Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

terça-feira, setembro 21, 2010

Neymar, Bellucci e a profissionalização do atleta - II

Erich Beting

neymar Não, isso não é um flashback. Muito menos uma falta total de assunto do blogueiro. Mas, menos de um mês depois de abordar o tema do "fico" de Neymar (no dia 20 de agosto), eis que o atacante santista mostra exatamente a face mais triste daquilo que chamávamos a atenção por aqui. A falta de preparo do atleta, no Brasil, para ser profissional. Profissional no significado correto do termo. Não apenas por ser remunerado, mas por ter atitudes condizentes com o cargo ocupado. E é aí que o esporte acaba sendo extremamente cruel com os seus atletas mais renomados.

É muito complicado para uma pessoa lidar com a fama. Ela faz parte do sucesso na carreira do atleta, mas é muito difícil, de uma hora para outra, ser o centro das atenções, ter todas as suas atitudes vigiadas, viver sob a pressão de não poder errar. Geralmente, nas carreiras "normais", o ápice de desempenho de uma pessoa acontece numa época mais madura, por volta de uma experiência de 10 a 15 anos de carreira, após a pessoa ter passado pelas mais diferentes etapas de seu desenvolvimento profissional. E, nem assim, muitas vezes o ser humano aguenta o tranco.

Agora coloque-se na posição de um jovem de 18 anos de idade que tem uma conquista pessoal fantástica graças a seu talento como atleta. Como aguentar essa mudança brusca de vida? Como aceitar que não será tudo sempre uma maravilha, que ele não resolverá todos os problemas do time de uma hora para outra, que ele não será sempre "o cara"?

Pois é. Como já dito por aqui, o desenvolvimento do futebol como negócio significa cada vez mais grana e, proporcionalmente, maior responsabilidade para o atleta. Só que será que o esporte está pronto para dar a assistência necessária a esse atleta?

Profissionalizar não representa apenas dar dinheiro para o jogador permanecer no país. É preciso dar estrutura para ele entender em qual realidade está inserido. O stress pelo qual Neymar passa hoje é típico de um profissional que está saturado com uma crescente pressão, sem conseguir (ou achar que está conseguindo) obter o resultado esperado. Natural, não fosse uma pessoa que tivesse sua vida monitorada pela mídia e não fosse dado a ele o direito de errar.

A gestão de carreira de atletas é algo que ainda engatinha no Brasil. Naturalmente, nos próximos anos, deveremos observar um aumento substancial na preocupação com o atleta como pessoa, mais do que uma simples máquina de obter desempenho e resultados. Mas, até lá, ainda ouviremos muitos xingamentos perdidos por aí, típicos de quem não se acostumou com a pressão inerente ao alto cargo que ocupa. Nada mais natural, e nada mais passível de punição para que se aprenda.

A profissionalização virá. Pelo bem ou pelo mal...

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Benê Lima