Erich Beting
Veículos de informação se tornaram nada mais que reproduções de suas fontes. A apuração jornalística ficou de lado
Uma das grandes coisas da internet foi possibilitar que a notícia se propagasse de maneira tão rápida quanto o rádio, mas acessível até mesmo para quem está no ambiente de trabalho. Afinal, desde que o computador virou instrumento de trabalho, a internet passou a ser um meio de acesso à informação em tempo real.
Só que a transformação da realidade na cobertura jornalística mudou a forma como o jornalista passou a se comportar. A busca pelo "furo" tem sido paulatinamente substituída pela busca por audiência e pela velocidade na publicação da informação. Ao mesmo tempo, as fontes se tornaram mais bem preparadas para evitar cair em armadilhas.
Isso tudo leva a um novo cenário. Jornalismo, hoje, virou sinônimo de reprodução das declarações das fontes. A apuração da reportagem ficou em segundo plano.
O caso Muricy Ramalho e CBF evidencia isso.
Ricardo Teixeira disse que já estava tudo certo, restando o ok do Fluminense. Muricy disse, em linhas gerais, o mesmo.
A imprensa em geral já dava como fato consumado a efetivação do treinador do Fluminense na seleção brasileira.
E o que aconteceu depois?
A essência do jornalismo é a apuração. Apurar não significa reproduzir as frases das fontes, mas ir além da superfície.
O jormalismo declaratório sempre permeou o trabalho do jornalista de economia. E, agora, invadiu o esportivo.
É preciso ter mais gente que saiba mergulhar...
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Benê Lima