SP abraça Pirituba, mas sem Corinthians
ERICH BETING e GUILHERME COSTA
Da Máquina do Esporte, em Johanesburgo (África do Sul)
Horas depois de a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e o comitê organizador local (COL) terem anunciado um veto ao Morumbi no projeto para a Copa do Mundo de 2014, o comitê organizador de São Paulo já elegeu seu novo plano para fazer parte do torneio: erguer uma nova arena em Pirituba. O estádio deve fazer parte de um complexo para eventos na região, situada na zona norte de São Paulo, e a ideia é não ceder a arena e nenhum clube de futebol.
A decisão é uma reação do comitê paulista à postura do Corinthians. Único entre os clubes grandes de São Paulo que não manda jogos em um estádio particular, o time alvinegro seria o favorito a herdar a administração de uma arena caso ela fosse cedida a agremiações esportivas. O problema é que sua diretoria não admite a ideia de ficar com o espaço de Pirituba.
A negativa do Corinthians é alicerçada em dois argumentos: o custo de manutenção de um estádio com capacidade de sediar uma abertura de Copa do Mundo (superior a 60 mil lugares) e a localização de Pirituba, muito distante da região central da cidade.
A diretoria alvinegra diz que uma arena em Pirituba não pode vender ingressos com tíquete médio similar ao do Pacaembu e que a região afugentaria torcedores de um poder aquisitivo mais alto. A mesma lógica vale para Guarulhos, local que São Paulo trabalha como alternativa a Pirituba.
Ainda na tarde de quarta-feira, logo depois de a decisão sobre o Morumbi ter sido anunciada, o comitê paulista emitiu nota oficial dizendo que rechaça o uso de dinheiro público em obras de estádios de São Paulo. Essa postura e o veto do Corinthians tornam a cessão do espaço à iniciativa privada o caminho cada vez mais provável.
A ideia do comitê é exigir que o espaço seja usado para futebol, mas trabalhar o conceito de arena e focar em eventos corporativos. O estádio de Pirituba seria erguido em um complexo comercial que deve ter 12 vezes o tamanho do centro de exposições do Anhembi.
A última (e mais remota) possibilidade para São Paulo na Copa do Mundo é vista como uma manobra do Corinthians. O clube considera duas localizações viáveis para uma arena: o Pacaembu, atual sede de suas partidas, e o Playcenter, parque localizado na Marginal Tietê que já chegou a ser usado em um projeto alvinegro.
Como é inviável fazer uma reforma de grande proporção no Pacaembu e o local tem uma série de restrições para uso em eventos, o Corinthians sonha com o terreno do Playcenter. A negativa sobre as outras hipóteses, portanto, é vista por representantes do projeto brasileiro como uma aposta de que o comitê local pode ficar pressionado pela falta de tempo e facilitar uma arena nesse espaço.
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Benê Lima