Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

terça-feira, setembro 21, 2010

Respeito - Nova campanha da Uefa prega respeito dentro do futebol

Rodrigo Barp

Respeito tem sido algo raríssimo na sociedade (civilizada?) atualmente.

Poderíamos desfilar uma série de valores e virtudes ausentes nessa mesma linha: cordialidade, gentileza, solidariedade.

Um dos grandes vetores de transformação social poderia e deveria ser o esporte. E tanto melhor o esporte mais praticado e incensado em todo o mundo, o futebol.

Entretanto, já vem de tempos que presenciamos quase que o reverso da medalha, em que os jogos e competições remontam à sanha ancestral do homem em expiar seus pecados e frustrações.

As arenas do futebol, hoje, se parecem mais com aquelas dos romanos, cujo deleite era vivido por combates sanguinários entre homens e feras.

Para escrever sobre o respeito e lhe dar a sensação mais precisa de como nos faz falta, invocamos alguns (maus) exemplos recentes.

Domenech e Parreira; Dunga e Escobar; Anelka e Domenech; Neymar e Dorival Junior.

O caso Neymar, o mais fresco na memória coletiva, denota que o futebol e as pessoas que o compõem devem se olhar no espelho e se questionar se de fato se está diante do Médico ou do Monstro.

Puritanismos à parte, Neymar, o pós-adolescente de 18 anos, deve ser orientado a se responsabilizar por todos os atos não só dentro como fora do campo, no mesmo grau em que se lhe outorga a liberdade para escolher se vai ao Chelsea, se fica no Santos, se compra um Fusca ou uma Ferrari.

Como acontece com todos nós. Respeito é uma atitude, mais do que um sentimento, e deve ser expressado, manifestado.

Os que acompanham os jogos-espetáculo da Uefa Champions League devem ter notado as mensagens nos intervalos e chamadas de TV sobre a campanha “Respeito”.

Alguns excertos de releases no site oficial da entidade dão conta da importância e envolvimento da Uefa com esta discussão:

O fair-play e o respeito têm um papel fundamental no desporto, qualquer que seja a modalidade desportiva, especialmente nas que envolvem crianças.

"As crianças precisam de valores fortes para crescer. O futebol, como desporto colectivo, permite que elas percebam a importância da disciplina, do respeito, do espírito de equipa e do fair play, tanto no desporto, como na vida em geral. A campanha de fair-play da Fifa vai muito além da promoção do fair play em campo durante uma competição", explicou Joseph Blatter, o presidente da Fifa.

"O respeito é um princípio fundamental do futebol", afirmou o presidente da Uefa, Michel Platini. "Respeito pelo jogo, jogadores, árbitros, adversários e adeptos. A Uefa não vai tolerar o racismo ou qualquer outra forma de discriminação, em campo, nas bancadas ou nas cidades."

A campanha Respeito da Uefa é promovida em importantes jogos e eventos organizados pela Uefa, tendo sido lançada antes do Uefa EURO 2008 que decorreu na Áustria e na Suíça. Esta iniciativa está ligada a programas que visam combater a violência, o racismo, a xenofobia e a homofobia, isto para além de incentivar o apoio dos adeptos, o diálogo intercultural, a proteção do meio ambiente e a ajuda humanitária.

A mensagem visa fomentar o respeito para com os adversários, os adeptos das outras equipas e os árbitros em particular, isto para além do próprio jogo. "O futebol é um terreno fértil para fomentar a fraternidade e a diversidade", continuou Platini. "Somos todos iguais com a bola nos pés e a Uefa vai continuar a promover a participação cívica, a defender grandes causas humanitárias e a combater os problemas sociais. Vamos unir-nos e mostrar respeito".

Ronaldinho Gaúcho foi ovacionado e homenageado em Barcelona, pelo seu ex-clube, na final da Copa Joan Gamper. Puyol lhe deu o troféu de campeão de presente, como justa retribuição ao que o ídolo proporcionara em cinco anos na Catalunha.

No Brasil, o que temos feito? Quais são as iniciativas planejadas de federações, clubes, sindicatos, mídia e da CBF?

Considerar pouco grave o episódio que envolveu Neymar no Santos significa perpetuar a dicotomia entre a sociedade brasileira e o futebol aqui praticado, permitindo com que um se aproveite do outro, de costas viradas, impunemente.

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Benê Lima