeiras) votou em Koff.
O processo eleitoral acirrou uma relação que já não era tranquila (entre CBF e C13) e criou um clima de briga política entre as duas entidades. Quando a instituição nacional disse que não reconhecia o grupo dos clubes como representante oficial, o C13 cogitou levar a situação aos tribunais.
Ricardo Teixeira, presidente da CBF, expôs esse cenário para Andres Sanchez quando foi procurado pelo corintiano. Disse que desconhecia o veto à ativação da Femsa e que poderia derrubar isso, mas que a briga nos tribunais complicaria o processo.
Sanchez articulou para que o C13 recuasse, e nesta semana a CBF liberou o G4 para realizar ações da Femsa nos clássicos. A entidade nacional selou sua mudança de posição com pedido de desculpas em carta.
Alheia a essa discussão, a Femsa foi consultada pelo G4 sobre o problema e manteve o aporte normalmente. Não houve pagamento de multa pelos jogos em que a empresa não pôde desenvolver sua estratégia de ativação.
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Benê Lima