Clubes persistem com um modelo de gestão sem padrões e critérios bem definidos; sucesso deve ser relativizado
Geraldo Campestrini
Fazendo uma análise rápida e pontual de alguns casos que suscitaram debates e exposição midiática neste primeiro mês de 2011, é possível chegar a uma conclusão simples e direta: definitivamente, os clubes brasileiros têm dificuldades em pesquisar, analisar e tomar decisões com coerência com base no histórico de seus concorrentes e, pasmem, de seu próprio passado recente.
A começar pelo Flamengo, tão debatido e exposto em todos os meios de comunicação social em razão da contratação de Ronaldinho Gaúcho e outros pseudo craques, faz lembrar o seu centenário, quando montou o ataque dos sonhos em 1995, liderado por Romário. Na época, negligenciou completamente a coletividade, o que resultou em um desastre dentro de campo (e o endividamento do clube, que paga a conta até hoje).
Onze anos mais tarde, a cena se repete e, aparentemente, pouco se discutiu sobre a inserção de craques dentro de um elenco que se mostrou deficitário no último Campeonato Brasileiro. Novamente, a sorte é lançada sobre um jogador que deverá resolver boa parte das partidas sozinho em um esporte que preza pela relação entre 11 jogadores diante de seus adversários, ou seja, o conjunto.
No outro lado da moeda aparece o São Paulo Futebol Clube, que tomou conta dos noticiários esportivos na última semana ao contratar o ex-jogador em atividade e presidente do Mogi Mirim, Rivaldo. O clube tricolor paulista repete uma estratégia de pouco sucesso na maioria dos clubes que a tentou, que é apostar em atletas que praticamente já encerraram a carreira. Nem o mote do marketing, tão utilizado no caso do Ronaldo, parece que terá algum efeito significativo.
Somado a isso, o alicerce que sustentou as vitórias do São Paulo na última década, formada por uma base de profissionais qualificados em matéria de conhecimento técnico e científico, foi desmantelado. Os casos do fisiologista Turíbio Leite de Barros, do preparador físico Carlinhos Neves e do superintendente de futebol Dr. Marco Aurélio Cunha, cada qual, aparentemente, com saída do clube por razões distintas, devem enfraquecer toda a estrutura que dava suporte para o rendimento da equipe dentro de campo.
Com esses dois casos, poderíamos até entoar um “até tu São Paulo”, pelo histórico de “clube-modelo” que o acompanhou nos últimos tempos. Percebe-se que a cabeça dos dirigentes transcende qualquer tentativa de análise mais lógica que possamos fazer.
Por falar nisso, como muitos prognósticos são susceptíveis a erros (apesar de calcados em um senso de lógica), encerro janeiro fazendo duas previsões de fracasso futebolístico nos casos ora narrados. E se o sucesso vier? Serão apenas exceções dentro de um universo de clubes que persiste com um modelo de gestão sem padrões e critérios bem definidos.
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Benê Lima