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"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

quinta-feira, novembro 19, 2009

Comandante do Botafogo aponta para falha no calendário nacional e mira ação conjunta do meio futebolístico
Para Estevam Soares, férias reduzidas, má pré-temporada e disputa encavalada de competições oficiais prejudicam desempenho dos ‘artistas da bola’
Bruno Camarão

Pesquisas de opinião entre torcedores, a parte majoritária dos clubes e o próprio comando da CBF, entidade que rege o futebol nacional, apontam: a fórmula atual de disputa do Campeonato Brasileiro, em turno e returno, por pontos corridos, é a mais coerente, equilibrada e justa para se definir o grande campeão nacional. Entretanto, a disposição do calendário ao longo de uma temporada ainda suscita dúvidas e gera debates.

Nessa seara, Estevam Soares, treinador do Botafogo, resolveu entrar e apresentar seu pensamento. Para ele, a administração da modalidade como um todo evoluiu na última década, especialmente. Mas alguns preceitos básicos da vida de trabalhador não são considerados na especificidade do mundo da bola.

“Em relação às férias dos atletas, por exemplo, ainda não há um respeito. O calendário nesse sentido é péssimo. É absurdo e impossível recolocar um ser humano, após 20 e poucos dias de férias, no máximo, em nível elevado de disputa”, reclamou Estevam, que foi jogador profissional e desde 1992 é treinador.

Com a ciência de que o principal chamariz em termos de competição do país tem data específica para iniciar e acabar, o que representa 19 jogos confirmados em casa, o comandante crê que há necessidade de melhora na gestão de ingressos. Para um benefício global, utiliza-se da argumentação simbolizada pelos Três Mosqueteiros: “Um por todos, e todos por um”.

“Necessitamos de um espaço temporal para exames clínicos, recondicionamento físico e partidas amistosas. No Botafogo, deveremos voltar dia 4 de janeiro do recesso e iniciar dia de 16 o Estadual”, elencou Estevam. “Mas não tenho dúvidas de que iremos conseguir. Depende nossa atuação, com cobrança, debate e aplicando essa evolução em detrimento de ganância de TVs e federações. Os artistas devem ser preservados”.

Outra preocupação de Estevam finca-se mais no cunho social. Tendo em mãos um elenco mesclado por jovens, como o lateral-esquerdo Diego e o atacante Jobson, e atletas mais experientes, centrados na figura do goleiro Jefferson, do zagueiro Juninho, do meia Lucio Flávio e do centroavante Reinaldo, o treinador tem buscado uma comunhão enaltecendo as glórias históricas do clube e a necessidade de uma entrega total. Quaisquer interesses estritamente individuais devem ser deixados de lado. Pelo menos até o fim dos 90 minutos do duelo contra o Palmeiras, no encerramento do Nacional.

“Ainda não conseguimos formar homens no Brasil. Na acepção da palavra. Uma personalidade consolidada e uma noção do que representam e do que querem para sua carreira. Muitas vezes as saídas à noite, as más companhias, as bebidas, condicionam um encerramento precoce das carreiras de potenciais estrelas. Mas no Botafogo contamos com um grupo positivo”, elogiou Estevam, ainda em entrevista durante evento do Sindicato dos Treinadores de Futebol do Estado de São Paulo.

Prova disso foi o treino da última terça-feira, realizado no CT João Saldanha, quando o lateral-direito Alessandro teve uma discussão mais áspera com o meia Rodrigo Dantas. A justificativa: excesso de vontade.

“Tenho um envolvimento muito grande com o clube, conquistei isso durante os três anos que estou aqui. Tenho um carinho enorme e procuro ajudar de todas as formas. Nós jogadores somos um pouco culpados pela situação e temos de tirar o Botafogo dela”, afirmou Alessandro, demonstrando estar alinhado com o pensamento da comissão técnica.

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Benê Lima