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"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

terça-feira, setembro 14, 2010

Riscos defensivos e o número de jogadores atrás da linha da bola

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Rodrigo Azevedo Leitão

Aumento ou diminuição de riscos será sempre dependente das características dos jogadores e do tipo de jogo que pode ser construído a partir dessas características

Existe uma ideia, quase um consenso, de que quando uma equipe de futebol está atacando, o número de jogadores que ela mantém atrás da linha da bola, pode definir o sucesso ou o fracasso de suas transições defensivas.

Em linhas gerais, o pensamento central é de que, mantendo um número maior de jogadores atrás da linha da bola, é possível, ao perder sua posse (da bola), correr menos riscos defensivos em um contra-ataque rápido, e até, recuperá-la mais rapidamente.

Ter mais jogadores na retaguarda da bola, porém, faz com que, necessariamente, menos jogadores estejam participando efetivamente do ataque da equipe.

A questão aqui é que com menos jogadores participando efetivamente do processo ofensivo, tanto o número de apoios absolutos, quanto as possibilidades de ação para retirar a bola de zonas de pressão (sem regredir no campo de jogo) diminuem.

Isso pode não ser um problema, se a dinâmica e movimentação criada pelo reduzido número de apoios absolutos compensar relativamente a menor quantidade de jogadores, aumentando o número de possibilidades de jogo, tanto na ocupação dos espaços (ou na indução do adversário a erros), quanto na vantagem nos confrontos 1vs1.

Há de se pensar, porém, se não seria vantajoso ter um grande número de jogadores à frente da bola, se esses forem capazes de aumentar exponencialmente o número de possibilidades de jogo dentro do processo ofensivo (sem perder minimamente os apoios de retaguarda).

Apesar de um quase consenso, de que aumentar o número de jogadores participando efetivamente dos ataques não significa aumentar as chances de que as sequências ofensivas de uma equipe resultem em finalização, proponho que relativizemos a questão.

Sob os óculos das teorias sistêmicas, ter mais, ou ter menos jogadores atrás, ou à frente da linha da bola, é apenas uma variável do problema; variável que, quando manipulada, traz a necessidade de compensações (que geram novos problemas, novas manipulações e, por fim, mais e novas compensações).

Quando o “risco” defensivo que se quer correr é o principal norteador do sistema, as decisões e os ajustes caminharão em certa direção. Se a orientação sistêmica for outra, outras também serão as decisões e os ajustes.

O fato é que o aumento ou a diminuição de riscos será sempre dependente das características dos jogadores e do tipo de jogo que pode ser construído a partir dessas características.

Posto isso, a capacidade de uma equipe em controlar o jogo sem que necessite de muitas compensações pode determinar a magnitude de seus riscos nas transições defensivas e definir as necessidades numéricas de jogadores atrás e à frente da linha da bola.

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Benê Lima