Para os saudosistas, o jogo que assistimos hoje é praticado por atletas, com condição física espetacular e pouco talento. Será que é verdade?José Alberto Aguilar Cortez*Em ano de Copa do Mundo de futebol sempre surgem as comparações entre os jogadores do presente e do passado. O assunto é polêmico, as opiniões sofrem a influência regional e o torcedor sempre prefere os craques que vestiram a camisa do seu time.
Por melhor que possam ser os critérios de comparação nunca se chegará a um consenso, embora a grande maioria que viu defenda, com todos os argumentos, o Rei Pelé como o melhor de todos.
Luiz Felipe Scolari declarou que Ronaldo, o Fenômeno, certamente está entre os 10 melhores do Brasil de todos os tempos assim como o outro Ronaldinho, o Gaúcho, que ganhou, por duas vezes consecutivas, o título de melhor jogador do ano na eleição realizada pela Fifa.
Para incendiar as discussões vou colocar mais combustível neste assunto que nunca, com toda certeza, encontrará unanimidade. Nas comparações que são feitas sempre colocam o futebol do passado como mais técnico, praticado por jogadores mais habilidosos, que não maltratavam a bola e nem destruíam os gramados com carrinhos criminosos nos adversários.
Para os saudosistas, o futebol que assistimos hoje é praticado por atletas, com condição física espetacular e pouco talento. Será que é verdade?
Vamos tomar como exemplo nosso ídolo inesquecível Garrincha. O grande diferencial do Anjo das Pernas Tortas era exatamente sua explosão, suas arrancadas e mudanças bruscas de direção que deixavam seus marcadores alucinados. Como ele mesmo dizia, “eles sabem que vou na direção da linha de fundo, mas não conseguem me deter”.
Resumindo, Garrincha sabia tirar proveito da sua condição genética e explorar o privilégio de ser um velocista. Ele não pedalava, não dava elástico e não tinha o repertório de dribles do Ronaldinho Gaúcho, e construiu sua fantástica carreira explorando músculos com fibras predominantemente rápidas que permitiam movimentos previsíveis numa velocidade desconcertante.
Numa época que a preparação física não existia nos clubes de futebol, fazia diferença nascer quase pronto para competir. Garrincha sabia como desmoralizar o adversário transformando zagueiros em “Joões” perdidos como crianças quando brincam de pega-pega com adultos.
A evolução do treinamento transformou o futebol e obrigou os atacantes a buscar novas formas de superar seus marcadores. Os dribles ficaram mais sofisticados, frutos da criatividade e da habilidade dos novos ídolos. As equipes mais fracas foram obrigadas a aperfeiçoar a marcação, diminuir os espaços do adversário e a reduzir o tempo de posse de bola dos grandes jogadores.
Não é tarefa fácil dar espetáculos em competições que maus árbitros permitem jogadas violentas praticadas com o objetivo nítido de não deixar jogar. Mesmo assim, apesar das dificuldades citadas e de todos que insistem com as comparações entre passado e presente, podemos afirmar que a técnica, a habilidade e o talento evoluíram tanto quanto a preparação física no futebol.. Tags: talento, história, Garrincha, Pelé, drible, Ronaldo, Luiz Felipe Scolari
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Sinopse
"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."
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sexta-feira, agosto 19, 2011
A técnica e o talento no futebol: passado e presente
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Benê Lima