Visando resultados imediatos, federações realizam competições com jogadores cada vez mais novos
Fabrício Moreira*
O futebol é o esporte de maior tradição no país, isso demanda um número cada vez maior de participantes nas idades mais baixas possíveis. A literatura preconiza a iniciação específica do futebol a partir dos 12-13 anos (Barbanti, Weineck, Freire, Filgueira, etc.). Na realidade isso não acontece, uma vez que tanto as instituições quanto às federações têm promovido o início do treinamento especializado em função da competição em idades muito precocemente (9-10-11 anos). Nota-se ainda que, no caso do treinamento, estes têm se iniciado em várias modalidades 1-2 anos antes da participação em competições federadas (7-8 anos). Como demonstra o quadro, de acordo com as Federações de Futebol.
Nesta faixa de idade a literatura tem sua fundamentação teórica baseada em uma formação básica geral (poliesportiva) voltada para um trabalho multilateral com objetivos de desenvolver as habilidades motoras básicas. Ao contrário, as crianças têm se especializado através da prática de uma única modalidade acompanhada da participação em competição regular organizada pelas federações estaduais.
A competição faz parte do processo de formação esportiva inicial, porém precisam ser adequadas ao desenvolvimento bio-psico-social da criança, principalmente quanto à forma, objetivos e periodicidade.
Algumas federações têm realizado competições em idades muito baixas e precoces das recomendadas pela literatura. Têm objetivos em “resultados imediatos” seguindo interesses de técnicos e clubes que valorizam o rendimento, estabelecendo um sistema de competição formal, regular e altamente competitivo. Além disso, os calendários dessas competições são longos (8-10 meses) com duração similar as categorias maiores. Em média, o número de jogos varia entre 20-30 partidas por ano nessas categorias.
Muitos estudos realizados nesta área têm tido propósitos em volta de discussões a cerca da especialização precoce e, principalmente em seus aspectos negativos.
Passado esse período, os profissionais da área devem passar a propor novas formas de competição e torneios, como, por exemplo, é o caso dos “festivais” e “ligas”, proporcionando um número maior de participantes e filiados (renovação futura e massificação do futebol).
Neste contexto, estão o papel das federações e os clubes/entidades como fomentadores do processo competitivo e por consequência nas situações de treinamento específico com crianças menores.
Frente ao exposto, pretende-se uma estratégia para um melhor planejamento no sistema de competição regular nas categorias menores. Este programa deve ser adotado pelas federações que sejam mais adequadas as exigências e interesses dos jovens atletas.
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Bibliografia:
Arena SS. Análise da Iniciação esportiva no município de São Paulo. São Paulo; 2000. [Dissertação de Mestrado - Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo].
*Fabrício Moreira é coordenador do grupo PUBLIF e autor do livro Futebol: Uma visão da iniciação esportiva, 2004.
*Fabrício Moreira é coordenador do grupo PUBLIF e autor do livro Futebol: Uma visão da iniciação esportiva, 2004.
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Benê Lima