Fred Gelli defende-se da acusação de plágio com a marca Rio 2016
Sócio-fundador e diretor de criação da Tátil conversou com a reportagem do propmark
A vitória de uma concorrência como nunca se viu no Brasil e a possibilidade de participar do projeto dos sonhos, criando a marca dos Jogos Olímpicos Rio 2016, deixou Fred Gelli, sócio-fundador e diretor de criação da Tátil extasiado.
A disputa para a elaboração da logomarca que representará os jogos foi acirrada e contou com a participação de 139 empresas. No longo processo, Gelli destaca um momento crucial, quando decidiu envolver toda a empresa na empreitada.
“Foi uma decisão fundamental e envolvemos todos os 105 funcionários da Tátil do Rio e de São Paulo, da telefonista ao cara do TI, passando pela faxineira. Claro que tivemos alguns que capitanearam o projeto mas todos participaram já que o principal objetivo da marca era ser universal. Ela tinha que falar com todo mundo e por isso envolvemos todas as pessoas, até quem não estava envolvido no processo criativo mas seria impactado no futuro”, disse.
Gelli aponta como essencial o trabalho de branding. “Usamos uma ferramenta que se chama Brand Direction e que definiu os quatro pilares principais da marca, funcionando como uma bússola. Identificamos quatro pontos essenciais: natureza exuberante, diversidade harmônica, espírito olímpico e energia contagiante. Nesse momento começamos a trabalhar com a certeza de que a marca tinha que ter a figura humana para traduzir o nosso diferencial, o jeito de ser do brasileiro", conta. Também era essencial fazer a conexão do Rio com o mundo. "De uma forma que a cidade pudesse ser facilmente identificada. Aí é que entramos com a alegoria do Pão de Açúcar”, conta.
Semelhanças
Sobre as semelhanças apontadas com a marca da ONG americana Telluride Foundation, Gelli está extremamente tranqüilo. “Temos dois pontos fundamentais, um que é criativo e outro técnico. Sob o ponto de vista técnico, a marca passou pela mais rigorosa sabatina pela qual uma marca possa ser submetida. Os maiores especialistas em propriedade intelectual avaliaram para o COI marcas do mundo todo e qualquer tipo possível de conflito", fala.
A marca criada pela Tátil foi aprovada com louvor após seis semanas de pesquisa. "Só depois assinamos o contrato. Por isso é impossível qualquer tipo de avaliação de plágio e justamente por isso o COI está super tranqüilo. Esta acusação não faz sentido”, defende.
Sob o aspecto criativo, Gelli destacou a razão pela qual existe semelhança entre as duas imagens. “Tanto a nossa marca quanto a da Fundação e até o quadro do Matisse, ‘A Dança’, que também foi comparado à marca, bebem da mesma fonte, de um signo universal, que traz pessoas de mãos dadas, dançando, celebrando. É um ícone poderoso que é encontrado na arte rupestre, em pinturas nas cavernas, na arte indígena. São referências. É um simbolismo usado em diferentes tempos, quase um arquétipo que está no inconsciente coletivo das pessoas", disse.
Gelli também esclarece a semelhança gráfica dos elementos individuais. "Quando temos pessoas de mãos dadas inevitavelmente temos uma semelhança, se não perdemos a referência do ser humano. Não queríamos isso, precisávamos desta referência. Mas a configuração toda é muito diferente, são personagens humanos de braços dados e as cores são as nossas cores fundamentais, da Mata Atlântica, do sol e do calor humano”, conta.
Ele acrescenta que a configuração final da marca é diferente já que o logotipo das Olimpíadas do Rio é tridimensional. “Tem volume e a deles não, é flat. Diria até que a deles é mais próxima do quadro do Matisse que a nossa. Nunca tínhamos visto esta marca”, conclui.
Gelli antecipa que a agência abrirá todo o processo criativo para mostrar passo a passo como a marca foi criada.
por Teresa Levin
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Benê Lima