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"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

quinta-feira, julho 15, 2010

Brasil cogita a estupidez de setorizar Copa

 Erich Beting

A Copa do Mundo de 2014 deverá dividir o Brasil em quatro. O presidente Ricardo Teixeira acaba de revelar que se estuda a chance de "fatiar" o país em diferentes regiões para melhor atender à demanda de transporte e evitar grandes deslocamentos dos torcedores durante o Mundial.

Se a proposta de fato vingar, o Brasil cometerá um dos maiores erros no que diz respeito a saber fazer dinheiro e faturar com uma Copa do Mundo.

Até 1994, o Mundial era "setorizado". Cada grupo ficava numa única sede. Até então, a Copa acontecia em países relativamente pequenos, com facilidade e agilidade de deslocamento entre as diferentes cidades-sedes. Quando o Mundial foi para os Estados Unidos, país de dimensão continental tal qual o Brasil, acabou-se esse história de que um time ficava numa única sede.

E o raciocínio americano foi simples, lógico e claro. Deixar um torcedor cerca de duas semanas num mesmo lugar é estúpido do ponto de vista turístico. Se ele vai para o país da Copa, não pode ficar "confinado" a um único lugar. Tem de viajar, conhecer diferentes regiões, pagar pela passagem, hospedagem, consumo...

Desde então, até mesmo a Copa de 2002, dividida entre Japão e Coreia do Sul, contou com deslocamento entre países de torcedores.

Ao fatiar o país em quatro, o Brasil assume sua incompetência no que diz respeito à infraestrutura de transporte. Sem estradas decentes, sem malha ferroviária e com aeroportos sucateados, o país não conseguirá atender à demanda de uma Copa do Mundo.

Durante quase dois anos, as cidades, com a conveniência do Comitê Organizador Local, preferiram fazer balão de ensaio político em vez de trabalhar para organizar, decentemente, o Mundial.

Fatiar o país, além de atestado de incompetência, é de uma burrice tremenda no que diz respeito a aumentar a receita com o turismo. Além de perder uma grande oportunidade de mostrar o quão diverso, e rico, é o Brasil.

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Benê Lima