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"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

quarta-feira, janeiro 26, 2011

Discriminação institucional no futebol é tema de debate entre Uefa, federações e organização anti-racismo

Relatório indica presença reduzida de mulheres no comando técnico de equipes, bem como na gestão de clubes

Equipe Universidade do Futebol

Na última semana, Uefa, Federação Holandesa de Futebol (KNVB), Federação Inglesa de Futebol (FA) e Rede Pan-europeia Contra o Racismo no Futebol (Fare) organizaram um seminário com um objetivo: o combate à discriminação institucional no futebol.

“É a primeira vez que a Uefa, ou outro qualquer organismo responsável pelo futebol, destaca um problema que até agora tinha passado despercebido”, afirmou o vice-presidente da entidade que comanda a modalidade no Velho Continente, Senes Erzik.

“É preciso alguma coragem para fazer algo que nunca tinha sido tentado. A exclusão em alguns setores do nosso desporto é uma questão importante, especialmente nos setores administrativos e de gestão”, completou.

O encontro contou com a presença de Steven Bradbury, investigador associado do Instituto do Desporto para Jovens, da Faculdade de Desporto, Exercício e Ciências da Saúde da Universidade de Loughborough. Ele apresentou um relatório de uma investigação realizada sobre a representação das minorias no futebol europeu.

Em um dos pontos mais relevantes do documento, o pesquisador mostrou que a discriminação institucional, entre outras coisas, é um fracasso coletivo de uma organização a todos os níveis, quer seja intencional ou não, na prestação de serviços adequados às pessoas devido à sua origem étnica, cultural ou religiosa ou sexual.

Além disso, Bradbury relatou que a discriminação institucional está refletida na presença reduzida de treinadoras no futebol, profissional e amador, na Europa, bem como o pequeno número de mulheres envolvidas na gestão do futebol e no desempenho de cargos administrativos em clubes que se dedicam ao futebol profissional masculino.

Alguns exemplos positivos, entretanto, foram enumerados. Na Noruega, tem sido aplicado um sistema de quotas desde 1985 que obriga a presença de pelo menos uma mulher em cada um dos comitês centrais. Isso levou a uma representação de 40% de mulheres, com Karen Espelund tendo se tornado em 1996 a primeira mulher a ocupar o cargo de vice-presidente da Federação Norueguesa de Noruega (NFF), sendo posteriormente secretária-geral.

“Se não existisse um sistema de quotas, eu nunca teria tido oportunidade de mostrar as minhas capacidades. É claro que depois temos de mostrar que somos capazes, mas as quotas são muito importantes no início de carreira”, argumentou Espelund.

Outra questão importante é que, embora 32,7% dos jogadores de topo sejam imigrantes de outros países da Europa, África e América do Sul, menos de 1% dos administradores de clubes profissionais e dos membros dos comitês executivos das federações nacionais e associações regionais são elementos de minorias étnicas.

“Não é um problema apenas do futebol, mas sim de toda a sociedade. Fui o primeiro presidente de origem africana de um clube em França e espero que não tenha sido o último”, discursou o senegalês Pape Diouf, ex-presidente do Olympique de Marselha, durante o seminário em Amsterdã.

Já Bryan Roy, ex-atleta profissional, com passagens por Ajax e Nottingham Forest, e que atualmente é treinador das categorias de base do clube holandês, enalteceu a importância da educação. “O Johan Cruyff criou a sua academia, para que os jovens desportistas tenham também oportunidade de estudar e, desta forma, tenham mais hipóteses de continuar ligados ao desporto depois de terminarem as carreiras. Considero que a educação é fundamental”.

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Benê Lima