“A Lei Pelé tem a procupação de vedar a concorrência de interesses como no caso Rivaldo, embora seu texto não tenha feito a devida previsão legal mais diretamente. No entanto, por paralelismo, é perceptível que a presente situação fere a ética que se pretende.” -- Benê Lima
O acerto entre o meia Rivaldo e o São Paulo pode ser visto sob dois prismas. Um, o do jogador. O outro, o do dirigente. Desde dezembro do ano passado, Rivaldo tem desempenhado a função de presidente e de principal jogador do time do Mogi Mirim, que tem nele seu mais famoso atleta e, hoje, único dono.
O acordo com o São Paulo, da parte do Rivaldo jogador, está corretíssimo. Ele volta a jogar num grande clube brasileiro, completa a passagem pelo “Trio-de-ferro” paulista (já defendeu, nos anos 90, Corinthians e Palmeiras) e vê a perspectiva de encerrar a carreira disputando títulos num time de massa.
Por Erich Beting
Mas o acerto, do ponto de vista do Rivaldo presidente de clube, é catastrófico. Ao abandonar o seu clube em meio à disputa do Campeonato Paulista, o jogador rompe com a confiança de seus jogadores e, também, abre uma séria discussão ética. Afinal, como o próprio jogador disse no seu perfil no Twitter, ele deixa o Mogi Mirim como atleta, mas segue como presidente do clube e, agora, numa parceria com o São Paulo.
O que pode acontecer caso os dois clubes venham se enfrentar numa fase de oitavas-de-final? Como seria o comportamento do jogador Rivaldo contra o clube que ele preside? Como será que foi a rescisão do contrato do jogador Rivaldo do Mogi para defender o São Paulo? Ele tinha contrato com o clube do interior por um ano, assinado em dezembro passado. Houve pagamento de multa para que ele deixasse o clube e defendesse o time da capital? Se isso não aconteceu, o Rivaldo jogador lesou o clube que é presidido por ele mesmo. Ou será que ele não recebia salários pelos dois cargos que acumulava no Mogi Mirim?
Obviamente tudo tem os seus dois lados. Nesse caso de Mogi-Rivaldo-São Paulo, o triângulo amoroso levanta uma série de dúvidas sobre os conflitos éticos que acontecem quando um jogador é também o presidente de um clube. A própria decisão de fechar com o São Paulo envolve os dois lados (o do jogador e o do presidente ao firmar acordo com um clube grande).
Uma pena que o debate da ética no esporte seja tão ínfimo. Porque surgiu uma baita oportunidade para discutirmos até onde vai o limite do correto nesse caso.
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por seu comentário.
Em breve ele será moderado.
Benê Lima