Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

segunda-feira, junho 28, 2010

Só muda o endereço

Erich Beting

Danny JordaanWS~10 O jornalismo vigiado e controlado cria empecilhos ainda maiores para o acesso do jornalista à fonte da informação

Entrevista coletiva para a imprensa em Johanesburgo, no estádio Soccer City. Danny Jordaan, presidente do Comitê Organizador Local da Copa do Mundo, e Jérôme Valcke, secretário geral da Fifa, eram as grandes estrelas do encontro.

Em pauta, um balanço do que foi a primeira fase da Copa. Nas perguntas dos jornalistas, porém, tudo muito diferente. Escândalo na seleção francesa, segurança para o jogo Alemanha x Inglaterra, Morumbi fora do Mundial de 2014, contratação do irmão de Jordaan para cuidar dos camarotes da cidade de Port Elizabeth, por “módicos” R$ 50 mil por mês...

Depois da entrevista, um enxame de repórteres fechou o cerco sobre Jordaan e Valcke, para massacrá-los ainda mais com as mesmas perguntas feitas anteriormente, mas na tentativa de se conseguir uma frase mais bombástica, um detalhe a mais, algo diferente.

Não adianta. Em qualquer lugar do mundo, jornalista é jornalista na essência. Por mais que a pauta seja uma, o interesse pela notícia é outro. Isso é algo que demorou, e muito, para que o técnico Dunga entendesse. Não é ele quem determina o assunto que será debatido, mas sim o jornalista que chega e faz a pergunta que melhor lhe cabe.

No final das contas, pouco ou quase nada do balanço apresentado pela Fifa foi debatido naquela coletiva para a imprensa. O que mostra, também, o quanto o expediente está ficando desgastado no dia-a-dia da produção de conteúdo.

O jornalismo vigiado e controlado pelos assessores tem dificultado ainda mais o acesso do jornalista à fonte da informação. Há um controle exacerbado sobre quem fala, o que fala, quando fala e como fala. E isso gera um atrito considerável entre as partes.

O estouro de Dunga na coletiva após o jogo contra Costa do Marfim, ou a maneira ríspida como Jordaan respondeu sobre os questionamentos a respeito de seu irmão mostram a que ponto chegou o relacionamento da fonte com o jornalista na era moderna.

E, para variar, as respostas passam a ser sempre as mesmas. Não há mais paciência na relação. Só muda o endereço de onde o atrito ocorre. Mas, no esporte, fonte e jornalista definitivamente não falam a mesma língua...

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Benê Lima