Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

terça-feira, agosto 03, 2010

Sócio da KPMG fala sobre planos para lucrar com eventos esportivos

GUILHERME COSTA
Da Máquina do Esporte

O cenário econômico é favorável, o histórico recente é positivo e o mercado tem potencial. Não bastassem os indicadores favoráveis, o Brasil vai organizar em um curto espaço as duas principais competições esportivas do planeta (a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016). Tudo isso contribui para forjar a imagem de um país que não pode ser marginalizado no planejamento de nenhuma empresa global durante os próximos anos.

Um exemplo do quanto o mercado aposta em uma consolidação do Brasil nos próximos anos é o trabalho da consultoria KPMG. Especializada em serviços de auditoria, controle fiscal e aconselhamento, a companhia criou grupos de trabalho para prospectar oportunidades de negócios relacionadas à Copa do Mundo e a aos Jogos Olímpicos.

A equipe focada no Rio-2016 é comandada por Marcio Lutterbach, sócio da consultoria, cujo trabalho normalmente é mais ligado a projetos de infraestrutura. Ele é um dos responsáveis por buscar oportunidades para a KPMG em obras no Brasil e identificar empresas do exterior que tenham interesse de investir aqui.

Nos dois casos (obras ou empresas), o trabalho da KPMG é deslindar o mercado brasileiro e mostrar o que o país tem a oferecer por conta da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos. A consultoria espera crescer até 30% em seu faturamento por conta de projetos ligados aos eventos esportivos.

A principal aposta da KPMG para viabilizar isso é o histórico. Formada em 1987 e reestruturada em 2002, a rede já participou de uma série de eventos esportivos. No Brasil, possui 2,4 mil funcionários distribuídos por 17 escritórios, situados em 15 cidades.

“Os produtos que nós oferecemos são os mesmos, tanto para Copa quanto para Olimpíadas. O que muda é o aproach. A forma de conversar e o foco das empresas que nós procuramos é diferente em cada caso. A prospecção é a grande diferença”, contou Lutterbach.

A conversa foi realizada em São Paulo, durante uma palestra sobre a estrutura dos Jogos Olímpicos de inverno de Vancouver, realizados neste ano. Durante o rápido bate-papo, Lutterbach falou sobre as perspectivas do mercado brasileiro em função dos grandes eventos e como sua empresa pretende aproveitar isso.

Leia a seguir a íntegra da entrevista:

Máquina do Esporte: A KPMG criou grupos de trabalho específicos para cuidar de Copa do Mundo e de Jogos Olímpicos. Quais são os focos dessas pessoas e como a empresa pretende aproveitar os grandes eventos esportivos que acontecerão no país?

Marcio Lutterbach: Eu sou o sócio da KPMG designado para tocar o projeto voltado à Olimpíada, com foco em obras de infraestrutura. Há dois produtos que nós trabalharemos com mais ênfase nesses grandes eventos: infraestrutura e gestão de projetos. Isso vale para entidades e organizações de diferentes âmbitos. Em um segundo momento, vamos ajudar empresas que querem entrar no Brasil e fazer esse trabalho de consultoria para a instalação deles no país. Esses são os focos no momento.

ME: Existe um perfil determinado de empresa que vocês buscam?

ML: Todo tipo de empresa. Nós temos uma rede de profissionais que fazem um trabalho de inteligência de mercado e que dão suporte às companhias que estão interessadas em investir no Brasil. Os grandes eventos esportivos e as obras de infraestrutura que são necessárias para eles ajudam a fomentar esse interesse.

ME: A KPMG também oferece trabalhos de auditoria e controle fiscal, mas isso não foi mencionado nos planos sobre o esporte. Por quê?

ML: A auditoria, por enquanto, nós deixamos para outra fase. Se eu sou auditor, não posso ser assessor financeiro de projetos. Nós priorizamos a outra ponta nesse momento da preparação brasileira para esses grandes eventos.

ME: Quando vocês falam em um trabalho com gestão de projetos de infraestrutura, a consultoria da KPMG acaba na criação do planejamento ou acompanha o andamento das obras?

ML: Não, também trabalhamos com a gestão da implantação. Damos consultoria a todas as pontas do projeto, mas não posso dizer, por uma questão de contrato, em quais iniciativas nós estamos envolvidos agora.

ME: Para a KPMG, qual é a diferença entre Copa do Mundo e Jogos Olímpicos como mercados?

ML: A Copa do Mundo trabalha com números maiores e uma proporção maior, até por ter uma extensão nacional, mas as exigências de preparação para as Olimpíadas são maiores. O número de procedimentos é maior, e isso tem impacto direto na quantidade de projetos.

ME: De que forma isso afeta os serviços que vocês oferecem?

ML: Os produtos que nós oferecemos são os mesmos, tanto para Copa quanto para Olimpíadas. O que muda é o aproach. A forma de conversar e o foco das empresas que nós procuramos é diferente em cada caso. A prospecção é a grande diferença.

ME: Qual é o impacto que os dois grandes eventos esportivos que serão realizados no Brasil durante os próximos anos terão no faturamento da KPMG?

ML: Nós acreditamos que o faturamento da empresa pode ter um incremento de 20% a 30% com os projetos de advisory voltados a Copa do Mundo e Olimpíadas.

ME: A KPMG já esteve em outras edições de Jogos Olímpicos? Fale sobre alguns dos projetos em que a empresa participou nesses eventos.

ML: Nós temos experiência de trabalho com 12 edições de Jogos Olímpicos. Vamos estar presentes em Londres, mas não podemos falar especificamente sobre nenhum projeto. Existe essa questão de confidencialidade.

ME: A partir dessa experiência, qual evento serve como modelo para o trabalho que a KPMG pretende desenvolver no Brasil e qual a empresa vê como exemplo que o país deve seguir?

ML: Ah, alguns desses Jogos foram paradigmáticos. Lembro Vancouver-2010 e Sydney-2000, por exemplo. Barcelona-1992 também foi um grande modelo pela questão de legado e por como conseguiu transformar a estrutura da cidade a partir de um evento esportivo. Se você analisar a história, vai ver que todos os eventos têm suas peculiaridades, mas que é possível aprender com todos.

ME: Como vocês avaliam a preparação que o Brasil tem feito para os grandes eventos?

ML: Para se trabalhar com projetos de eventos desse porte, é fundamental identificar problemas e buscar alternativas. Acho que o Brasil está em um caminho interessante de preparação, ajudado pelo cenário econômico positivo, e isso é importante para atrair as empresas.

.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por seu comentário.
Em breve ele será moderado.
Benê Lima