Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

domingo, janeiro 09, 2011

Estudos Técnicos: Análise do jogo no futebol

A importância do estudo das variáveis contextuais como condicionantes do desempenho em uma partida

Felipe Corbellini* e César Augusto de Andrade*

A investigação dos fatores que influenciam a performance no esporte de alto rendimento é crucial para sua evolução. A obtenção de informações corretas e precisas sobre os jogadores e equipes é de interesse de treinadores e cientistas do esporte de alto rendimento, porque permite relacionar o rendimento dos jogadores e das equipes com as estratégias e táticas utilizadas e, neste sentido, pode contribuir para o aperfeiçoamento dos programas de treino (Barris & Button, 2008), e também para analisar o desempenho prévio do adversário e conhecer seus pontos fortes e suas fraquezas (Carling, Williams & Reilly, 2005), com o intuito de melhorar o rendimento de suas equipes.

A informação recolhida por meio da análise dos comportamentos dos atletas em diferentes contextos, treino e jogo, é um dos meios fundamentais para a compreensão e evolução dos jogos esportivos (Garganta, 2001) e do mesmo modo, uma das variáveis que mais afetam a aprendizagem e a eficácia da ação esportiva (Hughes & Franks, 2004).

Procura-se otimizar os comportamentos dos jogadores e das equipes na competição, a partir da análise de informações importantes acerca do jogo (McGarry & Franks, 1996). Esses conhecimentos, quando sistematizados, permitem configurar modelos de jogo, que possibilitam não só construir métodos de treino mais eficazes, mas também apontar tendências evolutivas (Garganta, 1997).

Para tanto, a aplicação de uma abordagem dinâmica na determinação e análise das parcelas do resultado esportivo é uma tarefa a ser considerada (Volossovitch, 2008). A análise do jogo deve aproximar-se das exigências da abordagem dinâmica, que melhor reflita, explique e interprete a sua realidade variável e extremamente complexa (Gréhaigne, Bouthier & David, 1997).           

Face ao caráter dinâmico que representa o jogo de futebol e à procura constante por fatores capitais na explicação e predição do rendimento das equipes, as variáveis contextuais têm vindo a receber especial atenção nas recentes investigações da análise do jogo (Taylor, Mellalieu, James & Shearer, 2008; Lago, 2007a; Bloomfield, Polman & O’Donoghue, 2005a,b; O’Donoghue & Tenga, 2001).

Estas novas abordagens têm considerado a natureza variável e complexa do jogo, examinando as equipes como sistemas dinâmicos sujeitos a interferências externas que afetam o seu rendimento.

As variáveis contextuais que têm sido referenciadas em estudos recentes e que podem interferir no rendimento das equipes são três: home advantage (jogar em casa/fora), match status(ganhar/perder/empatar) e quality of opposition (nível de qualidade do adversário) (Pollard & Gómez, 2009; Taylor et al., 2008; Lago & Martín, 2007; Carling et al., 2005). Optou-se por utilizar a nomenclatura na língua inglesa, pois, a ampla maioria dos estudos que abordam este tema são neste idioma, procurando dessa forma familiarizar o leitor com a linguagem que possa vir a encontrar em leituras complementares.

Home Advantage (vantagem de jogar em casa/fora)

A existência da “vantagem de jogar em casa” e também da sua influência nos comportamentos técnico-táticos das equipes tem sido muito bem documentada na literatura (Tenga, Holme, Ronglan & Bahr, 2010; Poulter, 2009; Pollard & Gómez, 2009; Lago, 2009; Sasaki, Nevill & Reilly, 1999; Nevill, Newell & Gale, 1996; Pollard, 1986).

Pollard (1986) quantifica o home advantage como “o número de pontos ganhos em casa expressados pela percentagem do total de todos os pontos ganhos”. Inicialmente, os estudos objetivaram observar apenas as vantagens obtidas pelas equipes que jogavam em casa consoante o resultado final da partida. Pollard (1986) verificou que em jogos da Liga Inglesa de Futebol em um período de quase 100 anos (1888-1984), aproximadamente 64% do total de pontos são obtidos pelas equipes que jogam em casa. Estes valores se assemelham aos encontrados por Nevill et al. (1996) em jogos da Premier League Inglesa e da Primeira Divisão Inglesa na temporada 1992/1993, onde verificou-se que aproximadamente 65% dos jogos foram vencidos por equipes que jogavam em casa.

Na tentativa de verificar as tendências a longo prazo do home advantage no Futebol, Pollard & Gomez (2010) examinaram quatro ligas de futebol profissional da Europa (França, Itália, Espanha e Portugal), desde o início de cada uma dessas ligas, há mais de 70 anos atrás. Um total de 81.185 jogos, envolvendo 244 equipes, foram analisados. Pode-se observar que nos primeiros anos de ambas as ligas, o home advantage foi responsável por mais de 70% do total de pontos ganhos pelas equipes em casa e fora. Desde então, o home advantage tem vindo a declinar em nível de importância, sendo que, nas últimas quatro temporadas, cada país analisado tem experienciado valores iguais ou abaixo dos 60% de pontos ganhos em casa.

Em estudos mais recentes, o objetivo tem passado por tentar perceber quais são as perturbações provocadas pelo home advantage em relação aos aspectos técnico-táticos do jogo de Futebol. Sasaki et al. (1999) em um estudo de caso com uma equipe da Primeira Divisão Inglesa em jogos em casa e fora, observaram que a equipe quando jogou em casa obteve maior número de chutes, chutes ao gol, chutes bloqueados e maior sucesso nos cruzamentos à área.

Poulter (2009) analisou a influência do home advantage em 808 jogos da Liga dos Campeões da Europa durante as temporadas 2001-2007. Verificou que em 67,7% dos jogos, a equipe que jogava em casa venceu a partida, realizou mais chutes ao gol, mais chutes para fora, obteve mais escanteios e um percentual de posse da bola maior que o adversário. Também observou que as equipes que jogavam em casa receberam menos cartões amarelos e vermelhos e cometeram menos faltas.

Corroborando com o estudo acima citado, Lago & Martín (2007) utilizando uma amostra de 170 jogos da Liga Espanhola de Futebol, temporada 2003-2004, observaram que as equipes que jogaram em casa tiveram sua posse da bola aumentada em 6% quando comparado com seus jogos fora de casa. Porém, Lago (2009) encontrou resultados divergentes aos apresentados, pois, com o intuito de observar a influência dos fatores contextuais nas estratégias de posse da bola em uma equipe da Liga de Futebol Espanhola, o home advantage quando observado de forma independente, não apresentou influência na porcentagem de posse da bola, mas, quando esta variável foi observada concomitantemente com omatch status e quality of opposition, diferenças significativas foram encontradas.

Taylor e colaboradores (2008) verificaram a influência dos fatores contextuais nos indicadores técnicos da performance em uma equipe de futebol profissional em duas temporadas. Observaram que quando o home advantage foi analisado individualmente, a equipe observada efetuou mais cruzamentos a área e mais chutes, porém, diminuiu o número de interceptações da bola. Entretanto, quando analisado o efeito interativo das variáveis contextuais, resultados totalmente diferentes foram observados.

Com o objetivo de verificar os efeitos das variáveis contextuais na distância percorrida pelos jogadores em diferentes velocidades no futebol, Lago, Casais, Dominguez & Sampaio (2010) analisaram 27 jogos de uma equipe de futebol da Primeira Liga Espanhola na temporada 2005-2006. Quando ohome advantage foi observado de maneira independente, foi evidenciado que as equipes que jogam em casa percorrem uma distância maior que as equipes visitantes em baixa intensidade (< 14.1 km/h), mas nenhuma diferença foi encontrada quando observadas, média, sub-máxima ou máxima intensidade. Apesar de que novamente, quando comparados interativamente os fatores contextuais, diferentes resultados foram encontrados.

Está comprovado que o local de realização da partida tem relevante influência tanto no resultado final quanto nos aspectos técnico-táticos do jogo de futebol. Porém, há ainda uma lacuna no que diz respeito ao estudos do home advantage concomitantemente aos outros fatores contextuais (match status e quality of opposition), uma vez que, alguns estudos já demonstram haver diferenças significativas quando aspectos técnico-táticos são analisados em função do home advantage de forma independente ou interativa.

Match Status (ganhar/perder/empatar)

Outra das variáveis contextuais que tem sido objeto de estudo em investigações recentes é o match status, que visa identificar o resultado existente na partida em favor da equipe observada (ganhar, perder ou empatar), no momento em que é registrado o comportamento a ser analisado (Taylor et al., 2008; Lago & Martín, 2007; Jones, James & Mellalieu, 2004).

O principal argumento sustentado pelos investigadores é que o comportamento dos jogadores/equipes pode variar em função do resultado corrente do jogo. A variação no match statuspode causar mudanças nos comportamentos previamente estabelecidos pelas equipes em função da necessidade de adaptação às variações da partida.

Estudos recentes têm abordado a possível influência do match status em diferentes aspectos do jogo de Futebol. Variações na posse da bola em função do resultado (Lago, 2009; Jones et al., 2004), aspectos físicos relacionados as mudanças de resultado (Bloomfield et al., 2005b; O’Donoghue & Tenga, 2001) e indicadores técnicos do jogo em função das variações no resultado (Lago, Lago-Ballesteros, Dellal & Goméz 2010; Taylor et al., 2008) são algumas das situações analisadas.

Visando identificar os efeitos das variáveis contextuais na porcentagem da posse da bola durante o jogo, num estudo de caso com uma equipe de futebol, Lago (2009) verificou que as estratégias de manutenção da posse da bola foram influenciadas pelo match status em função da equipe alterar seu estilo de jogo de acordo com o resultado. Jones et al. (2004), também encontraram variações nas porcentagens da posse da bola em função do match status, uma vez que, quando as equipes estavam ganhando, a posse da bola era menor e quando estavam perdendo, a posse da bola aumentava.

Lago et al. (2010), em outro estudo analisando estatísticas relacionadas ao jogo, como, variáveis relacionadas à marcação de gols, relacionadas as jogadas de ataque e às jogadas defensivas, observaram que vários fatores diferenciavam as equipes em função do match status: total de chutes, chutes ao gol, cruzamentos a área, cruzamentos a área feitos pelo adversário e posse da bola.

Taylor e colaboradores (2008), num estudo de caso com uma equipe da Primeira Liga Inglesa de Futebol, verificaram que os indicadores técnicos do jogo (dribles, passes, interceptações), foram influenciados pelo match status, o que vai de encontro aos resultados do estudo de Lago e colaboradores (2010).

Na tentativa de identificar variações nos aspectos físicos dos jogadores durante o jogo, mais precisamente o nível de intensidade de esforço dos jogadores, O’Donoghue e Tenga (2001) verificaram que quando as equipes estão ganhando, a percentagem de atividade com intensidades elevadas diminuía, indicando a tendência para uma gestão do esforço.

Face aos estudos referenciados, fica evidente a influência do match status no comportamento de jogadores e equipes durante o jogo de futebol. Dessa forma, torna-se importante a inclusão desta variável contextual como fator condicionante para a identificação e compreensão de fatores preditores do rendimento.

Quality of Opposition (nível de qualidade do adversário)

O maior desafio dos esportes de equipe é a necessidade de colocar em prática as estratégias e táticas traçadas levando sempre em consideração a relação de oposição existente. A interação entre os jogadores e o ambiente devem ser entendidos como um sistema complexo, onde, geralmente algumas variáveis têm influência direta no comportamento dos jogadores/equipes devido aos constrangimentos provocados pelas condições momentâneas do jogo (Gréhaigne et al., 1997).

Uma vez que a interação entre os jogadores/equipes provocam situações imprevisíveis e inesperadas durante o jogo, é necessário o treinador conhecer as qualidades da equipe adversária, a fim de planejar a melhor estratégia de jogo para sua equipe no confronto.

Está comprovado que o quality of opposition interfere de maneira relevante no rendimento das equipes em diferentes vertentes do jogo, porém, existem poucos estudos que abordam essa variável com sua devida importância.

Geralmente, as classificações do quality of opposition têm sido feitas com base em equipes de “sucesso” e “insucesso” ou “fortes” e “fracas”. Porém, esse tipo de classificação pode gerar controvérsias, dado que, em Copas do Mundo ou Campeonatos Europeus, onde há uma fase classificatória e logo depois uma fase eliminatória, equipes consideradas de “sucesso” ou “fortes”, podem não ser e vice-versa. Taylor et al. (2008) sugere que a estrutura da competição e o número baixo de jogos nesse tipo de campeonato pode mascarar os fatores que contribuem para uma equipe obter sucesso ou não.

Lago (2007a), não verificou diferenças significativas no rendimento obtido pelos ganhadores ou perdedores na segunda fase das eliminatórias do Copa do Mundo da Alemanha de Futebol, em 2006. Em outro estudo, Lago (2007b) utilizou o número de chutes a favor e contra durante os jogos como determinante do rendimento das equipes e também não encontrou diferenças estatisticamente significativas quando analisou a diferença de rendimento entre as equipes ganhadoras e perdedoras nas eliminatórias da segunda fase da Liga dos Campeões 2006/2007, levando a crer que provavelmente na segunda fase da Liga dos Campeões não existia uma relação significativa entre rendimento e resultado.

Em um estudo sobre a variação da posse da bola em clubes da Primeira Divisão Espanhola, Lago e Martín (2007) encontraram que esta sofre modificações consoante a identidade das equipes que se enfrentavam.

Taylor e colaboradores (2008), examinaram a influência de fatores situacionais em comportamentos técnico-táticos e verificaram que a frequência e o êxito destes podem ser influenciados pelas estratégias das equipes. Porém, quando analisaram o quality of opposition de maneira isolada em função da classificação final das equipes (sucesso e insucesso), observaram que não existiram diferenças significativas em relação aos parâmetros técnicos em análise.

Utilizando outra forma de classificação, em função da classificação final da competição, Lago, Martín e Seyru-lo (2007) dividiram as equipes da Liga Espanhola de Futebol em quatro grupos em função da classificação que ocuparam ao final da temporada: Grupo da Liga dos Campeões, do segundo ao quarto classificado, Grupo da Uefa, do quinto ao nono classificado, Grupo Intermediário, do posto 10 ao 17 e Grupo do Rebaixamento, das classificações 18 a 20. Os autores verificaram que o rendimento da equipe observada era melhor quanto pior classificado estivesse o adversário.

Lago (2009) optou por considerar as diferenças de ranking obtidas pelas equipes na classificação final, observando as equipes continuamente em detrimento da divisão em grupos de qualidade. O autor concluiu que cada unidade de distância em referência a classificação final induziu um aumento ou diminuição da posse da bola em 0,2%.

Assim, Lago (2007b) sugere que em campeonatos longos como as Ligas, o rendimento é um fator preponderante para o resultado, e quanto maior a diferença existente entre as equipes, mais explicativo será o rendimento. Porém, em campeonatos curtos com fase eliminatórias, como a Copa do Mundo ou a Liga dos Campeões, não é possível justificar que o rendimento seja uma variável chave para explicar o resultado das equipes.

Frente aos estudos apresentados, torna-se claro a influência do quality of opposition no rendimento desportivo, porém sempre levando em consideração o formato do campeonato em disputa. Embora existam ainda algumas lacunas metodológicas quanto à separação das equipes consoante sua qualidade, Taylor et al., (2008) sugerem uma maior especificação quanto a divisão da qualidade de oposição em (forte, médio ou fraco) ou ainda, utilizar a classificação corrente das equipes na competição, como foi utilizado por Lago (2009), em detrimento da classificação final.

Efeito interativo das variáveis contextuais

Estudos recentes têm comprovado a influência das variáveis contextuais na análise da performance em esportes coletivos. Porém, a maioria das pesquisas que abordam esta temática analisaram os contextos do jogo de maneira independente (Bloomfield et al., 2005a,b; Jones et al., 2004; O’Donoghue & Tenga, 2001; Sasaki et al., 1999), não tendo em conta a natureza complexa e dinâmica da performance no futebol (McGarry, Anderson, Wallace, Hughes & Franks, 2002; Gréhaigne et al., 1997).

Suporta-se assim, que devido às interações existentes entre jogadores e equipes serem variáveis durante um jogo, a influência das variáveis contextuais parece afetar o rendimento não só de forma individualizada, mas também de maneira conjunta, sendo pertinente analisar os aspectos da performance num contexto interativo.

Poucos estudos publicados até o momento abordam a interacção das variáveis contextuais na análise da performance. Lago e colaboradores (2010) na tentativa de verificar os efeitos das variáveis contextuais na distância percorrida em diferentes velocidades no futebol, observaram que a distância total percorrida em submáxima ou máxima intensidade (> 19.1 km/h) foi influenciada apenas pelo match status, porém, a distância total percorrida em baixa intensidade (< 14.1 km/h) foi influenciada pelo match status, quality of opposition e home advantage, confirmando assim, que o rendimento físico dos jogadores está condicionado pelos fatores contextuais do jogo.

Taylor e colaboradores (2008) analisaram o efeito interativo das variáveis contextuais (home advantage, match status e quality of opposition) sobre o rendimento nos aspectos técnicos do jogo de Futebol, com uma equipe da Liga Inglesa em duas temporadas seguidas. Foram registradas as ocorrências das ações técnicas durante os jogos e o respectivo rendimento (sucesso vs insucesso), e posteriormente, analisadas as frequências das ações e o rendimento das ações do jogo em função da interação do match status, home advantage e quality of opposition.

Relativamente à frequência de ocorrência das ações técnicas durante o jogo quando relacionadas com o match status e quality of opposition, apenas os “cortes aéreos” e os “passes” é que apresentaram variações, pois, diminuíram quando a equipe esteve ganhando contra adversários “fortes”. Entretanto, a interação do match status com o home advantage influenciou no número de perdas da bola e nas divididas de bola.

No sentido de observar o rendimento dos aspectos técnicos em função da interação do match statuse quality of opposition, verificou-se que o número de passes com sucesso aumentou quando a equipe esteve ganhando contra adversários “fortes”. Todas as outras ações técnicas observadas não se mostraram influenciadas pela interação das três variáveis contextuais nesse estudo. Quando analisada de forma independente, o quality of opposition mostrou não ter influência sobre as ações técnicas, porém, mostrou interferir quando relacionada com o match status. Taylor e colaboradores (2008) concluem que o home advantage e o match status, de forma isolada ou interativa, exercem influência relevante sobre os aspectos técnicos do jogo de Futebol.

Lago & Martín (2007) verificaram a influência dos fatores contextuais na posse da bola durante a época 2003-2004 da Primeira Liga Espanhola de Futebol. Observaram que quando relacionado o home advantage com o match status, sempre que o jogo estiver empatado, a equipe da casa tem um aumento na posse da bola de 0,04% por cada minuto de jogo. As equipes que estão perdendo tendem a aumentar o percentual de posse da bola, incremento de 1% para cada 11 minutos de jogo perdendo, independente de serem equipes de sucesso ou insucesso.

Vários trabalhos têm demonstrado o efeito das variáveis contextuais sobre os aspectos do rendimento no futebol. Já é bastante conhecida a influência de algumas variáveis do contexto quando analisadas de forma independente, porém, estas podem nos levar a uma conclusão errônea, uma vez que, embora existam poucos estudos que analisaram o efeito interativo dessas variáveis, estes comprovam que algumas situações da performance apenas podem ser observadas pela interação das variáveis contextuais.

Portanto, é inegável que o estudo dos fatores contextuais tem relevância e não deve ser esquecido por quem analisa o jogo de futebol, porém, mais importante do que a análise dos fatores contextuais isoladamente, é necessário e indispensável que se estude a interatividade destes fatores, pois só assim é que poderemos avançar no sentido de acumular conhecimentos para melhor explicar o rendimento no futebol.

Bibliografia

Barris, S. & Button, C. (2008). A Review of Vision-Based Motion Analysis in Sport. Sports Medicine, 38, 1025-1043.

Bloomfield, J., Polman, R. & O'Donoghue, P. (2005a). Effects of score-line on intensity of play in midfield and forward players in the FA Primier League. Journal of Sports Sciences, 23(2), 191-192.

Bloomfield, J., Polman, R. & O’Donoghue, P. (2005b). Effects of score-line on team strategies in FA Premier League Soccer. Journal of Sports Sciences, 23, 93-223.

Carling, C., Williams, A. M. & Reilly, T. (2005). Handbook of Soccer Match Analysis. A Systematic Approach to Improving Performance. London and New York: Routledge.

Garganta, J. (2001). A análise da performance nos jogos desportivos. Revisão acerca da análise do jogo. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, 1 (1), 57-64.

Garganta, J. (1997). Modelação táctica do jogo de Futebol. Estudo da organização da fase ofensiva em equipas de alto rendimento. Tese de Doutoramento não publicada. Porto: FCDEF-UP.

Gréhaigne, J. F., Bouthier, D. & David, B. (1997). Dynamic-system analysis of opponent relationships in collective actions in soccer. Journal of Sports Sciences, 15, 137-149.

Hughes, M., & Franks, I. (2004). Notational analysis of sport. Systems for better coaching and performance in sport . London: Routledge.

Jones, P.D., James, N., & Mellalieu, D. (2004). Possession as a performance indicator in soccer.International Journal of Performance Analysis in Sport, 4, 98-102.

Lago, C. (2009). The influence of match location, quality of opposition, and match status on possession strategies in professional association football. Journal of Sports Sciences, 27(13), 1463-1469.

Lago, C. (2007a). Are winners different from losers? Performance and chance in the FIFA World Cup Germany 2006. International Journal of Performance Analysis in Sports, 7, 36-47

Lago, C. (2007b). Por qué no pueden ganar la liga los equipos modestos? La influencia del formato de competición, sobre el perfil de los equipos ganadores. European Journal of Human Movement, 18, 135-151.

Lago, C., Casais, L., Dominguez, E. & Sampaio, J. (2010). The effects of situational variables on distance covered at various speed in elite soccer. European Journal of Sport Science, 10, 103-109.

Lago, C., Lago-Ballesteros, J., Dellal, A. & Gómez, M. (2010). Game-related statistics that discriminate, winning, drawing and losing teams from the Spanish soccer league. European Journal of Sport Science and Medicine, 9, 288-293.

Lago, C. & Martín, R. (2007). Determinants of possession of the ball on soccer. Journal of Sports Sciences, 25, 969-974.

Lago, C., Martín, R. & Seiru-lo, F. (2007). El rendimiento en el Fútbol. Una modelización de las variables determinantes para el FC. Barcelona. Apunts: Educación física y deportes (pp. 51-58).

McGarry, T., Anderson, D. I., Wallace, S. A., Hughes, M. & Franks, I. M. (2002). Sport competition as a dynamical self-organizing system. Journal of Sports Sciences, 20, 771-781.

McGarry, T. & Franks, I. (1996). In search of invariant athletic behaviour in sport: An example from championship squash match-play. Journal of Sports Sciences, 14, 445-456.

Nevill, A. M., Newell, S. M. & Gale, S. (1996). Factors associated with home advantage in English and Scottish soccer matches. Journal of Sports Sciences, 14, 181-186.

Pollard, R. (1986). Home advantage in soccer: a retrospective analysis. Journal of Sports Sciences, 4, 237-248.

Pollard, R. & Gómez, M. A. (2009). Home advantage in football in South-West Europe: Long-terms trends, regional variation, and team differences. European Journal of Sport Science, 9, 341-352.

Poulter, D. R. (2009). Home advantage and player nationality in international club football. Journal of Sports Sciences, 27, 797-805.

O’Donoghue, P. G. & Tenga, A. (2001). The effect of score-line on work rate in elite soccer. Journal of Sports Sciences, 19, 14-30.

Sasaki, Y., Nevill, A. & Reilly, T. (1999). Home advantage: A case study of Ipswich Town Football Club during the 1996-1997 season. Journal of Sports Science, 17, 831.

Taylor, J. B., Mellelieu, S. D., James, N. & Shearer, D. A. (2008). The influence of match location, quality of opposition, and match status on technical performance in professional association football. Journal of Sports Sciences, 26, 885-895.

Tenga, A., Holme, I., Ronglan, L. T. & Bahr, R. (2010). Effects of match location on playing tactics for goal scoring in Norwegian professional soccer. The Free Library. Retirado em 09/07/2010 de:http://www.thefreelibrary.com/Effects of match location on playing tactics for goal scoring in...-a0219447927

Volossovitch, A. (2008). Análise dinâmica do jogo de andebol. Estudo dos factores que influenciam a probabilidade de marcar golo. Tese de Doutoramento não publicada. Lisboa: Faculdade de Motricidade Humana.

* Felipe Corbellini é mestrando em Treino de Alto Rendimento na Faculdade de Motricidade Humana (Portugal) e está desenvolvendo a Tese em Análise do Jogo no Futebol.

*César Augusto de Andrade é mestrando em Treino de Alto Rendimento na Faculdade de Motricidade Humana (Portugal) e está desenvolvendo a Tese em Análise do Jogo no Futebol.

.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por seu comentário.
Em breve ele será moderado.
Benê Lima