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"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

segunda-feira, agosto 15, 2011

Entrevista: Jairo Leal, assistente técnico de futebol

Profissional fala sobre particularidades de sua função, gestão de uma seleção em Copa do Mundo e história com Carlos Alberto Parreira
Equipe Universidade do Futebol
Revisão: Benê Lima

Jairo Lopes César Leal incorpora à risca a alcunha de “braço direito de Parreira”. Em 1991, o profissional formado em Educação Física conheceu o experiente treinador. Com ele, trabalha desde 1995, quando os dois foram compor a comissão técnica do Fenerbahçe, da Turquia. Ficaram separados por dois anos e, em 1999, o reencontro ocorreu no Fluminense.

Desde então, Parreira e Jairo Leal seguiram juntos, acumulando passagens por Internacional, Santos, Atlético-MG, Corinthians até chegarem à seleção brasileira principal, em 2003.

“Virei auxiliar técnico e fui aprendendo a ser auxiliar técnico. Não tenho interesse em ser treinador e me satisfaço nesta função. Você tem de aceitar as colocações do treinador, ser honesto, apresentar suas divergências e entender que a decisão final é do comandante”, argumentou Leal, em entrevista concedida à Universidade do Futebol poucas semanas antes de embarcarem para a África do Sul.

Na última edição da Copa do Mundo, os parceiros brasileiros, que contaram também com o auxílio do preparador físico compatriota Francisco Gonzalez, comandaram a seleção anfitriã no torneio. Apesar da eliminação precoce, logo na fase de grupos, o sentimento refletido no país, a partir das atuações em campo, foi bastante positivo.

Com um estilo um pouco menos sereno que Parreira, Leal revelou que costuma promover debates até mais acalorados com o treinador, especialmente em questões relacionadas à forma de jogar das equipes – o atual auxiliar realizou alguns cursos de qualificação para ser técnico de futebol e inclusive atuou na função em equipes de base da CBF.

Os vídeos abaixo apresentam os melhores momentos do bate-papo da equipe Universidade do Futebol com Leal, que discorreu mais profundamente sobre suas atribuições, a maneira como conduzir um grupo após a definição dos 23 jogadores que irão para um Mundial (ele também esteve na Alemanha-10, defendendo o Brasil) e como ele municia Parreira com informações a partir de levantamentos científicos.


Qual o papel do assistente técnico em uma comissão técnica?
 

“Minha postura é de estar com o treinador, mas nunca deixando de dar minhas opiniões e observações, municiando-o com informações sobre o nosso time e o adversário. Procurar resumir e apresentar as minutas das equipes que irão se enfrentar, sempre de maneira sucinta.

Auxiliar tem de saber o que o treinador quer e trabalhar para ele, e não para si próprio. Eu sei exatamente o que o Parreira quer, o que ele pensa, o tipo de jogador que ele quer para determinada função. E isso facilita. Hoje me considero o assistente técnico do Parreira”.
(Jairo Leal) 


 

A importância do assistente técnico em campo e as diferenças do trabalho em seleção e clube
 

“Cabe aos assistentes trabalhar os atletas ‘insatisfeitos’ e prepará-los para o momento em que o treinador precisar deles. No clube, temos de manter os reservas motivados, dando força; na seleção, isso é mais fácil, pois a concorrência é maior e há vários jogadores com possibilidade de serem convocados”.
(Jairo Leal) 


 

Condução de um grupo que disputará uma Copa
 

“Depois que se fecha a lista dos 23 convocados, esse grupo se transforma emocionalmente. No processo, montamos o grupo dentro do que a gente quer: postura, caráter, dedicação, aplicação e entrega. Aqueles que não têm a personalidade que queremos para a batalha final, ficaram pelo caminho”.
(Jairo Leal) 


 

Transmissão de informações técnicas sobre o adversário e própria equipe
 

“Eu já sei o que o Parreira quer. São muitos gráfico e números, tiro os dados mais fundamentais, e apresento ao treinador. Cabe ao assistente buscar notícias e tentar antecipar soluções de eventuais problemas”.
(Jairo Leal) 


 

Relação do assistente técnico com o treinador: como deve jogar a equipe?
 

“Uma vez entrei no vestiário e começamos a bater boca. Eu falo o que eu vi e o que eu pensei tática e individualmente. Conversamos muitas vezes, inclusive no banco de reservas, durante o jogo. O objetivo final é sempre o melhor desempenho da equipe com foco no trabalho”.
 
(Jairo Leal)


 

Conselhos para quem quer ser um assistente técnico
 

“A vida do assistente é esta: entrega total para o treinador. É muito perigoso passar pela função de auxiliar técnico querendo ser treinador. A linha é muito tênue”.
(Jairo Leal) 


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Benê Lima