É necessário se atentar às condições nutricionais de cada atleta em treinos e jogos; horário e clima, alimentação e ingestão de líquidos são relevantes
Tania Bandeira*
O futebol é um esporte de muitas exigências físicas que requer dinâmicas de resistências diversas, bem como a corrida de velocidade contínua. Muito além da natureza das habilidades táticas envolvidas, esse é um esporte em que existem movimentos rápidos como giros, giros de apoio em um só pé, saltos no ar e corridas em ângulos alternativos (frente, lado e trás), entre outros.
As exigências atuais no jogo feminino não são diferentes do jogo masculino. Mesmo com diferenças físicas, a mulher, hoje, chega quase ao limiar aeróbio e anaeróbio masculino, uma vez que em atletas de alto nível a diferença é baixa. Por isso, os profissionais que trabalham com o futebol feminino têm pela frente um grande desafio, uma vez que todo esse desgaste exige um trabalho nutricional otimizado, para não afetar a estrutura física e psicológica delas durante os treinos e jogos.
A deficiência de ferro, por exemplo, é a mais comum entre as jogadoras, afetando seu desempenho. Logo, é necessária a ingestão de fluidos para promover a energia complementar do corpo e fornecer água e eletrocitos na reposição que se perde na transpiração, de acordo com a intensidade e duração da atividade. Pois, já foi comprovado, que as atletas, em uma partida de futebol de 90 minutos, podem ter perda de massa corpórea de 0,9 Kg, até 2,3 Kg (DRINKWATER, 2004).
O efeito mais grave de um resultado na desidratação feminina é a falta do fluido no período de atividade física que pode levá-las a uma doença chamada “doença do calor”. É aconselhável que se realizem modificações em períodos curtos, como tomar água, e que se realizem substituições das jogadoras para reduzir o índice da doença relacionada ao calor e, principalmente, que se evite realizar atividades desnecessárias. Vários pesquisadores afirmam que a ingestão de carboidratos e fluidos no futebol são importantíssimos para manter a integridade física e psicológica da atleta (DRINKWATER, 2004).
Mesmo com todas essas e outras pesquisas sabemos que a condição da maioria das equipes de futebol feminino em nosso país, de acordo com a veiculação de informações que ocorre por meio da mídia televisiva, é precária. Por conta disso, é de extrema importância que os responsáveis por essas equipes, caso não tenham nutricionistas e nem mesmo os alimentos e líquidos necessários para o equilíbrio do organismo, se atentem para as condições nutricionais de cada atleta, assim como às condições de treino e jogo, como horário e condições do tempo, alimentação antes e depois e, a ingestão de líquidos antes, durante e após, por exemplo. Esses cuidados básicos são necessários inclusive para se garantir a integridade física e psicológica das atletas e até mesmo da comissão técnica que também trabalha nas mesmas condições de tempo, por exemplo.
Assim como as atletas de alto rendimento, as alunas/atletas da iniciação esportiva devem ser tratadas com muito respeito, principalmente porque a criança ou adolescente está em fase de formação e estruturação de todo seu organismo, e qualquer descuido prolongado quanto ao desequilíbrio energético seja pela alimentação, seja pela falta da ingestão de líquidos adequados pode provocar problemas irrecuperáveis.
A omissão é um dos maiores perigos para o desenvolvimento do ser humano saudável, por isso é fundamental que nos preocupemos com as condições que nossas crianças e adolescentes estão enfrentando no seu dia-a-dia, em especial quando colocadas em condições de sobrecarga de trabalho, como é o caso de treinos e jogos.
Bibliografia
DRINKWATER, B. L. Mulheres no esporte. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2004. pp. 460 - 464.
*Contato: taniabas@terra.com.br
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Benê Lima