Apoiado pelo patrocinador, advogado se diz oposição ao 'velho Fluminense' e prega revolução no marketing, no sócio-torcedor e muito mais
O Fluminense passará por processo democrático na terça-feira (dia 30). Em eleição que será realizada na sede das Laranajeiras, de 8h às 20h, o sócio do clube poderá optar pelos candidatos Julio Bueno, da chapa “Transforma Flu”, ou Peter Siemsen, da “Novo Fluminense”, para comandar o clube nos próximos três anos. O GLOBOESPORTE.COM entrevistou os presidenciáveis com perguntas formuladas por internautas, jornalistas e três questões abordadas de um candidato para o outro.
Nesta quinta-feira você conhecerá as propostas de Peter Siemsen, de 43 anos, advogado graduado pela PUC-RJ e pós-graduado em direito financeiro. Ele atua nas áreas de litígios, contratos, propriedade industrial, direitos autorais, direito do entretenimento e desportivo, nomes de domínio e responsabilidade civil.
Membro da Flusócio, o candidato exerceu no clube a função de consultor e, por curtos períodos em 1998, 2002 e 2003, o cargo de vice-presidente jurídico. Em 2007, disputou o pleito para o cargo máximo do Tricolor, mas foi derrotado por Roberto Horcades, reeleito.
Veja também as propostas de Julio Bueno
O Fluminense tem a maior dívida entre os clubes brasileiros, devendo cerca de R$ 340 milhões. Esta dívida é pagável? Qual o caminho?
Peter Siemsen: Hoje, a situação do Fluminense, em termos de gestão, é muito ruim. Isso é consequência de gestão. Se você observar, quando o Horcades assumiu, a dívida era de R$ 92 milhões. Quando o David Fischel assumiu, era de R$ 40 milhões. Hoje nós estamos ultrapassando a marca de R$ 350 milhões. Receita, o clube tem. O problema está na gestão. Acho que nessa fórmula não tem pirotecnia, não tem milagre, não tem messias. A fórmula é puramente gestão, trabalho competente, bem-feito e transparência. O custo do Fluminense hoje é muito alto. Se você analisar a rubrica futebol, ela tem um gasto previsto neste ano que chega provavelmente a mais de R$ 45 milhões durante os 12 meses de 2010. Somando o dinheiro investido pela Unimed nos atletas e na comissão técnica, é um futebol para lá de R$ 80 milhões. Certamente esse valor de R$ 45 milhões tem que ser revisto, tendo em vista que o Fluminense não tem um centro de treinamento, não tem serviço de hotelaria, não tem seis campos de futebol dentro do CT profissional. Certamente é uma área que pode reduzir o custo, planejar melhor e organizar bem com o marketing, que hoje praticamente o valor é zero.
O que pretende fazer para o marketing?
O Fluminense só recebe no marketing o que todo mundo recebe. Não há uma ação que gere receita. Só as ações coletivas. Então, temos uma capacidade e um potencial de crescimento de receita como, por exemplo, no programa sócio-torcedor. Você tem alguns exemplos bem-sucedidos de associação ao clube, que são parâmetros. O Internacional está com um faturamento de R$ 45 milhões/ano só de associação do torcedor. O Coritiba também tem um sucesso grande hoje, com 18 mil associados que geram uma receita de R$ 1 milhão por mês. Com esse valor, eu faço acordo em mais de 50% da dívida trabalhista do Fluminense. Eu equaciono 50% da dívida trabalhista somente com a receita de 18 mil torcedores gerando R$ 1,1 milhão por mês. É só carimbar o dinheiro e ser religiosamente utilizado para o pagamento dos acordos trabalhista. Não exige nenhuma inteligência extraordinária, exige comprometimento, responsabilidade e transparência. A dívida é absolutamente sanável. A Globo está para renovar o contrato com os grandes clubes brasileiros para o período 2012 em diante. Certamente vai aumentar o valor das cotas. O Fluminense hoje está numa faixa de R$ 21 a R$ 22 milhões/ano. Certamente esse valor vai aumentar. Associado a um programa de sucesso de associação do torcedor ao clube... com ações do tipo: quando o Real Madrid contrata o Cristiano Ronaldo, ele faz um programa de marketing logo na chegada em que grande parte da receita é obtida logo nos primeiros três meses, com venda de camisas, ações corporativas e promoções com a torcida. Quando o Fluminense traz o Deco, quando a Unimed traz o Deco, o Fluminense não faz uma ação de marketing para ganhar dinheiro em cima disso. Então, você tem muitos elementos que não utiliza hoje. A propriedade hoje do Fluminense nos seus jogos não é trabalhada, e o clube não faz uso desse braço de marketing. É possível fazer um aumento considerável em curto prazo nas receitas e é possível num curtíssimo prazo promover uma redução de custo nas despesas.
Como você vê o futuro do Fluminense em relação ao fornecedor de material esportivo?
Hoje a Adidas paga um valor de três anos atrás. A ideia é repactuar por um valor de mercado para o Fluminense. Mas não é um valor de mercado com parâmetro na venda de camisas ao ano. Será que essas tantas camisas que a gente vende não estão muito limitadas por conta de uma falta de planejamento de alcance de ponto de venda? Será que não faltam ações de venda de camisas no estádio no momento de emoção e vitória? Será que não falta um planejamento de fazer promoções com camisas assinadas pelo ídolo do clube? Acho que podemos evoluir muito com propostas de marketing que potencializam a distribuição, o aumento de venda a integração da torcida com clube e parceiros comerciais de modo que a gente poderia sair de um patamar hoje existente na venda de camisas para um patamar três, quatro, cinco vezes maior, o que elevaria não só o valor do royalties, como o valor do principal a ser pago. Mas tem que considerar aí não só o valor da marca. Tem que considerar que o Fluminense tem Fred, Deco, Conca, que são jogadores com valor de venda comercial. O fato de a fornecedora de material exibir sua marca no backdrop, na camisa e em publicidade estática significa que, quanto mais visibilidade o clube der, maior é o valor comercial do contrato. Acho que a relação tem que mudar, e o Fluminense tem a capacidade de conseguir um contrato com uma receita muito maior do que é hoje. A Adidas pode ser o parceiro, estamos conversando, mas também examinando outros parceiros no mercado.
Acha que pode equacionar a dívida sem tomar medida drástica em relação ao futebol?
Hoje o Fluminense fatura em média R$ 60 milhões por ano, mais um investimento que a Unimed faz. O investimento que a Unimed faz hoje está muito bem planejado conosco. Estamos trabalhando com o Celso (Barros, presidente da patrocinadora) o planejamento para os próximos três anos, e o investimento será mantido no elenco e na comissão técnica, de modo que essa espinha dorsal não será mexida. No ponto de vista do Fluminense, R$ 60 milhões arrecadados são R$ 60 milhões com um trabalho absolutamente arcaico, malfeito e que, com uma mudança de filosofia de gestão, com mudança na capacidade de quem está gerindo e trabalhando, podemos aumentar de forma exponencial esse receita. Hoje temos uma meta de buscar uma receita de R$ 120 milhões, e não mais de R$ 60 milhões. Temos uma capacidade, acredito que em três anos, de quase dobrar o valor de faturamento do Fluminense, que seria mais que suficiente para você equacionar, a uma taxa financeira baixa, a dívida. E não só mantendo o investimento da Unimed, como o aumento do investimento do clube no futebol e nas outras área.
A transformação do clube em empresa é factível?
O mercado brasileiro mudou e valorizou demais os clubes. O Fluminense, que é uma associação sem fins lucrativos, tem benefícios fiscais consideráveis por essa condição. O modelo no futebol mundial mudou. O Botafogo criou uma empresa e nunca conseguiu que desse um resultado significativo. Então você tem que avaliar o mercado e ver o que é melhor. Com o programa de associação em massa da torcida, você pode aumentar uma receita mensal, uma receita fidelizada, enquanto que, se você abrir uma empresa e vender cotas para investidores, certamente tem que dar lucro no fim do ano - e eles vão buscar a distribuição de lucros todos os anos, enquanto a relação com o torcedor é muito melhor porque ele garante uma receita fidelizada e concreta a ser investida no futebol do clube, sem a contrapartida de um resultado financeiro para remunerar as cotas. A contrapartida é o sucesso esportivo, o sucesso do clube, da marca e da paixão. Então tem muito mais a ver com o mercado brasileiro. Já existem exemplos concretos no Brasil e tornaria o Fluminense fortíssimo. Tem que ser um clube de futebol à altura da paixão dos torcedores. Acho que esse é o melhor modelo para o Fluminense hoje. Se fosse uma empresa, já teria falido. O primeiro projeto sócio-torcedor no Brasil foi do Fluminense e foi um fracasso. Nós não construímos um CT, não temos um marketing decente e não fizemos nenhum investimento em estrutura. O Fluminense construiu uma sauna e uma churrasqueira. Não é possível. A dívida disparou e virou a primeira do Brasil, e não construímos nada. A última construção de peso foi em Xerém ainda no início da década de 80.
Pergunta do internauta @BuiFelipe: o que será feito a respeito do CT? O que já existe e o que ainda falta?
A gente está planejando um CT. Quem está à frente do projeto financeiro é o Eduardo Gouveia Vieira, que é filho do presidente da Firjan. Ele está modelando um projeto de captação de recursos, com a criação de cotas exercidas por tricolores que queiram ajudar o clube e que vão ter uma taxa de correção de valor. O Fluminense vai resgatar esse valor para pagar de volta ao investidor com correção com base na venda de atletas algum tempo depois, levantando um valor aproximado de 3,5 milhões. Estamos também trabalhando na emissão de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI), que são título imobiliários que têm muita aceitação nos fundos de pensão. Estamos estudando o mercado e avaliando os riscos. E a gente acredita que seja possível colocar papel no mercado de oito anos e fazer uma captação de R$ 10 milhões. E ainda estamos trabalhando com os projetos incentivados com base na lei do incentivo ao esporte, podendo chegar a um valor de R$ 20 milhões, tudo investimento. Estamos procurando terrenos na faixa de 50 mil metros quadrados. Estamos mapeando um local mais próximo da região onde os jogadores tenham preferência por moradia para que tenham mais conforto e para que, na hora de contratar, o jogador tenha mais um atrativo que o faça escolher o Fluminense. Estamos procurando em Guaratiba, Jacarepaguá, Estrada dos Bandeirantes... Recebemos algumas ofertas em áreas mais distantes, o que torna a situação mais difícil. Estamos avaliando com carinho.
É um projeto prioritário?
Temos dois projetos prioritários. Primeiro é o orçamento fixo. O Fluminense tem que saber quanto vai gastar de janeiro a dezembro. O investimento no futebol vai ser estabelecido agora em dezembro e não vai mudar. E, urgentíssimo, a construção do CT. E o outro é dar uma prioridade ao projeto de Xerém, que exige uma reestruturação. É um trabalho a longo prazo.
O senhor é a favor de construção de estádio próprio ou do uso do Maracanã?
O estádio próprio ajuda o clube a ter uma integração com o torcedor muito grande, além de potencializar a receita. No Rio, a gente tem o Maracanã, que é uma estrutura importantíssima. É uma marca muito forte no futebol mundial e vai se tornar um dos mais modernos do mundo em pouco tempo. É a casa do Fluminense há muitos anos e onde a torcida se sente mais confortável. A torcida sente muita falta. Não há por que o Fluminense, e até o Flamengo, ficarem fora do Maracanã, senão vai virar peça de museu. Acho que isso não é o ideal nem para o estado, nem para o Fluminense, nem para o Flamengo. Nossa ideia é acabar com a relação onde o Flu é um mero cliente do estado e no fim recebe 48% da receita líquida de bilheteria, ou seja, se torna um dos estádios mais caros do mundo para jogar. Nossa ideia é que a gente possa fazer uma nova relação em que o Flu detenha o direito de propriedade sobre o evento e a gente possa ter todos os ganhos diretos e indiretos, como alimentação, estacionamento, camarote e tudo mais o que se possa oferecer. Acho que o Fluminense pode avançar bastante nisso, mas dependemos do estado para ter essa abertura de negociação. Então, não há por que o Maracanã não ser nossa casa, e o Flu ter uma média de público de mais de 50 mil por jogo. Queremos ainda ter a venda do ingresso anual, que na Europa significa uma das três maiores receitas de cada clube. Se o estado chegar à conclusão de que não é um modelo interessante, o Fluminense parte para a construção de um estádio.
Sobre o sócio-torcedor, o atual modelo é alvo de críticas de boa parte da torcida. O senhor pretende investir em um projeto de sócio-torcedor? Um modelo parecido com o atual, que é terceirizado, ou do clube? Abrangendo jogos fora do Rio? Dando direito a voto?
O modelo atual é criticado com razão. O resultado dele é negativo. Hoje o torcedor paga uma mensalidade e para cada jogo basta passar o cartão na catraca. Cada vez que ele passa, se tiver três ou quatro jogos como mandante, serão três ou quatro vezes em que o clube vai ter que pagar pela entrada do torcedor no estádio. E nesse sistema a administração financeira do clube torce para que o torcedor entre no programa, pague a mensalidade e não vá a nenhum jogo, porque quanto menos jogos ele for maior é a receita para o Fluminense. Certamente o programa Passaporte Tricolor tem uma lógica errada, ao contrário do que deve ser. Toda vez que ele passa (pela roleta), o Fluminense paga 21% do valor do ingresso. É uma lógica ao contrário do que nós queremos. Queremos que o torcedor compre o ingresso e pague a mensalidade. Nosso projeto é desenvolver um sócio-torcedor, que na verdade é um sócio do clube que tem direito à preferência do ingresso. E ele tem todo o benefício possível em relação a sorteios e preferência de pacotes. Que o sócio tenha direito a produtos exclusivos. Seria um programa bom para o Fluminense, para o torcedor e com uma receita considerável para o clube. A ideia é que tenha várias categorias. Na categoria mais cara, a ideia é que ele tenha direito a voto, direito de frequentar o clube e a preferência de ingressos. No segundo nível, ele tem direito ao voto, preferência nos ingressos e não tem o direito de frequentar. E no terceiro, ele tem direito a preferência de ingresso, mas não tem o direito de frequentar, nem ao voto.
Qual a sua posição a respeito dos ingressos cedidos às torcidas organizadas? É a favor
desta ou de qualquer outra ajuda? Algum projeto de contrapartida?
Não sou contra as torcidas organizadas. A torcida organizada é aquela que, no pior momento, está sempre ao lado do time e incentiva outros torcedores. Porém, a relação tem que mudar. Hoje é uma situação escura, sem transparência. A ideia é ter uma diretoria atendendo a esse relacionamento com a torcida organizada para, por exemplo, se determinar um número de ônibus mínimo por jogos do Fluminense fora de casa. A ideia é desenvolver na torcida do Fluminense uma imagem própria. Acho que isso é possível desenvolver numa ação do marketing com elas. A torcida (organizada) passa a ter um cartão com foto e cadastro onde o torcedor entra numa catraca própria do estádio com a sua carteira.
Pergunta do internauta @hugobrasileiro: como o senhor enxerga a parceria do clube com a Unimed? São necessárias mudanças nesta parceria?
A Unimed é o maior patrocinador individual do futebol brasileiro. Tem feito um trabalho em relação ao Fluminense de sucesso: o time saiu da Terceira Divisão, foi campeão da Copa do Brasil, ganhou dois estaduais, fez campanhas históricas na Libertadores e na Sul-Americana e hoje lidera o Brasileiro. O clube não tem uma boa estrutura, o Fluminense não cumpre com suas obrigações, o programa sócio-torcedor não consegue decolar... Tudo isso porque a filosofia e a qualidade humana de administração são muito ruins. A ideia é que a Unimed seja mantida como parceira. Vamos reorganizar o planejamento do Fluminense. A ideia é que o Fluminense crie estrutura, construa o CT e com isso a gente consiga ser um parceiro forte ao lado da Unimed.
Pretende atrair novos investidores e patrocinadores ou a exclusividade com a Unimed continua?
A Unimed está investindo R$ 35 milhões no Fluminense, que é um dinheiro suficiente para cobrir todo o espaço do uniforme, exceto a fornecedora de material esportivo. O problema é a gerência no clube. A nossa prioridade é melhorar a relação com a Unimed e mudar consideravelmente a filosofia do Fluminense com renovação em termos de política e gestão.
Pergunta do internauta João Pedro Costa: qual tipo de investimento o senhor pretende fazer nas divisões de base? O que fazer para manter revelações da base no clube?
Parte do nosso futuro está em Xerém e merece um tratamento especial. Xerém está abandonado. Os atletas passam por dificuldades, e o Fluminense precisa mudar a administração de Xerém. A ideia é criar a agência tricolor, que serve para concorrer com o empresário quando houver proposta por um jogador. A ideia é constituir um fundo dedicado, onde vamos montar blocos de atletas onde teremos: um atleta promissor, dois com possibilidade de jogar no futebol profissional do Fluminense e jogadores que ainda são uma incógnita com relação ao futuro. A ideia é que a gente possa com isso dividir tanto a receita, quanto o risco.
Pergunta do internauta Márcio Machado (@2naturaldorio2): o Flu vai voltar a investir nos esportes olímpicos? Vai participar da criação/revitalização de ligas fortes para os esportes olímpicos?
Vários clubes hoje já trabalham com projetos incentivados. O projeto incentivo é um projeto em que a empresa destina 1% do que ela destinaria à União Federal, e a União Federal renuncia e repassa o projeto de incentivo ao esporte. São projetos que podem captar até 1% do imposto de renda de cada empresa e o x por cento também de pessoa física. E o Fluminense está bastante atrasado nisso. O Fluminense apresenta o projeto, mas tem dificuldade de captação. A ideia é modificar esse quadro, começar a depositar fundo de garantia, repassar o IR retido na fonte e cumprir as obrigações do contrato de trabalho com o empregado. Na maioria dos esportes o Fluminense é o primeiro do Rio nas divisões de base hoje. O Fluminense tem, por exemplo, seis atletas formados no vôlei que estão na Liga Nacional, mas não tem um time adulto para jogar a Liga. A ideia é trabalhar com o projeto incentivado para montar times de ponta.
Quais melhorias o senhor pretende fazer na sede social das Laranjeiras?
O projeto mais importante que temos na sede social é a recuperação e a transformação do Estádio das Laranjeiras num museu a céu aberto com a história não só do Fluminense, mas com a história do futebol do Rio. Com isso, o Fluminense poderia ser um ponto de visitação importante. Poderíamos incluir nisso um restaurante temático, onde a gente pudesse ter eventos do Fluminense. A gente poderia ter um teatro multimídia, ter um estacionamento que é uma demanda entre os sócios do clube e oferecer uma nova área de turismo no Rio. A ideia é modificar aquele visual do muro vermelho virado para a Pinheiro Machado, colocando a frente do clube virada para a Pinheiro Machado e modificando a linha visual da arquitetura do Fluminense.
Você se coloca como candidato de oposição, mas nomeou como vice-presidente geral Ricardo Martins, que há pouco pertencia à gestão atual. Há uma incoerência nisso?
Você tem que aproveitar o que o clube tem de melhor. O Fluminense tem um polo aquático muito forte, uma natação forte, um tiro muito forte. Além disso, em outros esportes o Fluminense está muito bem. O Fluminense tem no basquete atletas formados desempenhando um grande papel na NBB. O Fluminense precisa se organizar. Cabe a nós dar a possibilidade de estruturar o clube para criar novos atletas olímpicos. A equipe do Flávio Canto pertence ao Fluminense por um trabalho que fizemos. É um ícone do judô. É um dos poucos valores que a gente quer criar e um dos modelos que a gente está estruturando para melhorar o que o Fluminense já tem hoje em formação nas escolinhas.
Alguns nomes de dirigentes não são muito bem aceitos pela torcida. É o caso de Alcides Antunes, atual vice-presidente de futebol, e Tote Menezes. Pretende tê-los na sua gestão?
Faltam dois jogos para acabar o Brasileiro. Discutir hoje a posição do Alcides Antunes é uma situação que corre o risco de afetar as condições da administração e do próprio elenco, então acho que não é um assunto que deva ser tratado. Acho que a gente deve esperar acabar o Brasileiro. Agora, já temos os nomes para a vice-presidência de futebol e temos todo um planejamento que vamos trabalhar com a Unimed. Com relação ao Tote (Menezes), não há nenhum planejamento para que ele exerça cargo na nossa gestão.
O senhor acredita que possa haver fraude na eleição?
Quero crer que não. O que eu percebo é que o Fluminense está numa completa desorganização administrativa e que o sistema está frágil e existe um risco de erros nos sistemas, o que não quer dizer que isso signifique fraude. Não estou colocando uma suspeita de fraude, mas tenho clara noção de que o sistema está frágil e bagunçado. Tivemos um trabalho grande neste último mês para encontrar os problemas e apontá-los de modo que a gente possa chegar à eleição criando regras e soluções que consigam superar todos os problemas desse sistema e ainda assim ter uma eleição democrática, forte e transparente. Mas cabe ao clube tomar medidas nesta última semana que ele não tomou nos últimos anos. Ainda assim temos esperança de que as pessoas reflitam e tomem as medidas necessárias nesse dias que faltam para a eleição.
O projeto do senhor é para três ou seis anos?
O projeto do Fluminense não se resolve nem em três, nem em seis anos. O projeto precisa ser iniciado. Ele nunca foi iniciado. O Fluminense vem há anos jogando os problemas e as dívidas para baixo do tapete. A gente escuta bravata todo ano, que vai resolver as dívidas, mas nada se resolve. Primeiro, precisa de uma mudança de filosofia, de postura, de transparência, de pessoas. Feito isso, começa um novo projeto, que a longo prazo ultrapassa a minha gestão e que mesmo na minha gestão vai sendo desenvolvido passo a passo e vai sendo acompanhado. Certamente algumas metas não vão ser atingidas, o rumo terá que ser corrigido, mas o mais importante é que seja de uma forma transparente. O erros devem ser corrigidos, e não repetidos.
Por que o sócio deve eleger o senhor, no dia 30 de novembro, como o novo presidente do Fluminense?
Chegou a hora de a gente promover uma mudança profunda no Fluminense. Acho que o torcedor, o sócio, não tem mais dúvida: o Fluminense precisa mudar profundamente. Por isso, além de ser candidato em 2007, em 2008 eu pensava no que fazer para mudar. Pensamos na campanha Cidadania Tricolor para que o torcedor se tornasse sócio do Fluminense e também um cidadão que pudesse influenciar no futuro do clube, que pudesse cobrar do clube. É importante que o torcedor tenha a consciência da necessidade de se tornar sócio para gerar renda, mas também pelo motivo de se posicionar do ponto de vista político e de cobrança da instituição. Esse trabalho foi muito bem feito. Pelos menos entre 1.200 e 1.400 novos sócios ingressaram no quadro do clube, mostrando que um trabalho pequeno e simples alcançou tamanho sucesso. Podemos caminhar na direção do Inter, do Grêmio, do Santos e do Coritiba e certamente alcançar sucesso nisso. Além desse trabalho, fizemos também um trabalho de união entre as oposições do clube. Mostramos que, apesar de algumas diferenças em alguns temas e pessoais, o Fluminense está acima disso. Todos se envolveram num projeto comum. O esporte olímpico tomou a decisão de apoiar esse grupo e até a PetroFlu, bem como o doutor João Havelange, doutor Celso Barros, doutor Silvio Kelly... e muitas outras pessoas do futebol. Por isso estou aqui. Estamos esperando que no dia 30, você, sócio do Fluminense, compareça. Não podemos mais ter um clube mal cuidado. Compareça e vote: Chapa Novo Fluminense.
Perguntas de Julio Bueno a Peter Siemsen:
1- Candidato, o senhor faltou a cerca de 70% das reuniões a que deveria comparecer quando era vice-presidente jurídico do Fluminense. Entretanto, quando esteve presente, decidiu pela demissão, por abandono de emprego, do técnico Oswaldo de Oliveira e equipe. Tal decisão acarreta dívida de R$ 30 milhões para o clube. O que o senhor tem a dizer sobre esse assunto?
É mais um factoide criado pelo Horcades. Eu não contrato, nem demito. Não fui eu que contratei e não fui eu que demiti. Não fui que atrasei o salário e deixei de recolher impostos. Naquela época o futebol tinha um jurídico próprio separado do jurídico do clube. Então não passava nada em relação à demissão na estrutura do departamento jurídico do clube. Com relação ao Oswaldo de Oliveira, eu não tinha acesso às informações do contrato, apenas recebi do futebol a informação de que o Oswaldo recebeu uma proposta do Fluminense para rescisão do contrato e não teria feito uma contraproposta, e a orientação do RH era para que o Fluminense publicasse o abandono de emprego. E, como em qualquer empresa em que o funcionário não retorna às suas atividades, tomei a decisão de apoiar a publicação do abandono de emprego. O Oswaldo de Oliveira, quando ganhou a ação, teve uma condenação de dano moral a favor dele de R$ 75 mil pelo Fluminense ter publicado abandono de emprego. O Fluminense foi condenado a pagar milhões de salários atrasados e de fundo de garantia não depositado. Havia uma cláusula no contrato em que, quando houvesse o rompimento, dava a ele 100%, em vez de 50%. O clube ficou devedor de todo o valor vincendo do contrato por uma cláusula que foi mal elaborada. E isso foi somado a tudo o que o Fluminense não cumpriu de obrigação na verba rescisória trabalhista. Foi por essas e outras que eu fiquei somente um ano e cinco meses na vice-presidência jurídica do Fluminense, porque o clube não cumpria suas obrigações mínimas. O Fluminense não tinha um planejamento adequado de gestão.
2- Candidato, pouco antes do início do debate, o senhor entrou no estúdio e veio pessoalmente apertar minha mão e pedir desculpas pelos ataques feitos pela Flusocio - veículo oficial da sua campanha –, alegando que não tem nada a ver com o conteúdo da página. Diferentemente do senhor, eu sustento minhas posições tanto em âmbito público quanto particular. Por isso, publicamente, pergunto: caso seja eleito, não esbarraria em questões éticas e em conflitos de interesse o fato de o senhor e o escritório de sua família terem a Unimed como cliente enquanto ocupa a cadeira de presidente do Fluminense? Qual sua autonomia para negociar com o patrocinador?
Ao contrário de você (Julio Bueno), eu tenho uma postura correta, honesta e não fico atacando os outros criando factoides para enganar o torcedor de forma demagoga e sem respeito. Da minha parte, obviamente que o fato de o senhor ter problemas com o TCU não me interessa. A mim interessa o meu projeto e minha postura no Fluminense e todo o meu trabalho e luta para que o Fluminense dê ao funcionário e ao torcedor uma elevada autoestima. Essa é a minha luta. Quanto ao fato de eu ter uma relação, fico contente porque prova que a Unimed pode se relacionar num nível profissional de alto nível. Vale ressaltar que é um escritório de 40 sócios e 900 funcionários. Significa que é um escritório de muito sucesso que há 110 anos contribui com o estado e com o país. Com relação ao fato de a Unimed ser cliente, a CBF também é cliente e várias empresas no mercado que patrocinam diversos clubes são clientes. Empresas que apoiam o Fluminense em outras áreas também são clientes. E o Peter presidente do clube é o Peter lutando pela instituição. A gente espera um bom nível de relacionamento entre o Fluminense e todas as instituições para que o Fluminense, quem sabe, se torne o maior clube brasileiro.
3 - A Unimed, cooperativa presidida por Celso Barros, tem interesses econômicos em patrocinar o Fluminense e divulgar sua marca, o que é muito positivo para ambos. No entanto, o executivo responde a um conselho formado por outros médicos e administradores. Caso esse grupo decida futuramente retirar o patrocínio do clube, o que o senhor vai fazer? O senhor já conversa com outras empresas interessadas em patrocínio e tem um Plano B ou entende que o clube inexiste sem a Unimed?
O senhor demonstra mais uma vez não conhecer a situação da Unimed, do mercado e do Fluminense. O doutor Celso Barros foi eleito por mais quatro anos à frente da Unimed e temos um planejamento para os próximos três anos. O nosso foco é reestruturar o Fluminense para que o clube tenha condições de respirar sozinho porque o senhor e seus diretores levaram o Fluminense a essa situação em que ele depende de alguém como o doutor Celso Barros para ter sucesso. O Fluminense que eu gostaria é completamente diferente do que o seu grupo imagina. É um Fluminense que tenha divisões de base de ponta, que tenha um bom programa sócio-torcedor de nível internacional e que o clube volte a ser um dos líderes no esporte nacional. Nossa meta é diferente e hoje tenho um planejamento para os próximos três anos, portanto seria antiético da minha parte apresentar outra solução quebrando esse contrato. Se hoje nós estamos a dois jogos para sermos campeões brasileiros, boa parte disso é pela luta do doutor Celso Barros há 11 anos no Fluminense.
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Benê Lima