Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

sexta-feira, agosto 26, 2011

UFC: saiba como o MMA nocauteou o boxe em oito golpes

Tarja do tema UFC

'Nobre arte' de Ali, Foreman e Tyson agora parece um esporte do passado - e o antigo 'vale-tudo' (hoje com regras, ídolos e muito marketing) tomou seu lugar

  Davi Correia

No século XX, o boxe transformou-se no esporte de contato mais bem sucedido e popular da história. Desde seu início, no século XVIII, ele evoluiu e sofreu várias mudanças até chegar à sua versão atual. Os pugilistas, porém, não têm mais o título incontestável de campeões das lutas. O boxe está perdendo cada vez mais espaço para um fenômeno relativamente recente do esporte, o MMA. E o maior evento de Artes Marciais Mistas do planeta é o Ultimate Fighting Championship, ou simplesmente UFC. O ringue, com oito cantos, foi desenhado para deixar os lutadores com mais espaço para as lutas. Os atletas podem usar as mãos e aplicar golpes de jiu-jitsu. Muitos podem falar que a modalidade é uma espécie de vale-tudo, mas isso já ficou no passado: agora, a modalidade tem regras e acompanhamento médico obrigatório para que o esporte apague o estigma negativo. Resultado: se antes o mundo todo acompanhava os combates que valiam o cinturão dos pesos-pesados no boxe, hoje a expectativa é pelos duelos entre atletas como Anderson Silva e Vitor Belfort no octógono. A seguir, os oito golpes certeiros que fizeram o boxe ir à lona e pendurar as luvas na preferência dos fãs de lutas, que agora só querem saber do fenômeno UFC:

Ídolos, agora, só no octógono

Anderson Silva depois de vencer Forrest Griffin no UFC 101, em 2009 (Foto: Jon Kopaloff/Getty)

O boxe sempre será lembrado no mundo todo por nomes como Muhammad Ali, George Foreman, Mike Tyson e Evander Holyfield - atletas carismáticos e marcantes, que viraram lendas do esporte. O Brasil também tem um deles: Éder Jofre, campeão mundial em duas categorias diferentes. Mas a escassez de grandes ídolos fez com que o público perdesse pouco a pouco a identificação com o esporte. Atualmente, não existe um só nome forte que represente o boxe internacionalmente. No UFC, a história é diferente.

 

Do 'vale-tudo' à profissionalização

Os juízes podem parar a luta quando entenderem que um adversário foi derrotado (Foto: Divulgação)

Quando a empresa Zuffa, LLC comprou o UFC, em 2001, o evento tinha poucas regras: não era permitido atingir os olhos do oponente, usar os dedos para rasgar a boca do adversário e golpear a virilha. Tirando isso, valia quase tudo. Dana White, presidente do UFC, se orgulha de ter profissionalizado e regulamentado as artes marciais mistas (MMA, na sigla em inglês). Foram estipuladas 31 regras, os atletas foram divididos em categorias e o acompanhamento médico passou a ser obrigatório. No começo de 2011, os lutadores passaram a ter seguro médico também em treinamentos (antes ele valia apenas nas lutas).

 

Nada de luta truncada e cansativa

Nada de tédio: lutas no UFC costumam ser mais movimentadas que no boxe (Foto: Divulgação)

Até os fãs do boxe reclamam que um combate entre dois pugilistas pode ficar muito truncado e enrolado - e, por consequência, chato demais. É comum um lutador que está sendo golpeado abraçar o oponente para ganhar fôlego e esfriar o adversário. O ringue, com quatro cantos, facilita que um atleta encurralado use essa artimanha, forçando o árbitro a parar a luta. No UFC, nada disso costuma acontecer. Quando um atleta está num dos cantos do octógono - cujos ângulos são muito mais abertos do que os cantos de um ringue comum -, a tendência é a luta ir para o chão ou algum lutador conseguir se esquivar e voltar para o meio do ringue. Para deixar o confronto mais dinâmico, os atletas são proibidos de segurar a grade.

 

Na hora da decisão, a briga é entre os melhores

Anderson Silva (à esq.) e Vitor Belfort antes do confronto no UFC 126, no começo de 2011 (Foto: Divulgação)

Para ser o protagonista de uma luta principal, o boxeador precisa vencer vários confrontos para ir somando pontos no ranking e poder desafiar o detentor do cinturão de campeão - um processo lento e arrastado. Além dessa dificuldade, é preciso negociar com vários empresários - os promotores, os agentes dos lutadores, os representantes das diferentes entidades que regem o esporte - para viabilizar o desafio. No UFC as coisas são bem mais simples. Conforme o critério adotado por Dana White, quem encara o detentor do título de uma categoria é simplesmente o lutador mais forte e preparado.

 

Menos dinheiro, mais fúria

Os lutadores do UFC ganham em média 500.000 dólares pela luta principal (Foto: Divulgação)

Os vencedores das lutas de boxe ganham valores exorbitantes, ao contrário do que acontece no UFC. Mas isso é uma vantagem para o boxe, certo? Não necessariamente... Um pugilista pode ganhar até 10 milhões de dólares por apenas uma luta. De acordo com os críticos do boxe, os altíssimos valores dessas premiações fazem com que os lutadores relaxem e percam o prazer - e a gana - de lutar depois de vencer alguns combates. Alguns se perdem em festas, drogas e mulheres – como aconteceu com Mike Tyson. No UFC, o vencedor da luta principal ganha em média 500.000 dólares. O valor mais baixo torna mais longo o período em que um lutador tem de brigar para construir sua independência financeira.

 

Dana, o campeão do marketing

Ex-lutador amador de boxe, Dana White é presidente do UFC (Foto: Michael Cohen/Getty)

Ex-boxeador amador, Dana White, o presidente do UFC, faz de tudo para promover a categoria - e, claro, ganhar muito dinheiro. Nessa obsessão por propagandear o UFC de todas as formas possíveis, ele e sua equipe desenvolveram diversos produtos com a marca do evento. O UFC Fight for the Troops, por exemplo, é feito em parceira com o Exército dos EUA e visa arrecadar dinheiro para os soldados do país - alguns militares até participam das lutas. A jogada de marketing que faz mais sucesso é o reality show The Ultimate Fighter. Dois lutadores conhecidos do público escolhem seus pupilos e os treinam para o combate entre as equipes. No final do programa, os treinadores fazem a última luta.

 

Onde há fãs, há lutas

Divulgação do UFC 129, disputado no Canadá, país do campeão Georges St-Pierre (Foto: Divulgação)

Na hora de escolher um palco para uma luta de boxe importante, raramente há surpresas: elas acontecem quase sempre nos Estados Unidos, na maioria das vezes em Las Vegas ou Atlantic City. Apesar de a modalidade ter fãs ao redor de todo o mundo, é raro um promotor levar um grande evento para fora do país. Com isso, os torcedores se sentem distantes demais do esporte. Os responsáveis pelo UFC têm uma estratégia mais esperta: levam as lutas para onde está o público. Se existe um lugar em que os ingressos se esgotarão em minutos, é lá que a luta acontece. O campeão canadense Georges St-Pierre, por exemplo, é um grande ídolo em seu país - e já lutou em casa algumas vezes. Os organizadores perceberam que os mais de 50.000 ingressos se esgotavam três meses antes da luta e repetiram a dose. Além de Estados Unidos e Canadá, o UFC já aconteceu na Inglaterra, Alemanha, Emirados Árabes e outros países. Em agosto, será a vez do Brasil, de Anderson Silva.

 

Nada de esperar meses por uma só luta

Lutas do UFC costumam lotar os ginásios (Foto: Tasos Katopodis/Getty Images)

Os lutadores de boxe passam muito mais tempo parados que os do UFC. As lutas pelos cinturões entre os boxeadores não acontecem com tanta frequência como no evento de MMA. Apesar de o boxe possuir vários confrontos durante o ano, as lutas com nomes de peso não são tão comuns - muitos pugilistas passam meses a fio esperando por um confronto. No UFC, os combates ocorrem em intervalos muito menores - e todo evento possui um campeão conhecido do público na luta principal. Alguns contam até com duas defesas de cinturão, como aconteceu no UFC 129, quando Georges St-Pierre e José Aldo defenderam seus títulos. A ideia de enumerar os confrontos também ajudou a fidelizar os fãs, que procuram não perder nenhuma edição.

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Benê Lima