Erich Beting
Propostas de escudos
Vale do Anhangabaú com mais de 100 mil pessoas numa terça-feira de madrugada. Só o futebol, no Brasil, é capaz de mobilizar um contingente assim de pessoas. Tal qual já havíamos visto com o Atlético-MG, em 2008, quando mais de 30 mil acompanharam as festas nas ruas de Belo Horizonte, ou em 2009, quando o Inter alcançou a marca de 100 mil sócios no ano do primeiro centenário do clube.
Foram precisos quase 15 anos desde o primeiro centenário de estardalhaço no país (com o Flamengo, em 95), para que o clube de futebol brasileiro começasse a entender o real significado de se completar 100 anos. Se, lá em 95, o Mengão quis construir o time dos sonhos e ser campeão de tudo (terminou sem ter nada) para celebrar seus 100 anos, agora a realidade é outra.
A prova melhor disso quem deu foi o Internacional, em 2009, quando montou toda uma estratégia de marketing para comemorar o aniversário. Ser campeão é bom a qualquer ano de vida do clube. Mas festejar 100 anos é motivo para muito envolvimento do torcedor com o clube.
E foi isso que acompanhamos nos últimos três centenários de grandes clubes. O Galo, mesmo com um time mal dentro de campo, depenado por goleada do Cruzeiro no Mineiro, fez o torcedor ir às ruas mostrar seu amor pelo time, consumiu produtos, rememorou a felicidade de ser atleticano. Da mesma forma, o Inter movimentou milhões em receita por conta do ano do primeiro centenário.
Agora, é a vez de o Corinthians mostrar que ser campeão é menos importante do que ter motivos para torcer por um clube. A festa de ontem, em São Paulo, será a típica história contada de pai para filho, daquelas que fazem uma nova geração se apaixonar por algo que é mágico, que não está ligado a vencer ou perder.
Quanto mais resgatar a fidelidade do torcedor, mais sucesso comercial um clube vai ter. Com mais dinheiro no caixa, mais investimentos no time podem ser feitos. E, logicamente, mais fácil será para um clube se sagrar campeão. É uma lógica aparentemente simples, e que não precisa de cem anos para ser colocada em prática...
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Benê Lima