Dentro de um sistema tão elaborado e complexo quanto o futebol, gerar uma cultura de vitória não é algo tão simples
Muitas pessoas me perguntam quais características comuns entre si, têm os treinadores de futebol vencedores.
A curiosidade ansiosa para tentar entender por que alguns poucos vencem tanto, e outros tantos vencem tão pouco, faz com que muitas vezes, uma busca incessante de relações causa-efeito se inicie, e tente explicar com argumentos simplistas, o que diferencia um treinador campeão, de outro que não seja.
Eu não tenho uma resposta pronta para isso – tenho sim alguns palpites e alguns apontamentos.
De qualquer forma, o que me parece muito importante, é entender que obviamente, vencer ou perder não é uma questão do acaso.
Os campeões se constroem, e por mais que isso doa para o ouvido de alguns, a conquista da vitória, nada mais é, do que a conquista do controle das variáveis que interferem direta e indiretamente no desempenho de jogadores e equipes.
Por mais abstrato que isso pareça, o “vencer”, é resultado da busca constante e permanente de um ambiente de excelência, em que as “engrenagens” do processo geram um tipo de conspiração, que se torna espontânea, de rotinas de vitória.
Em outras palavras, da mesma maneira que criamos rotinas para coisas diversas, e somos capazes de desenvolver hábitos que algumas vezes até condicionam nosso comportamento, para alcançar a vitória e “transformar suor em ouro”, é necessário que sejamos capazes de gerar uma “cultura de vitória”.
Dentro de um sistema tão elaborado e complexo quanto o futebol (com tudo que o envolve, em todos os seus níveis e categorias), gerar uma cultura de vitória não é algo tão simples. (Grifo deste blog)
São muitas as interações e interdependências nesse sistema. São muitos e longínquos os elementos que interferem diretamente na maneira com que ele (o sistema) se organiza.
Quando o professor e filósofo Manuel Sérgio disse, que para saber de futebol é preciso saber muito mais do que futebol, talvez tenham sido poucos, os que lhe deram ouvido. E dos que o ouviram, talvez, muito menos ainda foram aqueles capazes de entendê-lo.
A construção de uma cultura de vitória segue caminhos diversos para se estabelecer, e esses caminhos são particulares ao meio que se está inserido. Depois de instalada, ela tende com o passar do tempo e se bem administrada, a ficar cada vez mais forte.
Um treinador que seja parte fractal dessa cultura amplifica seu capital simbólico, e a partir daí está pronto para influenciar novos ambientes, com maiores chances de sucesso.
A construção da vitória, parte então do entendimento de que ela está no jogo, mas não apenas dentro do campo de 100 por 70 metros, de grama verde; ela está num jogo muito maior, que está muito além das quatro linhas.
Por isso, termino hoje com um trecho de um texto que li faz tempo, e que me parecia estranho, sem nexo; mas que hoje dia faz todo o sentido...
Trecho de “A menina que virou vento” (Tedtage Noarie)
Ela soprava enquanto o vento tocava seu rosto.
Ela soprava, soprava, soprava, enquanto o vento tocava seu rosto.
E ela soprava, soprava, soprava, soprava; e então, também virou vento...
Imagem: Muricy Ramalho
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Benê Lima