Seguindo com a proposta de calendário para o futebol brasileiro e, particularmente, com o que se deve fazer com os 42 meios de semanas entre agosto de um ano e maio do ano seguinte disponíveis, apresento qual a proposta para a disputa da Copa Libertadores da América.
Defendo a ideia de que a Libertadores deve ter o seu número de clubes participantes alargado – dos atuais 38 (inclusa a fase pré-classificatória), para 64. Sei que tal proposta é de desagrado de muitos militantes do futebol, que temem que isso faça o nível técnico da competição ser mais baixo, em função da presença de mais concorrentes, possivelmente de menor qualificação.
Entretanto, dois motivos levam-me a sugerir isso, a saber:
• Se se alarga o número de clubes, também se alarga o número de representantes de cada país. E aumentar o número de representantes de cada país contribui para haver mais importância nos diversos campeonatos nacionais.
• O prejuízo técnico, decorrente do maior número de clubes, é mínimo, pois se propõe que o certame seja disputado em eliminatórias simples. Ou seja: logo no início do certame, após duas rodadas, metade dos 64 clubes já é eliminada, fazendo que a disputa siga apenas com a outra metade, mais qualificada.
Pode-se temer, também, que o alargamento do número de clubes leve a disputa a ser feita em mais rodadas, inchando o calendário. Muito pelo contrário: aqui se propõe uma forma de disputa em que se resolva tudo em 11 rodadas, ao invés das 16 atuais (inclusa a fase de pré- classificação do formato atual).
Antes de mais nada, cabe indagar: quem seriam os 64 clubes disputantes da Libertadores? Uma possibilidade seria esta:
• Sete representantes do Brasil.
• Sete representantes da Argentina.
• Cinco representantes do Uruguai.
• Cinco representantes do Paraguai.
• Cinco representantes do Chile.
• Cinco representantes da Colômbia.
• Cinco representantes do Peru.
• Cinco representantes do Equador.
• Cinco representantes da Venezuela.
• Cinco representantes da Bolívia.
• Cinco representantes do México.
• Cinco representantes dos Estados Unidos.
Isto se se optar pelos países disputantes atuais, com a inserção dos Estados Unidos. Mas também se pode caminhar para uma perspectiva mais global, de integração de todo o continente, contemplando-se novos mercados. Nesse caso, a representação ficaria assim:
• Seis representantes do Brasil.
• Seis representantes da Argentina.
• Cinco representantes do México.
• Cinco representantes dos Estados Unidos.
• Cinco representantes do Uruguai.
• Cinco representantes da Colômbia.
• Quatro representantes do Paraguai.
• Quatro representantes do Equador.
• Quatro representantes da Bolívia.
• Quatro representantes da Venezuela.
• Quatro representantes do Peru.
• Quatro representantes do Chile.
• Um representante do Panamá.
• Um representante da Costa Rica.
• Um representante da Nicarágua.
• Um representante de El Salvador.
• Um representante da Guatemala.
• Um representante de Honduras.
• Um representante de Belize.
• Um representante do Canadá.
Então, uma decisão a ser tomada é a da preferência pela disputa que se dê só com representantes dos países tradicionais, ou se há extensão à possibilidade de disputa para representantes de países da América Central e o Canadá. Em qualquer dos casos, cada país deverá utilizar critério próprio para definir os seus clubes participantes. No caso brasileiro:
• Se forem seis clubes (no caso de uma disputa envolvendo, também, representantes de novos países), estes devem ser os cinco primeiros colocados da Série A do Campeonato Brasileiro da temporada anterior e o campeão da Copa do Brasil, também do ano que se passou.
• Se forem sete clubes (no caso de uma disputa envolvendo apenas os países tradicionais), estes devem ser os cinco primeiros colocados da Série A do Campeonato Brasileiro da temporada anterior, além dos dois finalistas da Copa do Brasil da temporada anterior.
Posto isto, também cabe indagar: como se disputaria esse torneio de 64 clubes em 11 rodadas?
Os 64 clubes seriam divididos em 32 grupos de dois clubes, sendo que se definiria o melhor de cada grupo em jogos de ida e volta (duas rodadas). Os 32 clubes classificados seriam divididos em 16 grupos de dois clubes, sendo que se definiria o melhor de cada grupo em jogos de ida e volta (duas rodadas). Os 16 clubes classificados seriam divididos em oito grupos de dois clubes, sendo que se definiria o melhor de cada grupo em jogos de ida e volta (duas rodadas).
Os oito clubes classificados seriam divididos em quatro grupos de dois clubes, sendo que se definiria o melhor de cada grupo em jogos de ida e volta (duas rodadas). Os quatro clubes classificados seriam divididos em dois grupos de dois clubes, sendo que se definiria o melhor de cada grupo em jogos de ida e volta (duas rodadas). Finalmente, os dois finalistas decidiriam o título em apenas um jogo, disputado em alguma importante cidade do continente americano pré-definida (uma rodada).
Essas 11 rodadas seriam disputadas em meios de semanas dos meses de janeiro, fevereiro e da maior parte de março.
Surge, então, uma questão relevante: qual dos clubes possui o mando de campo no segundo jogo, e qual dos clubes possui o mando de campo no primeiro jogo?
Pode-se pensar na seguinte medida: dos dois clubes que jogam entre si, um deles poderá escolher ter o mando de campo no segundo jogo, e o outro, necessariamente, terá a vantagem de poder empatar as duas partidas (ou perder uma e ganhar a outra pelo mesmo saldo de gols) para se classificar.
Como proceder isso? Sempre, quando se for decidir o local dos dois jogos, procede-se um sorteio entre os dois clubes que jogarão. O clube que vencer o sorteio decide se prefere ter o mando de campo do segundo jogo ou se prefere poder empatar (ou perder um e ganhar o outro pelo mesmo saldo de gols) para se classificar. Se optar por ter o mando de campo do segundo jogo, o outro clube joga podendo empatar os dois (ou perder um e ganhar o outro pelo mesmo saldo de gols) para se classificar. Se optar por poder ter o empate nos dois jogos (ou perder um e ganhar o outro pelo mesmo saldo de gols) como resultados que lhe classificam, o outro clube terá o mando de campo no segundo jogo.
Um exemplo de como isso pode funcionar: se o jogo for entre São Paulo e Boca Juniors, procede-se o sorteio. Daí, uma das quatro situações acontecerá:
• Boca Juniors ganha o sorteio e opta pelo mando de campo no segundo jogo. Nesse caso, o São Paulo se classifica se empatar os dois jogos (ou se perder um e ganhar o outro pelo mesmo saldo de gols).
• Boca Juniors ganha o sorteio e opta por poder empatar as duas partidas (ou perder uma e ganhar a outra pelo mesmo saldo de gols) para se classificar. Nesse caso, o São Paulo tem o mando de campo do segundo jogo.
• São Paulo ganha o sorteio e opta pelo mando de campo no segundo jogo. Nesse caso, o Boca Juniors pode empatar as duas partidas (ou perder uma e ganhar a outra pelo mesmo saldo de gols) para se classificar.
• São Paulo ganha o sorteio e opta por poder empatar as duas partidas (ou perder uma e ganhar a outra pelo mesmo saldo de gols) para se classificar. Nesse caso, o Boca Juniors tem o mando de campo do segundo jogo.
Assim, em todos os jogos de ida e volta de dois clubes, há, anteriormente, o sorteio. A partir dele, ficará determinado qual dos dois clubes poderá empatar os dois jogos (ou perder um e ganhar o outro pelo mesmo saldo de gols) e qual deles terá o mando de campo do segundo jogo (o outro, obviamente, tem o mando de campo do primeiro jogo). Essa metodologia cria uma vantagem para cada lado, sendo justa, e, de quebra, elimina a possibilidade de ter que se decidir classificados em prorrogação ou pênaltis.
Na final, em apenas um jogo, o clube que fez melhor campanha ao longo da competição joga podendo empatar para ser campeão. Continuam não sendo necessárias prorrogações e pênaltis.
Então, esta é a minha proposta para a realização da Copa Libertadores da América. Os quatro clubes de melhor colocação no certame garantiriam vaga no Campeonato Mundial de Clubes.
Tornar a Libertadores mais democrática do que atualmente, alargando-se o número de clubes, mas, ao mesmo tempo, diminuindo-se o número de rodadas para a disputa, parece algo benéfico.
*Luis Filipe Chateaubriand é autor do livro 'Futebol brasileiro: um projeto de calendário', pela editora Publit (www.publit.com.br).
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por seu comentário.
Em breve ele será moderado.
Benê Lima