Antes de mais nada, este signatário esclarece que não é fã ardoroso dos Campeonatos Estaduais. Se vem a propor uma metodologia de disputa e de calendário para essas competições, é mais por admitir que as referidas disputas continuarão acontecendo ao longo dos anos, do que por nutrir, de fato, algum entusiasmo por elas.
Deve-se esclarecer, também, que acredita que não são todos os clubes nacionais que devem disputar os Estaduais: representações que participem da Copa do Nordeste (Vitória, Bahia, Fluminense-BA, Sport, Santa Cruz, Náutico, Confiança, Sergipe, CRB, CSA, Botafogo-PB, Treze, América-RN, ABC, Ceará e Fortaleza) e clubes que disputem a Copa Sul-Minas (Internacional, Grêmio, Juventude, Caxias, Figueirense, Avaí, Criciúma, Joinville, Coritiba, Atlético-PR, Paraná, Londrina, Atlético Mineiro, Cruzeiro, América-MG e Ipatinga), que proponho que voltem, não devem atuar nos torneios locais.
Proponho que os Campeonatos Estaduais sejam disputados em 21 datas, ou rodadas - as mesmas 21 datas, ou rodadas, da disputa da Copa do Nordeste e da Copa Sul-Minas -, sendo que quem disputar esses Interestaduais não disputam os primeiros, e vice-versa.
Cada federação estadual deve ter liberdade para definir a forma de disputa das suas competições, desde que respeite os 21 meios de semanas selecionados para a disputa desses torneios.
Posto isso, nada impede que este escriba dê sua sugestão de como aproveitar as 21 datas, ou rodadas, em cada Estadual: cada campeonato teria duas divisões, com a primeira contando com oito clubes, e, na segunda, todos os clubes profissionais restantes do Estado; haveria acesso/descenso de uma agremiação entre uma divisão e a outra, de uma temporada para a seguinte.
A proposta para a primeira divisão é: no primeiro turno, os oito clubes jogam entre si (sete rodadas), classificando-se para a semifinal os quatro de melhor colocação; na semifinal, o primeiro da fase classificatória joga contra o quarto, e o segundo da fase classificatória joga contra o terceiro (uma rodada); os dois vencedores decidem o título do turno em um jogo (uma rodada); o total do turno é, portanto, de nove rodadas.
No segundo turno, os oito clubes jogam entre si, com os mandos de campos invertidos em relação ao primeiro turno (sete rodadas), classificando-se para a semifinal os quatro de melhor colocação; na semifinal, o primeiro da fase classificatória joga contra o quarto, e o segundo da fase classificatória joga contra o terceiro (uma rodada); os dois vencedores decidem o título do returno em um jogo (uma rodada); o total do returno também é, portanto, de nove rodadas.
Se algum clube vencer turno e returno é proclamado campeão automaticamente. Se dois clubes diferentes vencerem cada turno, há a final do campeonato em três jogos (três rodadas), sendo que dos dois clubes finalistas, o que tiver feito mais pontos nas fases classificatórias de cada turno leva um ponto de bonificação para a decisão.
Como se têm nove rodadas no turno, nove no returno e três na final, o total é de 21 rodadas, ou datas - essa é a proposta para os Campeonatos Estaduais de primeira divisão.
As formas de disputa dos diversos Campeonatos Estaduais de segunda divisão seriam variadas, dependendo do número de clubes disputantes. Apenas duas condições devem ser respeitadas, a saber:
- Se utilizar, no máximo, as 21 datas pré-estipuladas.
- Que cada clube que dispute a segunda divisão faça, no mínimo, seis jogos oficiais.
Pode causar estranheza, para os leitores, que esse articulista - um notório defensor da forma de disputa em pontos corridos - proponha, para os Campeonatos Estaduais, a forma de dois turnos com fase eliminatória e "playoffs" em cada um deles, e posterior decisão entre os vencedores de turnos. Teria o signatário "virado a casaca" em suas opiniões?
Definitivamente, não: continuo defendendo os pontos corridos... para o Campeonato Brasileiro! Uma competição com tanto poder comercial como o Brasileirão pode, e deve, ser disputada pela forma mais justa e de maior credibilidade: turno e returno com pontos corridos.
Porém, nos Campeonato Estaduais, a situação é distinta: são tão pobres tecnicamente que, para se atrair o torcedor, há que se ter semifinais e finais, em turnos e para o campeonato, em profusão; ademais, como o Brasileiro é em pontos corridos, isso já propicia que os clubes que o disputam tenham atividade para o ano todo - não é preciso que essa garantia venha dos Estaduais, que, assim, não precisam ser, necessariamente, em pontos corridos.
Na verdade, este redator até acha que a fórmula de fase classificatória e "playoffs" tem os seus atrativos, o seu charme, embora prefira os pontos corridos. Então, que tal conciliar as opções? Pontos corridos para o Campeonato Brasileiro, fase classificatória com "playoffs" em cada turno e decisão entre vencedores dos turnos para os Campeonatos Estaduais, e fase classificatória simples e "playoffs" para os Campeonatos Interestaduais (Copa do Nordeste e Copa Sul-Minas).
Três formas distintas, cada uma delas com os seus atrativos, sendo que a mais justa e a de mais credibilidade sendo destinada para a competição principal, o Campeonato Brasileiro, e as formas alternativas sendo destinadas aos Campeonatos Interestaduais e aos Campeonatos Estaduais.
Não parece ser má ideia.
*Luis Filipe Chateaubriand é autor do livro 'Futebol brasileiro: um projeto de calendário', pela editora Publit (www.publit.com.br).
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Benê Lima