A questão da especialização esportiva é complexa porque envolve além dos aspectos biológicos e ambientais, aspectos socioculturais
Luiz Augusto Ganga de Souza Brum*
Introdução
Ao analisarmos o futebol, constatamos que ele é um esporte coletivo que exige uma diversidade de atributos, tais como: físico, técnico e tático por parte dos atletas. Isso acontece devido às inúmeras funções que cada um terá que desempenhar dentro do jogo, visando enfrentar às inúmeras situações que uma partida pode apresentar.
Com a evolução do esporte nas últimas décadas, paralelamente evoluíram também a Fisiologia, a Medicina, a Nutrição Esportiva e, principalmente, a preparação física no futebol. De uma maneira inteligente e proveitosa, passou-se a ter uma preocupação especial com o aprimoramento físico, técnico e tático do atleta.
As comissões técnicas (treinadores, preparadores físicos e de goleiros) têm apresentado uma enorme preocupação com nível de exigência das capacidades condicionantes e coordenativas, as capacidades técnicas e o entendimento tático do jogo pelos atletas. De acordo com ZAKHAROV & GOMES (2003), as capacidades físicas, técnicas e táticas dos atletas constituem um suporte para que o mesmo realize suas ações específicas necessárias durante uma partida de futebol e que as habilidades individuais ou coletivas sejam bem executadas “economizando” energia.
Algumas pesquisas se centram na área dos aspectos fisiológicos relacionados aos jogadores de futebol, mas existem poucas pesquisas realizadas principalmente quando se fala do atleta em formação e principalmente quando é goleiro. De forma geral, estes estudos poderiam avaliar, analisar e comparar o perfil de atletas de futebol no seu estágio de formação atlética, ou seja, acompanhar a evolução do atleta desde o inicio da sua carreira até a sua chegada ao profissional.
Contudo, existe uma posição no futebol que requer capacidades condicionantes e coordenativas, técnicas e táticas específicas e diferenciadas devido à sua função dentro de uma equipe e principalmente no jogo: goleiro. Este atleta tem a difícil missão de ser o último obstáculo na tentativa de evitar um gol, sendo necessário que esteja sempre em perfeita condição para que este objetivo seja alcançado.
Na evolução do futebol, e com as novas regras introduzidas no jogo, o goleiro se tornou uma posição muito mais especializada do que era antes, devido à múltipla função que tem que exercer além de defender.
Devido ao goleiro exercer ações específicas durante uma partida, o treinamento do goleiro deverá ser estruturado, planejado e aplicado respeitando os princípios do treinamento desportivo, sendo ele na categoria profissional ou nas categorias de base.WEINECK (2003) diz que esta organização do treinamento dos componentes em longo prazo tem como objetivo a obtenção de ganhos gradualmente dos componentes do treino, ou seja, melhoria contínua do desempenho esportivo.
Devido às diferenças na idade cronológica e idade biológica, que é uma coisa natural no período da infância até a adolescência, pelo fato de haver um desenvolvimento mais acelerado em alguns e mais tardio em outros, há necessidade de coletar dados que permitem um prognóstico confiável sobre o desenvolvimento de um atleta, facilitando detectar as vantagens e desvantagens que um atleta possa ter em relação à outra.
Segundo CABRAL, MANSOLDO & PERROUT (2008), como as categorias de base da natação (e de vários outros esportes) são divididas segundo a idade cronológica das crianças e essas são submetidas ao mesmo tipo de treinamento (volume e intensidade), acabamos não respeitando sua individualidade biológica. Assim ficamos baseados no treinamento empírico, ou seja, não se tem a certeza se o treinamento utilizado é o ideal, para cada criança de um determinado grupo.
Além disso, hoje a natação é um dos esportes cuja especialização precoce está sendo cada vez mais exigida, visando resultados melhores e tempos cada vez mais baixos. Como consequência, toda essa exigência poderá acarretar uma vida esportiva também menor (pela probabilidade de ter lesão ou fadiga psicológica, devido a cobranças prematuras).
Frequentemente os treinadores não consideram a faixa etária ótima para atingir os resultados, ou seja, forçam a preparação dos atletas levando aos resultados imediatos nas categorias de base, sem pensar no futuro do atleta e nos problemas que isso pode acarretar: é isso que afirma GOMES (2002).
TUBINO & MOREIRA (2003) afirma que os erros mais comuns dos planejamentos em longo prazo são justamente a inclusão e aplicação de cargas sem referências no desenvolvimento do organismo dos jovens nas diferentes faixas etárias.
Devido a estes fatos citados anteriormente, WEINECK (2003) diz que a prática esportiva tornou claro e evidente que para um atleta atingir um desempenho esportivo de um nível excelente ou próximo disso, se houver um treinamento de base bem desenvolvida durante a infância e adolescência.
Para ler o artigo na íntegra, clique aqui.
*Luiz Augusto Ganga de Souza Brum é graduado em Educação Física – UCB e pós-graduado em Treinamento Desportivo – UGF. Foi preparador de goleiros do Botafogo Futebol e Regatas entre 2004 e 2009, e atualmente trabalha na função no Sendas Esporte Clube.
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Benê Lima