Copa ainda derrapa em respeito a marcas
GUILHERME COSTA
Da Máquina do Esporte, em Johanesburgo (África do Sul)
Quando decide patrocinar uma equipe, evento ou um atleta, toda empresa pensa em aproveitar os pontos positivos que essa figura possui e atrelá-los a seu plano de comunicação. O que acontece, porém, se a entidade que recebe o aporte usa produtos de uma marca rival? Essa sensação de "traição" tem sido realidade na Copa do Mundo de 2010, disputada na África do Sul.
O exemplo mais evidente é protagonizado justamente pelo dono da festa. Joseph Blatter, presidente da Fifa, circula pelo país no banco traseiro de um sedã prata da Mercedes-Benz. Escolha normal, não fosse a Copa do Mundo patrocinada pela Hyundai-Kia.
Além de placas publicitárias nos estádios, o aporte da montadora inclui a cessão de carros para o comitê organizador local. Há veículos da marca, sempre estampados com seu logotipo, parados constantemente na frente do hotel que hospeda a Fifa e dirigentes responsáveis pela organização da Copa.
O que torna o ato de Blatter ainda pior é que o carro que o presidente da Fifa usa não possui película de proteção no vidro e anda sempre em comitiva. Portanto, cada passagem do dirigente é precedida por batedores abrindo caminho, muitas vezes com sirenes. Por isso e pela imagem do mandatário, é comum a atenção se voltar ao veículo.
Outro exemplo de relação com marcas rivais acontece nos fan fests. Os parques criados pela Fifa para reunir torcedores que não conseguiram entrar nos jogos têm uma companhia local como parceira no fornecimento de energia, mas a entidade é apoiada pela Yingli Solar, empresa chinesa que atua no segmento.
A situação é ainda pior porque contraria a principal proposta da Yingli. A empresa decidiu patrocinar a Fifa para defender o uso de energia solar e pregar sustentabilidade a partir da imagem da Copa do Mundo. Nos fan fests, contudo, a competição ainda trabalha com formas tradicionais de captação.
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Benê Lima