Na última terça-feira, a organização não-governamental "Transparência Internacional" apresentou um estudo sobre a percepção de corrupção nos países. O Brasil apareceu na 75ª posição, em uma lista de 180 países - a Nova Zelândia está no topo.
A nota 3,7 recebida indica um problema grave de corrupção, segundo a entidade. As notas atribuídas vão de 0 (países vistos como muito corruptos) a 10 (considerados pouco corruptos), com base em análises de especialistas e líderes empresariais de pelo menos dez instituições, entre elas Banco Mundial, Economist Intelligence Unit e Fórum Econômico Mundial.
“Entre os nove países que não conseguiram superar a nota cinco estão Brasil, Peru, Colômbia e México, economias importantes na região que deveriam se tornar fortalezas anticorrupção, mas têm sido atingidos por escândalos envolvendo impunidade, propinas, corrupção política”, informou o relatório regional para as Américas da ONG.
Líder do ranking da Fifa, após ter perdido tal condição em 2006, ano em que fracassou na Copa do Mundo da Alemanha, a Brasil vê naturalmente refletida no futebol sua condição social. Esse é um aprofundamento delineado pelo livro "Soccernomics", com extensão a qualquer localidade.
Desenvolvido por Simon Kuper e Stefan Szymanski, o livro está sendo considerado o equivalente da modalidade esportiva mais popular do mundo ao “Freakonomics”, em referência ao Best-seller de Steven Levitt e Stephen J. Dubner, que expõe a economia excêntrica na vida cotidiana das pessoas.
“Quanto mais corrupta a sociedade, mais corrupto o futebol. O esporte reflete a realidade do país”, apontou Simon Kuper, em entrevista ao portal G1.com. “Um jogo entre Manchester United e Real Madrid, por exemplo, dificilmente pode ser comprado, pois os interesses e os valores envolvidos são muito grandes, assim como o número de pessoas, então é mais raro ver corrupção ali. Mas em campeonatos menores, que envolvem menos dinheiro, isso pode acontecer”.
Kuper explicou que a matemática indica que um cálculo entre população, riqueza e tradição fazem potências internacionais no esporte, que pode vir a ser dominado pelos Estados Unidos no futuro. Além disso, a própria economia interna também é um fator importante, pois quando um país tem juízes mal pagos, por exemplo, torna-se mais fácil e barato corrompê-los.
“Pagar bem ao árbitro ou trazer juízes de fora do país podem ser alternativas para evitar problemas de corrupção nos campeonatos”, indicou.
Tal procedimento tem a mesma validade no que se refere aos jogadores, com o oferecimento das hipotéticas “malas brancas” e de dinheiro para tentar manipular resultados.
A alegação exposta na obra é de que quanto mais rico o país, melhor a média de vitórias da seleção dele, e que um bom técnico e muito dinheiro gasto em contratações costuma não fazer tanta diferença para um time.
“Isso não funciona em todas as partidas, mas como regra há uma estatística que comprova. É uma regra. Descobrimos que o dinheiro gasto com a transferência de jogadores é menos relevante de que os salários pagos pelos clubes aos atletas. Quanto melhores os salários dos jogadores, melhor costuma ser a performance do clube”, afirmou Kuper, tomando como referência básica o futebol europeu.
Outro ponto levantado é em relação à imprevisibilidade de partidas isoladas – tais como Copas do Mundo, cujo formato de poucos jogos permite, matematicamente, que qualquer time “ruim” tenha chances de se tornar campeão. Uma competição em turno e returno, em que todos os concorrentes se enfrentam duas vezes, é muito mais previsível e, normalmente. o melhor time, o mais bem administrado, ganha.
“Diria que o Brasil tem boas chances [de vencer a Copa-10], mas que não vou me surpreender se os Estados Unidos já conseguirem avançar até mesmo a uma final. Se fossem mais jogos, com todos os times se enfrentando, as chances do Brasil seriam muito maiores. As estatísticas mostram que o Brasil tem uma vantagem muito maior quando se incluem muitos jogos, seja em uma única sede ou em jogos de ida e volta”, finalizou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por seu comentário.
Em breve ele será moderado.
Benê Lima